28 - Capítulos ( Revisado)

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                            Ester

Pego um táxi e, durante o caminho todo, vou orando em pensamentos.

— Moça, chegamos! — O taxista diz pela terceira vez, me despertando.

— Quanto deu? — Pergunto, abrindo minha bolsa.

— Vinte reais. — Ele responde, e imediatamente entrego uma nota de vinte para ele.

Saio do carro e entro no prédio à frente. As meninas da recepção ficam um pouco surpresas ou talvez chocadas com minha roupa casual no local de trabalho.

Como não vim para trabalhar, mas para fazer um favor, não havia motivo para eu vir com roupa formal. Além disso, ainda vou fazer as compras de comida do mês.

Dou bom dia para elas e entro no elevador, que me leva direto para o último andar. Saio e vou até a sala de Elias.

Quando me aproximo da porta, vejo que ele está estressado, andando de um lado para o outro.

— Se acalme, ainda dá tempo de encontrar esses papéis. — Peço, entrando no escritório.

— Espero que você consiga. Se perdermos esse contrato com o Senhor Park, será um prejuízo de um milhão! — Ele diz, sentando-se na cadeira em frente à mesa.

— Que horas vai começar a reunião? — Pergunto, enquanto começo a procurar os papéis nas gavetas de sua mesa.

— Vai ser às quatro horas. Agora entende o motivo do meu estresse? — Ele responde, respirando fundo e soltando o ar lentamente, tentando se acalmar.

— Quem está me substituindo? — Pergunto séria, porque deixei tudo organizado para que a pessoa não tivesse nenhum problema com relação a qualquer tipo de documento, como nesta situação.

— Ninguém. Decidi esperar você voltar, em vez de colocar outra pessoa que poderia bagunçar tudo. — Ele responde, fechando os olhos.

— Como você vai resolver as coisas? — Pergunto, cruzando os braços.

— Dona Luciana vai me ajudar. O Rodrigo me emprestou ela. — Elias responde, abrindo os olhos.

— O que você ofereceu ao Rodrigo para ele fazer essa boa ação? — Pergunto, curiosa.

— Assim você machuca meu coração, Esterzinha! Falando desse jeito, até parece que não gosto de ajudar meu amigo quando ele precisa. — Rodrigo diz de forma dramática, aparecendo na porta.

— Meu Deus! — Digo, colocando minha mão sobre o coração, que estava batendo rápido por causa do susto.

Elias e Rodrigo começam a rir da minha reação, e acabo rindo com eles.

— Respondendo à sua pergunta, ofereci mais um mês de férias depois do nascimento da bebê. — Elias responde, dando um sorriso de lado.

Os dois começam a conversar sobre assuntos relacionados ao trabalho, enquanto eu penso em uma solução.

— Isso! — Digo feliz ao lembrar que esses contratos estão digitalizados no meu computador.

— O que foi? — Os dois perguntam ao mesmo tempo.

— Tenho os contratos digitalizados, só falta imprimir. — Respondo, sorrindo.

Os dois comemoram, até que Elias olha para o relógio no pulso esquerdo.

— Nossa! Faltam cinco minutos para a reunião começar. — Ele diz, surpreso.

— Elias, vá para a reunião enquanto eu imprimo os documentos de legalização das joias. Assim que terminar, eu levo para você. — Digo, séria.

— Ok, estarei esperando. — Ele diz, sério, saindo do escritório.

— Isso mesmo, Ester, mostra quem manda! — Rodrigo diz em alta voz para provocar o amigo, me fazendo olhá-lo de forma séria.

Não sei como a Renata aguenta esse homem. Ele tem trinta anos, mas às vezes age como uma criança de dez.

— Rodrigo, pare de bobagem e vá trabalhar! — Digo, olhando séria para ele, que levanta as mãos em rendição.

— Tudo bem, chefe. — Ele diz, saindo da sala, me fazendo revirar os olhos com sua brincadeira.

