Elias
A senhorita Ester Souza foi uma das melhores coisas que já aconteceram na minha vida. Ela se tornou uma das melhores secretárias que já tive, faz seu trabalho de forma eficiente e dedicada.
Confesso que, no início, pensei que ela não ia durar nem uma semana, pois fazia quase tudo errado, mas com o tempo e a prática, ela aprendeu tudo direitinho.
Uma vez perguntei para ela por que ainda não tinha desistido de ser minha secretária. Lembro perfeitamente da sua resposta:
“Senhor Ferrari, confesso que já pensei em desistir muitas vezes, mas é nesses momentos que lembro que foi Deus quem me deu esse emprego e que Ele não iria me dar se eu não fosse capaz de realizá-lo.
Ela ganhou minha admiração e também minha amizade, pois demonstrou ser uma pessoa de caráter, honesta e confiável.
Mas tenho que admitir que ainda não confio cem por cento nela. Não que ela não demonstre, no seu dia a dia, o seu caráter, mas é que fui muito machucado no passado e, por isso, sou desconfiado de tudo e de todos.
Sou despertado dos meus pensamentos pela voz do meu melhor e único amigo, Rodrigo. Ele é o meu braço direito e um dos poucos em quem confio verdadeiramente.
— Fale de novo, porque não escutei o que você disse. — Digo, olhando para ele que estava na minha frente.
— Estava com a cabeça aonde? Bem, eu disse que temos uma reunião de negócios daqui a três dias, às 7:30 da noite, na festa que vai ter na casa da senhora Fernandes. — Ele disse, me lembrando, pois eu já tinha esquecido completamente.
Temos que comparecer a esse baile, pois a senhora Fernandes é dona de cinco joalherias espalhadas pelo Brasil, e ela só compra conosco.
— Nem estava me lembrando. — Digo pensativo.
— Eu já vou indo, tenho uma consulta com a minha esposa. — Rodrigo disse com um grande sorriso no rosto.
— Hoje é a consulta para saber se o bebê de vocês é menino ou menina? — Pergunto curioso.
— Sim, estou ansioso para saber, mas o que importa mesmo é que venha com saúde. — Ele disse ainda sorrindo.
[.....]
Hoje o dia foi corrido, tive muitas reuniões para comparecer. Mas deu tudo certo no final.
Agora, aqui estou eu com a senhorita Souza almoçando no meu restaurante preferido.
— Eu já contei bastante coisa sobre a minha vida. Agora quero saber mais sobre você. — Digo, bebendo um pouco de vinho.
— Não tenho muitas coisas para contar. — Ela disse tímida. — Meus pais são Manuela e Renato, tenho um irmão chamado Estêvão e eles moram em uma cidade pequena no interior. Frequento a igreja Paz e Amor e sou completamente apaixonada por Jesus.
Realmente, existe uma luz sobre a senhorita Souza e estou começando a achar que provém desse relacionamento que ela tem com esse tal “Jesus” de quem tanto fala.
[.....]
Entro no meu apartamento, que é o último de um prédio de dez andares e fica bem no centro.
Vou até meu quarto, tomo um banho e visto umas calças e uma blusa social. Penteio os meus cabelos e passo um pouco de perfume.
Pego as chaves do meu carro, saio do elevador e vou direto para o meu carro, indo em direção a uma boate. Não sou um cafajeste, mas, como homem, tenho algumas necessidades.
No meio do caminho, o celular começa a tocar e vejo que é um conhecido que me chamou para essa boate.
— Alô? — Digo assim que atendo a ligação.
— Oi, Elias! Só liguei para saber se você vem mesmo. — Jackson perguntou.
— Estou a caminho. — Respiro fundo e solto o ar lentamente.
— Tudo bem, então! Sua entrada está liberada, é só falar seu nome para o segurança.
— Ok! Até mais. — Digo, encerrando a ligação.
Sinto que não devo ir para a boate, mas resolvo deixar isso de lado. Deve ser só impressão minha.
