...e partir daquele momento um diálogo agradável e divertido se inicia entre nós. O tempo foi passando e a gente continuava conversando,eu tinha acabado de fazer um amigo e isso era incrível,principalmente quando temos tanto em comum.
— ...faz um tempão que não assisto isso. — Diz ele entre gargalhadas — Nem sei como deve estar agora.
— O diretor foi trocado então ficou uma porcaria. — Respondo.
— Era uma boa série,pena que teve um desfecho tão precário.
— Pois é... — Solto um suspiro — Desculpa mudar de assunto tão rápido mas,como era no orfanato?.
— Não era tão ruim assim. — Por um momento David encara o vazio — Eu até fiz alguns amigos,os cuidadores eram pessoas legais,mas a grande verdade é que quando uma criança órfã adquire uma certa idade sua chance de adoção diminui. De todos eu fui aquele que não conseguia ser adotado,quando fiz treze anos tive certeza que ninguém viria.
— Eu sinto muito.
— Tudo bem. — Ele força um sorriso — Como o orfanato cuidava apenas de crianças eu fui transferido para o abrigo que recolhia jovens desamparados. Com quinze anos meus poderes começaram a se manifestar,eu tive que fugir,mas era arriscado então fiquei um ano bolando a fulga perfeita.
— E durante esse tempo ninguém apareceu?...
— Erick,eu fui abandonado quando era um bebê...se tenho uma família eles não sabem onde estou.
— Mas você nunca quis procura-los?.
— Não,essa fantasia de querer encontrá-los acabou e também não me importa se estão vivos ou mortos...eu tomo conta de mim mesmo.
— Então você tem algum plano? ou pretende continuar aqui para sempre?. — Questiono.
— Eu só estou cansado Erick,cansado de tudo.
— Talvez nem tudo esteja perdido. — Mostro positividade.
— É bom poder conversar com outra pessoa. — Ele volta a sorrir — Obrigado...é agora que a gente une nossos dons e viramos super-heróis?.
...seu comentário me fez rir bastante...
— Eles vão nos capturar para estudar nossos miolos,isso sim. — Falo — Você acha que existem pessoas como nós?.
— Você foi o primeiro.
— Os terremotos soam bastante naturais para mim. — Sussurro.
— O que você disse?.
— Os terremotos,você acha que pode ser possível alguém controla-los?.
— Bom...
— Claro que não,seria um dom destrutivo,que utilidade teria?. — Faço uma expressão pensativa.
— Os terremotos me assustam,mas está tudo calmo ultimamente,espero que fique assim.
...ao olhar para a janela noto que estava escurecendo,eu realmente precisava ir...
— Adorei nossa conversa. — Me levanto — Mas se eu não for agora nem sei o que pode acontecer.
— Tudo bem. — David me acompanha até a saída.
— Se meus avós não fossem tão controladores eu te convidava para dormir em minha casa.
— Obrigado,mas eu tenho tudo que preciso.
— Ok,eu não vou força...até depois David.
— Até...
...
Ao sair da residência abandonada tenho um sorriso bobo no rosto,é uma pena a gente não poder sair,aposto que ele iria adorar conhecer meus amigos. Enquanto eu andava pela calçada vejo Nelson e Cecília pelo caminho,os dois parecem surpresos quando me encontram.
— Erick,achei que estivesse doente. — Cecília comenta — Íris disse que você não estava nada bem.
— Na verdade eu estou me sentindo bem melhor. — Sorrio.
— Nós acabamos de passar na sua casa,mas você não estava lá. — Diz Nelson.
— Só estou passeando,tomando um pouco de ar.
— Mas seu avô disse que você foi visitar um amigo. — Cecília cruza os braços.
— Quanta desconfiança. — Faço uma expressão engraçada — Sim,eu realmente fui visitar um amigo.
— A gente conhece?. — Nelson se anima — É alguém da escola?.
...eu tinha que contornar a situação antes que minha boca grande revelasse o que não devia...
— Sabem,eu não tenho estado muito com vocês ultimamente. — Começo a falar — Que tal a gente ir dar uma volta no shopping amanhã?.
— É,boa ideia,faz tempo que a gente não sai. — Nelson responde.
— Pode ser. — Cecília movimenta os ombros.
— Eu falo com a Íris quando chegar em casa...tchau pessoal,depois mando uma mensagem pra vocês marcando o horário.
Foi fácil,eles não fizeram mais perguntas e tudo estava calmo por enquanto,logo agora que tenho tantos segredos para tomar conta. Assim que chego em frente a casa meus avós estavam prestes a sair,só espero que não seja para me procurar pois isso seria meio...problemático.
— A onde vão?. — Pergunto.
— Visitar a Margareth. — Minha avó responde — Hoje é o aniversário dela,você quer ir com a gente?.
— Pelo amor de Deus Judith,só vai ter gente velha nessa festa. — Meu avô solta um suspiro.
— Eu não me importaria,mas vou ter que recusar.
— Ótimo,sobra mais salgadinhos então. — Ela sorri. — Seus amigos vieram aqui.
— É,eu me encontrei com eles pelo caminho...enfim...divirtam-se na festa da terceira idade. — Entro em casa.
Respirando aliviado vou direto ao meu quarto,eu iria ligar para Íris pois fiquei o dia todo sem dar notícias,a coitadinha mora longe e deve estar preocupada. Tudo bem que provavelmente ela vá me xingar e acusar de negligência,mas isso faz parte da nossa amizade.
...depois de alguns segundos esperando ela atende minha ligação...
— Seu...
— Vai com calma garota. — Lhe interrompo.
— E eu aqui me preocupando,você não viu minhas mensagens?.
— Não...
— É sério Erick,eu fiquei preocupada. — Ela solta um suspiro — Você raramente fica doendo e essa febre veio assim do nada?.
— Pois é...sinistro,mas eu tô bem agora.
— Que bom...
— ...vamos ao shopping amanhã?...Nelson e Cecília aceitaram então...
— Shopping?. — Íris se entusiasma — Claro que sim,mas você me deve um lanche completo
— Um sorvete e não se fala mais nisso.
— Certo Erick,você venceu.
— Até amanhã.
— Eu ainda não terminei de te xingar.
— Tchau Íris. — Finalizo a ligação.
...bom,ao menos eu pude recuperar um pouco o laço de amizade com meus amigos...
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(Continua No Próximo Capítulo)
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O Caminho Para As Estrelas
ПриключенияDois jovens,unidos por um acaso,resolvem trilhar o mesmo objetivo. A trajetória até o caminho para as estrelas é desafiadora e cheia de barreiras,apenas a confiança um no outro é capaz de lhes tirar dos perigos dessa longa jornada. (A história está...