meu irmão • 07

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Pov Rafa Kalimann

- oi, mãe! Estou bem, sim. - digo, ao atender o telefone.
- ele não tinha o direito de fazer isso! - fala, frustada.
- mas fez. - jogo meu corpo no colchão da cama do hotel.
- eu vou falar com ele. - determinada, sua voz tenta passar confiança.
- não adianta. Não agora. - respondo, conformada. Silêncio na ligação. - é melhor eu ir dormir. - digo, fitando o teto.
- ok, filha. Nos falamos melhor amanhã. - se despede.
- tá bom. Te amo. - faço o mesmo.
- te amo. - desligamos a ligação sincronizadas.
O sentimento de angústia me assola. As palavras de Renato me machucaram, muito.

Uma hora antes...

- estou namorando a Gizelly! - digo, sem anestesia. Um silêncio se forma.
Meu Deus...
- o que? - Renato diz, segundos depois.
- eu e a Gizelly estamos namorando. - falo, firmemente.
- eu já ouvi. - diz. - como assim, Rafaela? - pergunta, sem entender muito bem.
- eu gosto dela, ela gosta de mim. - explico, sendo óbvia.
- desde quando você gosta de mulher?- indaga, me encarando.
- eu gosto da Gi desde o BBB. - conto.
- mas você ficou com o cara lá e agora vem com essa? - gesticula, inconformado.
- com essa? - pergunto, não entendendo a colocação dele.
- sim. Com essa mudança repentina. - explica.
- não é uma mudança repentina. É simplesmente eu assumindo que estou feliz com a Gi! - aumento o tom de voz, suficiente para ele ficar mais nervoso. Todo mundo está nervoso, na verdade.
- eu achei que essa mulher era apenas sua amiga. - diz, passando a mão no cabelo.
- ela era. - tento não perder a razão.
- Rafaella, você sempre gostou de homens e agora vem com essa bobagem. Você só está experimentando, né? É isso! - fala, achando que entendeu a situação.
- não, Renato. Não é isso! O que eu sinto pela Gizelly é verdadeiro. Não é uma experimentação. - me aproximo dele. - ou você aceita isso ou eu nunca mais olho na sua cara. - dou o aviso.
- então pode ir embora dessa casa. - fala, me encarando no fundo dos meus olhos. Apenas concordo. Olho para Marcella, intacta. Minha mãe possui a mesma reação. Sophia olha sem entender nada. Ando até a mala que deixei na sala e saio porta a fora. Ouço minha mãe me chamar.
- Rafa, filha! - me viro, antes de sair da prioridade. - fica, por favor. Vamos resolver isso como adultos. - pede.
- eu vou embora, mãe. - falo. - amanhã conversamos melhor eu e a senhora. - explico.
- você vai dormir onde? - pergunta, preocupada.
- vou para um hotel. Não precisa se preocupar. - tranquilizo-a. Abro o portão e saio.

Presente...

