Capítulo 13: Máscaras no Chão.

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"Grandes descobertas levam a verdades surpreendentes, e o resultado final pode ser o inesperado."

                 - Wesley Miller.

• Por Theo Raeken:

Quando chegamos ao hotel, todos os quartos foram sendo divididos entre os jogadores em duplas. Liam ficou no mesmo quarto que Nolan e eu no mesmo que o Brett. A verdade é que não estou nervoso com o jogo ou algo do tipo relacionado à ele e sim da minha decisão de contar a verdade ao Liam no caminho pra cá. Contar à ele o verdadeiro motivo do meu afastamento pode nos levar a um dilema onde Liam vai se culpar e sentir pena de mim, e se tem uma coisa que aprendi a ter ódio nesses meses foi a pena alheia. Faz com que eu me sinta incapaz de decidir coisas sobre a minha própria vida e me leva de volta ao tempo que não decidia nada por mim.

Depois dos jogadores e o treinador estarem em seus devidos quartos, fomos dormir, visto que chegamos às 23h e o jogo seria as 8h. Tínhamos que ter um bom descanso.

Fechei os olhos, indo dormir, ou tentar, pois a agonia no meu coração parecia aumentar somente ao imaginar a forma como Liam irá me encarar depois de contar que o pai dele abusou de mim...Contar que todos os dias eu era...

Porque estou sentindo falta de ar? Porque de repente essa tontura? Isso...Oh merda...

Ao constar o que estava acontecendo comigo, rapidamente abri os olhos sentindo a agonia crescer cada vez mais dentro de mim. Os meus sentidos estão bagunçados, o meu coração ecoa nos meus ouvidos. Tudo que se passava pela minha cabeça era a mórbida e cruel lembrança dele entrando em mim, que veio como um tiro de bazuca, acertando em cheio o alvo, que no caso sou eu. Ele se deliciando com a minha dor, entrando de forma doentia, sentindo tesão em meus gritos por socorro. Os beijos babados deixados no meu rosto, as marcas de arranhões feitas por ele na minha coxa. Consigo até ter a sensação da sua respiração no meu rosto. Tudo aquilo aliado a dor no meu peito, me induzam ao surto total. Meu auto-controle sobre o corpo foi perdido, e por isso sei que posso estar chorando.

O que faço pra isso parar?

_ Theo, o que foi? - ouvi a voz de Brett próxima a mim. - Theo, o que você tem?

_ Pânico... - balbuciei, ofegante. - Ataque...

_ Caralho! - xingou. - O que posso fazer para ajudar?

_ Não... S-sei... - eu tinha dificuldade para responder. Fora que tinha uma séria dúvida se aquele meu "diálogo" com Brett era real. Ataques de pânico podem desligar a pessoa da realidade e mandá-la para uma totalmente diferente. É como se o cérebro fosse para outro lugar e o corpo não.

_ Prende a respiração. Tenta! - a voz de Brett parecia desperada. Neguei com a cabeça após tentar prender minha respiração. - Você consegue, Raeken! Não jogou a toalha antes, e não vai ser agora que começará a fazer!

_ Não consigo, Brett! - reuni forças para retrucar, e mesmo num tom de desespero, eu consegui. - Brett, eu vou morrer...

_ Não vai! Pensa em alguém especial para você. É isso que falta, uma motivação para se concentrar. - Brett parecia ter sido iluminado por uma solução. - Pensa no meu irmão; pense no Liam!

_ O que? Porque Liam?

_ Porque ele é especial pra você. Você fez várias coisas por ele, não? - Brett respondeu, colocando muita convicção em suas palavras.

Ele está certo, pensei, Liam é alguém que eu amo muito!

Graças ao que Brett disse, consegui me concentrar e prender a respiração somente ao lembrar do meu melhor amigo sorrindo. Precisava disso, apenas me lembrar do Liam, dos momentos felizes que tivemos antes e temos agora, dos olhos azuis tão profundos e expressivos. Olhos de alguém que não consegue esconder o que sente, as íris azuladas do garoto que sempre quis o meu melhor.

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