Ester
Hoje é meu último dia no hospital. Fiz todos os exames, e foi comprovado que estou bem e recuperada.
— Obrigada, Senhor, pelo livramento — agradeço, sentindo a gratidão encher meu coração.
Como ainda é de manhã e Laura só vem à tarde para me buscar, resolvo ir ao jardim.
Estou a caminho quando sinto que devo ir para o último andar. Sei que não é algo que eu faria por conta própria, mas sinto que é o Espírito Santo me guiando.
— Bom dia — digo, cumprimentando dois enfermeiros enquanto aperto o botão para o último andar.
— Bom dia — respondem juntos.
Eles saem no terceiro andar, e, em menos de cinco minutos, chego ao terraço. Saio do elevador e admiro o céu azul-celeste com algumas nuvens branquinhas. Está ventando bastante, mas o clima é agradável — nem muito quente, nem muito frio.
Ouço um choro. Olho ao redor e vejo uma mulher sentada, com a cabeça baixa. Aproximo-me devagar, sem querer assustá-la. Quando estou perto o suficiente, sento-me ao seu lado em silêncio.
— Oi — digo, olhando para frente, tentando não deixá-la mais desconfortável do que já parece estar.
— Oi? — ela responde baixinho, ajeitando os cabelos bagunçados pelo vento.
"Senhor, me ajuda, por favor. Não sei como ajudar essa moça, nem que palavras usar. Espírito Santo, fale através de mim."
— O que você veio fazer aqui? — ela pergunta, quebrando o silêncio.
— Pode parecer loucura, mas senti que deveria vir aqui — respondo, sincera.
— Eu disse a Deus que, se Ele realmente se importasse comigo, mandaria alguém aqui — ela diz, enxugando as lágrimas.
— Posso orar por você? — pergunto, sentindo meu coração se encher de compaixão.
— Sim — ela responde.
— Qual é o seu nome? — pergunto.
— Clara — ela diz, fechando os olhos.
Seguro suas mãos e fico em silêncio por alguns minutos.
— Pai, Tu sabes de todas as coisas. Obrigada por ser quem és e por fazer o que fazes. Eu te peço, por favor, fale com a Clara agora. Mostra a ela o quanto o Senhor a ama e quer tê-la ao Seu lado. Jesus, Tu és o caminho, a verdade e a vida. Venha, Senhor, e faz o que só Tu podes fazer. — Paro por um momento e sinto o direcionamento do Espírito Santo. — Clara, por muito tempo você sofreu calada, achando que era culpada de tudo que acontecia de ruim na sua vida. Quando jovem, você adorava o Senhor em espírito e em verdade, mas conheceu um rapaz e se desviou do caminho. Mas hoje o Senhor marcou um encontro contigo para te trazer de volta para casa. Ele está mudando sua história. Não tenha medo, porque o Senhor está indo à sua frente e cuidando de tudo. Pai, ajuda a tua filha a perseverar e permanecer no caminho verdadeiro. Eu te peço, em nome de Jesus. Amém.
— Obrigada. Tudo o que você disse é verdade. Só poderia ter sido o Senhor que te usou — Clara diz, limpando as lágrimas que caem intensamente. Sua voz está rouca de tanto chorar.
— Glória a Deus por isso — digo, dando um pequeno sorriso. — Que tal voltarmos para o hospital? — pergunto, levantando-me e estendendo a mão para ajudá-la.
— Não acredito que já são onze horas. Se descobrirem que estou atrasada, estou frita — Clara comenta, ajeitando-se e tirando a poeira da roupa.
— Melhor você ir logo, então — digo, caminhando com ela em direção ao elevador.
— Verdade — ela responde, apertando o botão do terceiro andar. — Qual é o seu nome? — pergunta.
— Ester — respondo, sorrindo. — E você, em que área trabalha?
— Sou médica assistente na área de cirurgia. Meu chefe me deu uma hora para descansar, mas com certeza vou levar uma bronca por me atrasar — diz, sorrindo nervosa.
Quando ela fala isso, lembro-me de como Elias costumava brigar comigo por qualquer erro. Ainda bem que essa fase passou.
— Tchau, Ester. Tenho que ir. Até mais! — ela se despede, saindo do elevador.
— Tchau, Clara — digo, acenando e sorrindo.
O elevador fecha as portas e, depois de dois minutos, chega ao meu andar.
— Oi! — cumprimento algumas enfermeiras ao sair.
— Oi! — respondem em coro.
Caminho até o quarto e vejo Laura arrumando as coisas na bolsa.
— Olá — digo, me aproximando da pequena mesa com uma jarra de água.
— Finalmente você chegou! Onde estava? — ela pergunta.
— Estava no último andar. O Senhor me guiou para lá — explico, bebendo um pouco de água.
— Quero saber mais, mas agora precisamos ir. As contas do hospital já foram pagas, e o taxista está nos esperando lá fora — Laura diz, saindo do quarto comigo.
— E o Elias? — pergunto, estranhando sua ausência, já que ele havia dito que viria me buscar.
— Ele teve uma reunião importante, por isso não veio — Laura responde, me deixando um pouco triste por não vê-lo.
Entramos no táxi e conversamos sobre a igreja até que meu celular começa a tocar. Meu coração acelera ao ver que é Elias.
— Alô? — atendo.
— Oi, Ester. Você já saiu do hospital? — ele pergunta.
— Sim, já saí — respondo, colocando um fio de cabelo atrás da orelha.
— Desculpe por não ter ido te buscar. Tive uma reunião importante com os gerentes do evento que vamos participar na Itália — ele explica.
— Tudo bem, eu entendo.
— Certo, era só isso. Se precisar de algo, pode me ligar.
— Ok, tchau — digo, desligando a ligação.
— Você nem consegue disfarçar. Sempre fica com esse sorriso bobo quando fala com o Elias — Laura comenta, sorrindo, me fazendo corar.
O táxi estaciona em frente ao prédio. Laura paga o motorista e subimos para o nosso apartamento.
"Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido." Lucas 19:10
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Minha Secretária Cristã
SpiritualEster Souza Bernardes é uma jovem mulher que brilha a luz de Cristo aonde quer que esteja, uma cristã que sabe sua identidade e não desisti de seus objetivos... Elias Ferrari Valente é um homem frio e calculista que não confia em ninguém e que não a...