Já fui tantas vezes para boates, por que justo hoje daria algum problema?
Sem falar que faz um mês que não vou. Tenho que ir, relaxar afinal, a vida passa rápido demais.
Estaciono meu carro e falo meu nome para o segurança, que rapidamente me leva para o camarote.
A música soava alto, tinha gente para todo lado dançando e bebendo. Sinto um incômodo ao ver e ouvir essas coisas, como se aqui não fosse lugar para eu vir.
Mas deixo isso de lado. Nada vai estragar a minha noite. Mal sabia eu que essa noite receberia um grande livramento.
[.....]
Já bebi uns cinco copos de uísque e caipirinha, me sinto um pouco solto, mas nem tanto.
Por mais incrível que pareça, não encontrei nenhuma mulher que me chamasse a atenção.
Decido ir embora. Me levanto do sofá que tem no camarote e vejo que Jackson tem uma bela morena de companhia. Resolvo que não devo interferir em nada.
Saio do camarote e vou direto para fora da boate, onde meu carro está.
Entro no meu carro e dou a partida. Estou sóbrio o suficiente para dirigir, não sou tão fácil de ficar bêbado.
No meio do caminho, ouço um barulho e o carro para.
Olho em volta e percebo que estou em uma rua com pouco movimento e que tem um beco logo ao lado do carro.
Respiro fundo, saio do carro e vejo o que aconteceu. O pneu tinha furado.
E agora, o que vou fazer?
Pego meu celular e vejo que já são duas e meia da manhã. Procuro algum número de táxi e lembro que não tenho, já que tenho pelo menos cinco carros.
Quando estou para ligar para o Rodrigo, ouço sons de passos vindo na minha direção.
Olho ao redor e vejo que são uns três homens que estão vindo na minha direção. O do meio é branco e o da direita também, o único que é moreno está do lado esquerdo.
Fico tenso ao pensar que eles querem me roubar e provavelmente vão me bater, mas não vou apanhar sem revidar.
— Olha quem encontramos por aqui. — Desdenhou o que estava no meio, enquanto abriu um sorriso que mostrava seus dentes amarelos.
— Me deixem em paz. — Digo, enquanto guardo o celular. Vejo que meu movimento não passou despercebido por eles, já que olharam para o celular e para o meu carro.
— Passe o celular para cá. — Disse o que estava à esquerda.
Os três avançam na minha direção. Me desvio do soco que iria levar e dou um soco no que estava atrás de mim, dou um chute no que tentou me acertar o soco.
Só que, como eram três contra um, não adiantou muita coisa e logo me pegaram.
Um me segurou por trás, enquanto o outro me dava socos no estômago e na cara. O moreno abriu o meu carro e tentava ver se tinha alguma coisa que podiam levar, já que o mesmo estava com o pneu furado.
Deus, me ajude, por favor. Sei que nunca fomos próximos, mas a Ester disse que o Senhor é um Deus bondoso e misericordioso.
No mesmo momento, eles pararam de me bater, pois ouviram a sirene da polícia que parecia estar cada vez mais perto.
Sou jogado no chão de forma brusca e cuspo um pouco de sangue.
Sinto minha cabeça pesada, meu estômago dói e minha boca está com gosto metálico de sangue.
Eles correram para o lado contrário ao que a polícia vinha.
Tento me levantar, mas não consigo, pois tudo em mim dói.
Forço meus olhos a ficarem abertos, mas não consigo ficar por muito tempo. Antes de desmaiar, consigo ver os policiais vindo em minha direção.
Obrigado, Deus, por ter me ajudado.
“Busquei ao Senhor, e ele me respondeu e me livrou de todos os meus temores.” — Salmo 34:4
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Minha Secretária Cristã
EspiritualEster Souza Bernardes é uma jovem mulher que brilha a luz de Cristo aonde quer que esteja, uma cristã que sabe sua identidade e não desisti de seus objetivos... Elias Ferrari Valente é um homem frio e calculista que não confia em ninguém e que não a...