Capítulo 18.

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Por volta das quatro da tarde o trem chega na pequena cidade,apesar de não ter sido uma viagem cansativa depois daqui uma longa caminhada nos aguardava. Quando o transporte começa a frear David organiza sua mochila,sem pressa ele calmamente tirava aquilo que não iríamos precisar.

— Prontinho...

— Não vai deixar evidências que estivemos aqui,vai?. — Pergunto.

— Claro que não,só preciso achar uma lata de lixo. — Ele sorri.

— Trem está cada vez mais devagar.

— É,daqui a pouco vamos ter que pular. — O garoto olha para fora.

— Espero que isso seja uma brincadeira. — Forço um sorriso.

— Erick,se a gente for até a estação vão nos encontrar aqui,além disso o maquinista disse que sempre fiscalizam a mercadoria antes dele embarcar novamente. Lembra?...não podemos chamar atenção.

— Ainda acho uma ideia arriscada?. — Me aproximo da porta.

— O trem está lento e daqui para o chão não é alto. — Ele explica.

— É a morte nos chamando. — Faço uma expressão engraçada.

— Deixa de ser medroso Erick...um...

— David,isso não tem graça.

— Dois...

— Vamos morrer,sabia?.

— Três...

...fecho os olhos,mas nada acontece...

De repente,quando menos espero,ele agarra o meu braço me obrigado a pular junto. Ao abrir os olhos tudo soou como se estivesse em câmera lenta,o chão estava logo ali...

...imediatamente sinto meu corpo flutuar sob o asfalto,a sensação dava um imenso frio na barriga,David segurava firmemente a minha mão e sorria diante do meu susto. Delicadamente fomos descendo até apoiarmos o pé no chão,felizmente mais ninguém viu aquilo.

— Eh... — Tento dizer algo.

— Seu bobo,eu controlo a gravidade das coisas. — Ele sorri — É claro que não ia deixar a gente cair.

— Mas...

— Eu devia ter avisado antes,desculpe.

— Sem problema,é que isso me pegou de surpresa.

— Ótimo. — David começa a andar — Me lembre de treinarmos o seu poder mais tarde.

— Treinar?. — Lhe acompanho.

— Se quer ter controle absoluto precisa sim.

— E você tem?. — O encaro.

...David fica em silêncio por um momento...

— Se não tivesse iríamos cair de cara no chão. — Ele fala em seguida.

— É verdade.

— Pensa bem Erick,quais outras coisas você é capaz de fazer? não está curioso?.

— Acho que sim...

Talvez eu não tenha dado muita atenção para mim mesmo e David tinha razão,se quero ter controle preciso me aprofundar nesse estranho poder...

...

Logo começamos a andar,o GPS em meu celular mostrou a direção certa para Penhascos-Altos,e sim,tinha muito chão para percorrer. Como nós não éramos daquela região algumas pessoas encaravam a gente,claro,se eu fosse um adulto e visse dois garotos andando sem rumo em uma cidade pequena talvez faria o mesmo.

Depois de quase uma hora caminhando David e eu decidimos parar um pouco,mas continuamos em seguida. Antes de sairmos da cidade entramos em um estabelecimento para usar o banheiro e lavar o rosto...depois disso mais caminhada.

...fora da cidade tudo se resumia em árvores altas e estrada deserta...

— Aí vem um...se prepara. — David sinaliza com a mão.

...o veículo passa direto por nós...

— Eu não acredito. — Ele se altera — "Ajude o próximo" foi o que Jesus Cristo disse.

— É melhor desistir,ninguém vai nos dar carona. — Começo a rir — ...eu também não pararia.

— Você prefere andar até Penhascos-Altos?.

— Já estamos andando David.

— Bom,pelos menos eu tentei.

— Olha,daqui a pouco vai escurecer,acho melhor procurarmos um lugar para acampar — Sugiro.

— Tem uma trilha ali,podemos adentrar no bosque por ela.

Com cuidado fomos caminhando pela tal trilha,confesso que me arrependi um pouco de ter aceitado essa ideia de acamparmos no bosque,mas já era tarde para voltar atrás. O vento nas folhas,o barulho dos pássaros,aquele ar puro...é,talvez não fosse tão ruim assim,eu só me sentiria mais seguro se a gente achasse o lugar ideal.

A trilha nos levou até a beira de um belo riacho e consequentemente logo achamos um lugar para passar a noite. Duas pedras grandes formavam uma espécie de esconderijo e sem perder tempo David começa a montar a barraca.

— Esse lugar é perfeito. — Ele comenta.

— É,você quer ajuda?.

— Na verdade eu preciso que você busque madeira para a fogueira.

— Tem um tronco ali no chão,acho que serve,mas teríamos que corta-lo. — Comento.

— Simples,use seus poderes.

— David,eu não acho que...

— Então arranje um machado e perca seu tempo cortando como um lenhador. — Ele me encara.

— Ok,eu entendi.

...ergo minha mão sob o tronco de madeira,mas nada acontece...

— Você precisa se concentrar. — David vem até mim — Não basta apenas ergue a mão,você tem que sentir o poder de dentro.

— Eu não sei como fiz naquele momento.

— Respira fundo e mentaliza.

Com calma faço o que ele pede,logo minha mão começa a brilhar,estranho a sensação de formigamento,mas persisto. Um raio branco vai em direção ao troco lhe destruindo completamente...

— Viu?...agora temos lenha. — David se empolga.

— Isso foi incrível. — Me impressiono

— Aqui....vamos testar a sua pontaria.

Três pedras pequenas começam a flutuar diante de mim,David às movimentava freneticamente para deixar o desafio ainda mais difícil. O primeiro disparo erro,o segundo quase atinge um pássaro e o terceiro se foi em direção ao céu.

...e depois de várias tentativas consigo acerta-las...

— E o vaga-lume é o campeão do tiro ao alvo. — Comemoro.

— Certo vaga-lume,agora me ajuda com a fogueira...depois treinamos mais.

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(Continua No Próximo Capítulo)

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