Minha Secretária Cristã

18 - Capítulo ( Revisado)

                            Ester

Uma semana depois do baile que teve na empresa, tudo ficou tão calmo que sinto como se a qualquer hora fosse acontecer algo.

Me jogo na cama, cansada de arrumar minhas duas malas, que estão tão cheias que quase não consegui fechá-las.

O que será que o Alexandre está querendo fazer? Depois de tanto tempo sumido, ele aparece justo agora que a Laura está melhor, fazendo-a voltar a ter lembranças daquela noite triste.

Sou despertada dos meus pensamentos pelo toque do celular. Pego o aparelho e vejo que é meu irmão me ligando.

— Oi, irmão! Quanto tempo. — Digo, sorrindo.

— Desculpe a demora para ligar. Esses dias, estive ocupado com o trabalho e cuidando da Vitória e das crianças. — Ele diz com a voz rouca.

— Você está bem? — Pergunto, preocupada.

— Só um pouco cansado. Você sabe como as crianças são animadas, e desta vez estou tomando o devido cuidado com a gravidez da Vi. — Ele disse com um tom de voz que demonstrava um pouco da culpa que sentia por a esposa quase ter tido um aborto quando estava grávida da segunda filha deles.

— Você sabe que nada do que aconteceu foi sua culpa. Não tinha como você prever o que aconteceria. — Digo, tentando consolá-lo.

— Se eu tivesse passado mais tempo com ela, como ela me pedia, isso não teria acontecido. — Ele responde, triste.

— Não tente carregar um fardo maior do que pode carregar. Por isso Jesus nos disse para deixar que Ele cuidaria de tudo por nós. Você pode ver que Ele não deixou que Isabela morresse, mas fez dela uma guerreira desde bebê, que lutou bravamente por sua vida. — Respondo, tentando animá-lo.

— Verdade, Deus é bom! — Ele disse, suspirando. — Enfim, quando você vem nos visitar? As crianças estão com saudades da tia delas.

— Creio que não vai demorar muito. — Respondo, animada, porque também estou com saudades da minha família.

— Assim espero. Acredita que a Vitória me fez sair às duas e quarenta da madrugada para comprar churrasco? Pensei que esse seria o primeiro pedido normal que ela faria, mas me enganei. Quando cheguei em casa, ela pegou o churrasco e começou a comer com ketchup. — Ele disse, me fazendo imaginar essa combinação. Não foi uma imagem muito agradável.

Será que quando for minha vez de estar grávida, vou ser assim? Não sei por que estou pensando nisso, ainda nem namorado tenho.

— Com certeza, você será pior. Mas não se preocupe, na hora certa vai acontecer. — Estevão disse, me fazendo corar por eu ter falado em voz alta.

— Ester, anda logo! O ônibus chega para nos buscar em dez minutos! — Laura disse em tom alto, ela já deve ter terminado de arrumar suas malas.

— Tenho que desligar agora, o ônibus está quase chegando. — Digo enquanto fecho a janela do meu quarto.

— Tudo bem, se cuida! — Ele responde, e logo em seguida ouço uma batida, e ele acaba soltando um resmungo de dor.

— O que aconteceu? — Pergunto, preocupada.

— Não foi nada, só bati meu pé no canto da mesa. — Ele respondeu.

— Vai dormir! Sempre que você dorme pouco, fica desatento. — Digo, séria.

— Certo, vou fazer isso. Tchau! — Ele disse, desligando.

Pego minhas malas e saio do quarto. Quando chego à sala, vejo que Laura está mexendo no celular.

— Vamos, o ônibus já chegou! — Ela disse, guardando o celular no bolso de sua calça.

Levamos nossas malas para baixo, onde recebemos ajuda de alguns jovens da igreja para colocá-las no ônibus.

— Seu chefe não iria ao retiro também? — Laura perguntou, sentando no banco ao lado de uma pequena janela.

— Sim, ele vai de carro. — Respondo, sentando no banco ao seu lado enquanto pego meu celular.

Depois de buscar os últimos irmãos que faltavam, o ônibus foi direto para a mansão do irmão Fernando.

Ele é um senhor de cinquenta e sete anos, bondoso, gentil e humilde. Infelizmente, ele não poderá participar porque viajou a trabalho para outro estado, mas seus filhos, Daniel e Estela, vão estar presentes. Não tive muita oportunidade de me aproximar deles, já que frequentam nossa igreja há pouco tempo, mas parecem ser boas pessoas.

Começo a conversar com Laura sobre várias coisas engraçadas que aconteceram no passado, nos fazendo rir bastante.

— Olha, Ester! A casa... ou melhor, a mansão do senhor Fernando é linda! — Ela disse, animada, com certeza pensando nas fotos que pode tirar em cada lugar.

Olho para fora e não consigo ver muita coisa. Todos descemos do ônibus, e é nesse momento que consigo ver a bela mansão à frente.

Ela é branca, com detalhes em cinza. Ao nosso redor, há um grande jardim cheio de flores e árvores, além de uma piscina grande.

Olho admirada para tudo ao meu redor, e a maioria das pessoas parece compartilhar o mesmo sentimento.

— Olá! Sejam bem-vindos! — Daniel disse, sorrindo. Ele parecia ter vinte e sete anos.

Ele é branco, tem olhos castanhos cor de mel, cabelos lisos loiros-claros, cerca de um metro e setenta e sete de altura, e é magro.

— Oi! — Respondemos todos juntos.

— Para quem não me conhece, sou o Daniel, e esta é minha irmã, Estela. — Ele disse, se apresentando. Sua irmã pareceu ficar meio sem jeito, pelo visto, ela é um pouco reservada.

Entramos na mansão, e a liderança resolveu dividir os jovens em grupos.

No total, foram cinco grupos de mulheres e cinco grupos de homens, cada grupo com cerca de cinco pessoas.

Os grupos de mulheres vão ficar na ala esquerda dos quartos, e os grupos de homens na ala direita.

Vou dividir o quarto com Keyla e Beatriz, jovens que chegaram recentemente à igreja.

Coloco minhas malas no canto do quarto. Ouço meu celular vibrar, pego-o e vejo uma mensagem do Senhor Elias dizendo que já havia chegado.

Amarro meus cabelos em um coque, já que o dia está quente.

— Então, você é a Ester, certo? — Perguntou Keyla, me olhando de cima a baixo.

— Sim, sou eu! — Respondo, dando um sorriso sem mostrar os dentes.

— Sou a Keyla, é um prazer conhecer você, querida! — Ela disse, abrindo um sorriso falso. — Esta aqui é a Beatriz, minha melhor amiga.

— Olá! É um prazer conhecer vocês! — Digo sinceramente, diferente delas, que pareciam não ir muito com a minha cara.

Só espero que, com o tempo de convivência, isso mude. Não quero confusão. Vim para descansar e ficar ainda mais próxima de meu Pai e dos irmãos da igreja.