- oi, amor... - minha voz não é lá a mais animada.
- o que foi? Está tudo bem? - a voz preocupada dela preenche a ligação.
- meu irmão. - digo, segurando o choro.
- o que tem? O que ele fez? - da ênfase no fez. Gizelly entende muita coisa somente pelo tom de voz e contexto.
- ele não aceitou. - o choro embargado sai.
- meu amor... - sua voz doce, calma e acolhedora tenta me abraçar mesmo a distância.
- ele disse coisas horríveis e me expulsou. - falo, com a voz entrecortada.
- não acredito! - diz, incrédula.
- nem eu. - respiro fundo, fungando e secando as lágrimas.
- ele não pode te expulsar da própria casa. - fala.
- eu prefiro sair do que ficar respirando o mesmo ar que aquele homofóbico. - desabafo, me sentando na cama.
- você fez bem. - concorda. - está aonde agora? - pergunta.
- em um hotel. - conto.
- pega um avião e vem para Vitória. - ordena.
- queria que fosse fácil assim. - respondo, soltando um sorriso leve.
- mas é! Vem, Rafaella. Estou falando sério! - fala. Sua voz é realmente seria.
- não posso sair assim. - confesso.
- sem falar com a sua mãe, né? - sugere.
- preciso conversar com ela. - concordo.
- você está certa. - diz. Ficamos em silêncio por alguns segundos. - estou orgulhosa de você. - fala.
- é? - digo, sorrindo um pouco.
- sim. Você superou muito hoje me assumindo. - diz. Ouço um leve sorriso dela, aqueles que saem pelo nariz.
- eu também estou orgulhosa de mim, apesar de tudo. - confesso.
- te amo, Rafaella. - diz. Meu coração sempre vai acelerar quando ouvir isso vindo dela.
- te amo, Gizelly. Muito. - retribuo, sincera. - vou tomar banho e esfriar a cabeça. - digo, me levantando.
- posso tomar com você? - fala, dissimulada.
- Gizelly! - a repreendo.
- desculpa. - diz, sorrindo sapeca.
- queria que você estivesse aqui. - confesso minha vontade.
- eu também... - sua voz pesa.
- está tudo bem? - pergunto.
- só uns problemas no trabalho. - explica.
- tem certeza? - forço um pouco.
- sim. Não precisa se preocupar. - fala.- manda foto no banho. - diz, me fazendo cair na gargalhada.
- Não vou te mandar foto no banho. Se quiser, vai ter que vir aqui ver e tocar pessoalmente. - falo, atiçando.
- vai tomar, Rafaella! - sua voz é brava.
- tô indo. - caminho até o banheiro para ver como é. - te ligo depois. - aviso.
- ok. Tô esperando a foto. - antes que eu possa responder, ela desliga. Sorrio para o nada, somente por ouvir a voz de Gizelly. Incrível como ela me acalma.


Pov Gizelly Bicalho

Dia seguinte...

- Gi, ele descobriu. - Tais me conta.
- o que? Quem? - pergunto, sem entender nada.
- o Talles. Ele descobriu sobre você e a Rafa. - fala.
- merda! - exclamo. Ainda não contei nem para a minha família, a Rafa acabou de contar para a dela. O meu ex descobrir antes deles não era meu plano perfeito. - como? - pergunto.
- não faço ideia. - diz.
- como que você sabe disso? - indago. Nada está fazendo sentido por enquanto.
- ele me contou agora, quando eu estava subindo. - conta.
- desgraçado! - exclamo novamente. - e se ele vazar isso? - levanto, nervosa.
- não pensa nisso. - Tais tenta me tranquilizar.
- difícil. - respondo. Paro de andar.
- o que eu vou fazer? - indago, mais para mim mesma do que para minha amiga.
- neutralizar a ameça. - responde.
- você quer que eu mate ele? - pergunto, chocada.
- claro que não, Gizelly! - diz, irritada.- ele só tem isso. Se vocês assumirem, a ameça já era. - explica. Faz sentido. Se eu não estivesse tão nervosa, teria pensado nisso antes.
- você tem razão. - concordo.
- a Rafa já assumiu para a família dela, certo? - pergunta.
- ontem. - respondo.
- só falta você assumir para dona Márcia. - dá a ideia.
- para ela e para o mundo. - completo.
- uma parte de cada vez. - diz. Respiro fundo. - você vai para Iúna hoje mesmo. - fala, determinada.
- minha mãe tá lá? - pergunto, desatualizada.
- ela foi ficar com a sua vó. - conta.
- ah! - concordo.
- eu cuido das suas coisas aqui. Seus trabalhos, tudo. Vai fazer isso de uma vez! - diz, quase me empurrando porta a fora.
- eu tenho uma reunião hoje. Não posso desmarcar. - explico.
- então você vai depois que acabar. - ordena.
- ok! - respondo, com medo dela.

Jesus...




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Olha quem voltou! Desculpa a demora, mas tá aqui!

• sobre o capítulo:
• Sem revisão;
• Rafa sofrendo com o irmão;
• Gizelly sofrendo com o Talles;
• Tais fazendo tudo;

O que será que vem no próximo?

Se cuidem e beijos da autora 🧡

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