verdade • 02

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Pov Gizelly Bicalho

Uma semana depois...

Uma semana desde que beije Rafa e meu mundo parou, mas eu não parei de pensar nela. Tudo parece ter se intensificado dentro de mim, meus sentimentos, minhas expectativas...
Encarar o Talles depois de ter "traído" ele, me faz ter o maior sentimento de culpa existente. Ele é um amor e não merece o que fiz. Pensar em dizer? Já fiz isso. Já pensei, analisei... A situação só ficaria pior. Não vai mais acontecer, então eu só preciso esquecer.
- amor, estão te ligando. - da sala, meu namorado me avisa. Vou em busca do  celular no outro cômodo. Manu!
- alô! - falo, assim que atendo.
- tichelaaa! - a menor diz, com alegria e animação.
- como você está? - pergunto, caminhando de volta para a cozinha.
- estou bem. E você? - responde.
- bem. - me apoio no balcão da pia.
- você sabe que eu nunca ligo sem pretexto. - depois de uma pausa de segundos, ela continua: - é sobre a Rafa. - diz por fim.
- o que houve? - me preocupo.
- você ainda está no Rio?
- não. Eu vim no dia seguinte. Pois? - a preocupação só aumenta.
- você ficou muito tempo depois que eu saí? - ele parece saber de algo e não quer me contar.
- sim. - limito-me em responder. Talles me olhou algumas vezes já.
- porque a Rafa está estranha. Falei com ela e não quis me contar. Você sabe de algo? - Manoela acha que sou besta.
- não, Manuzinha. - minto.
- que pena. Queria saber para poder ajudar ela. - se faz de sonsa.
- eu também. - me faço ainda mais.
- vou deixar você fazer suas coisas. Não quero te atrapalhar. - diz, sorrindo leve.
- você não atrapalha. - confesso.
- quando vir para cá, já sabe: vinho no tapete. - me lembra desse evento.
- pode deixar. Te amo e se cuida. - falo a última palavra em ordem, igual mãe.
- pode deixar, mãe. - ela entra na brincadeira. - te amo, amiga. - se despede.
- também. - sorrio e desligo.
- quem era? - Talles logo me pergunta.
- Manu Gavassi. - respondo, largando o celular no balcão.

Pov Rafa Kalimann

- Maria Manoela, não é nada. - digo pela trigésima vez.
- duvido. - diz, me fazendo revirar os olhos.
- eu já falei. Não é nada. - respondo novamente.
- não acredito em você. - não dá.
- o que você acha que tem de errado? - pergunto.
- o assunto "Gizelly" só falta fazer você cair para trás. - diz, como se fosse óbvio.
- não é para tanto. Eu estou normal com a Gi. - minto.
- tão normal igual eu. - fala, irônica.
- acredita em mim, não aconteceu nada. - tento convencê-la.
- você e a Tichela não tem jeito. Nenhuma me diz nada. - fala. Meu coração acelera.
- você falou com ela? - pergunto, parando de digitar em meu notebook.
- sim. Algum problema? - usa seu tom irônico.
- não, nenhum. - me faço de atriz. - ela te disse o que exatamente? - pergunto, curiosa.
- nada. Igual você. - diz, desapontada.
- é porque não tem nada para falar. - obviamente tem e tem muito.
- vocês duas me pagam! - se finge de brava.
- vai dormir, pequinês! - brinco e sorrio pelo apelido que demos para ela.
- eu juro. - me responde, indignada.
- boa noite, Maria Manoela. - me despeço.
- boa noite, Rafaela. - odeio quando me chamam de "Rafaela", mesmo sendo meu nome. Sorrio, já que é só o que me resta.

3 semanas depois...

Hoje tive papo com o eliminado. Natália saiu, como já era esperado. Ela é uma pessoa do bem e merece muito sucesso.
- Rafa. - meu coração acelera. Me viro no susto e dou de cara com Gizelly.
- Gi?! - falo, surpresa.
- podemos conversar? - seu tom é sério.
- agora? - olho no relógio; 1h da manhã.
- se você não se importar. - espera minha resposta.
- ok. - afirmo, dando passagem para ela entrar no apartamento.
- obrigada. - entra.
- o que você quer conversar? - tudo está muito estranho, principalmente pela hora.
- quero me desculpar pelo o que aconteceu na última vez que nos vimos. - diz, parada ao centro da sala.
- tudo bem. - finjo desinteresse.
- Rafa, não finge que não liga. - fala.
- está tudo bem, Gizelly. - minto novamente.
- não está. Você não me ligou mais, nós nos afastamos e eu só sei de você pela Manu. - diz, sem pausar.
- você me magoou. Brincou com meus sentimentos. Eu estava pronta para você, mas agora... - retiro meu salto enquanto falo.
- desculpa. - fala, sincera. - Mas, você tem que entender que naquele dia era errado. Eu estava com o Talles. - explica.
- estava? No passado? - o que eu deveria ter pensado, minha boca idiota falou.
- eu não consegui parar de pensar em você, Rafaela. - aproxima-se. Engulo seco. - eu acabei contando tudo para ele. - confessa. Meu coração deve estar batendo mais forte do que nunca.
- eu também não parei de pensar em você. - confesso também, me entregando ao momento.
- o que você fez comigo? - ela me observa, como se estivesse procurando respostas.
- não sei. - sorrio.
- você desgramou minha vida. - começo a rir, espontaneamente.
- Gizelly! - minha barriga dói de tanto sorrir.
- que? - ela sorri também. Essa foi a risada mais espontânea que eu tive em semanas.
- qual seu problema, ein? - mudo meu tom de voz, ainda me recuperando.
- meu problema? - diz, confusa.
- você chega, 1h da manhã, entra na minha casa e faz um monólogo. Quer que eu aceite suas desculpas? Ótimo. Eu aceito. Só não posso mais viver com essa nossa confusão. - desando a falar.
- quer deixar de confusão e ser certeza? - aproxima-se ainda mais. Fico confusa.
- o que?
- quer viver a certeza do meu lado? - propõe, pegando em minha mão.
- está me pedindo em namoro? - está mesmo acontecendo?
- se você aceitar, sim. - brinca.
- como eu vou saber que você não vai me largar daqui uma semana? - argumento.
- por que eu não largaria a mulher que sou apaixonada em uma semana.- responde. Ok, a mulher mais incrível é ela.
- sendo assim, eu aceito. - dou minha resposta. Os olhos dela brilham e os meus se enchem de água. Nossas bocas se juntam, nossos corações se sincronizam. É o perfeito ato de amar.
- sou a mulher mais feliz do mundo. - diz, com os lábios próximos aos meus.
- eu tenho tanta sorte. - sussurro, enquanto seguro seu rosto em minhas mãos. Ela sorri lindamente. - quem que liberou você para subir? - pergunto.
- Manu veio aqui e o porteiro liberou nossa subida. Ela foi embora e me deixou te esperando. - explica.
- essa Manoela! - balanço a cabeça em negação.
- não fica chateada com a nossa filha. - brinca, me fazendo sorrir.
- eu não vou. Tenho que agradecer ela, isso sim. - beijo seus lábios novamente, aproveitando cada segundo.
- você já jantou? - pergunta.
- ainda não. Não tive tempo. - explico.
- posso fazer algo para você rapidinho e depois vou embora. - sugere.
- não! - meu tom é sério.
- desculpa. Cedo demais, né? - fala, sem jeito.
- não, você não vai embora. - minha expressão de séria passa para sapeca.
- você é uma idiota, sabia? - ela me bate no braço.
- desculpa. - dou um selinho nela.
- pode ser um omelete com queijo? - sugere.
- ótimo! - digo, animada. - eu vou tomar um banho rápido e já desço. - aviso.
- ok. Eu vou preparando para você. - ela, carinhosamente, me beija.
- eu vou me acostumar com você me beijando sempre. - falo, manhosa.
- é para acostumar mesmo. - voz séria. Ela é minha perdição.
- é melhor eu ir tomar banho. - sorrio. Ela me solta.

Pov Gizelly Bicalho

Como que eu arranjei coragem para fazer isso? Manuela Gavassi me empurrou e eu segui o fluxo.
A culpa por ter traído Talles me assolou e eu não consegui mais esconder dele o que tinha feito. E, eu não consegui parar de pensar na Rafa também. Dormia e acordava pensando nela. Era injusto com ele, e principal conosco.
- o cheirinho está ótimo! - voz angelical, mas marcante da Deusa mais linda do mundo preenche a cozinha. Seus braços envolvem minha cintura e sua boca beija delicadamente meu pescoço. Seu perfume invade minhas narinas e me faz querer somente ficar abraçada à ela.
- obrigada! - agradeço depois de retomar a consciência.
- quando que você veio para o Rio? - pergunta, saindo do encaixe perfeito dos nossos corpos.
- hoje. - coloco o omelete no prato.
- hoje?! - diz, chocada.
- pois é. - sorrio e coloco o prato na mesa.
- você é louca. - ela sorri, sem acreditar.
- por você? - brinco.
- você é? - atiça.
- sou. - respondo, sendo sincera. Trocamos um selinho.
- sair do Espírito do Santo e despencar no Rio é uma loucura. - ela realmente não parece acreditar.
- nem eu acredito que fiz isso. - sinceramente, eu só posso ser louca.
- sou apaixonada por você, Gizelly. - ouvir Rafa dizer essas palavras, já valem todo o esforço que eu fiz.
- eu sou completamente apaixonada por você, Rafaela. - aproximo nossos rostos. Os olhos dela são ainda mais lindos pessoalmente. Novamente juntamos nossos lábios, calmamente e aproveitando cada sensação.

20min depois...

Nunca achei que o dia terminaria com eu deitada na cama de Rafa Kalimann e ela acariciando meu braço, enquanto estamos deitadas de conchinha. Nem nos sonhos que eu tive ou nas possibilidades que eu imaginei durante o vôo para cá, poderiam ser tão boas.
- boa noite, amor. - beija meu pescoço. Meu corpo arrepia-se.
- boa noite, amor. - respondo, beijando sua mão.
Assim, deitadas e mesclando nossos corações em uma única batida, adormecemos.

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Estou simplesmente abismada com a repercussão da fic. Muito obrigada pelo carinho, pelos votos... fico feliz demais.

E vamos comentar do segundo capítulo:

• Girafa acontecendo.
• elas bem boiolas.
• Manu Gavassi fazendo tudo.
• tudo muito calmo, né?

Se cuidem e beijos da autora 🧡

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