Vou para a minha sala, ligo o computador, digito a senha da pasta onde estão os documentos e começo a imprimir.

Só fico me perguntando onde foram parar os primeiros documentos que deixei na mesa do Elias.

Termino de imprimir, pego os documentos, dou uma rápida lida para ver se está tudo certo e saio da sala rapidamente. Entro no elevador, mas parece que os cinco minutos passaram de forma lenta.

Saio do elevador e vou até a sala de reunião, ouço a voz de Elias explicando como funciona a legalização das joias e como a empresa apoia a preservação da Floresta Amazônica.

— Com licença. — Digo, entrando na sala de reunião.

— Senhorita Ester, quanto tempo! — Senhor Park fala com seu forte sotaque.

Como ele vem ao Brasil com frequência, acabou aprendendo o nosso idioma. Além disso, o fato de ter se casado com uma brasileira também contribuiu.
— Olá, Senhor Park! Como vai sua esposa? — Pergunto, dando um sorriso carinhoso ao lembrar de uma mulher com quem conversei apenas algumas vezes, mas que se tornou muito querida para mim.

— Ela está bem, decidiu ficar nos Estados Unidos cuidando dos netos. — Ele responde, esboçando um leve sorriso ao mencionar sua família.

Distribuo os papéis para cada pessoa presente na reunião e, em seguida, me sento em uma das cadeiras vazias.

— Fico feliz que esteja tudo bem com vocês! — Digo, dando um pequeno sorriso.

— Vamos continuar a reunião. — Elias diz sério. — Como podem ver, as joias estão dentro da legalização brasileira. Nossa empresa busca sempre oferecer o melhor para seus clientes, sem destruir a natureza, pois sabemos o quanto ela é fundamental para o mundo.

Uma hora depois, entre perguntas e respostas, o Senhor Park finalmente assina os papéis e compra uma coleção de joias da nossa empresa. Ele é bastante exigente com o que compra, e eu entendo sua razão.

— Finalmente, conseguimos! — Elias diz, se sentando na cadeira e soltando um suspiro de alívio.

— Agora que acabou, preciso ir. — Digo, me levantando da cadeira.

— Obrigado, Ester. Se não fosse por sua ajuda, hoje não teríamos conseguido fechar essa venda. — Ele agradece, sorrindo.

— Está tudo bem! Fiz apenas o que deveria fazer. — Digo, sentindo minhas bochechas corarem. — Já vou indo.

— Tenha uma boa tarde! — Ele responde alto, para que eu o ouça, já que eu havia saído da sala de reunião.

Sinto meu coração bater acelerado. Deve ser apenas porque não sei reagir bem a elogios ou agradecimentos.

Entro no elevador. Não demora muito e chego ao andar da minha sala.

— Olá! Está tudo bem, Ester? — Pergunta Dona Luciana, preocupada.

— Estou bem, por quê? — Pergunto, sem entender.

— É que seu rosto está vermelho, principalmente suas bochechas. — Ela explica, me deixando ainda mais envergonhada.

— Não foi nada! — Digo, saindo de perto dela. Entro na minha sala, pego minha bolsa e entro no elevador novamente, desta vez sendo acompanhada por Rodrigo.

— Você já vai? — Ele pergunta, confuso.

— Sim, esqueceu que estou de férias? — Digo, enquanto pego o celular de dentro da bolsa.

— Agora lembrei. A Renata está com saudades de você e pediu para eu convidá-la para almoçar lá em casa no domingo. — Ele diz alegre, ao mencionar a esposa.

— Diga a ela que também estou com saudades, mas não poderei ir porque estou viajando amanhã de manhã. Mas, assim que eu voltar, farei uma visita a vocês. — Respondo, lembrando que, com a correria, acabei me afastando um pouco dela.

O elevador abre e saímos. Vejo que as meninas da recepção estão bem ocupadas.

— Boa viagem! — Ele diz, dando um leve sorriso.

— Obrigada! — Agradeço.

Saio da empresa, pego meu celular e chamo um carro pelo Uber para me levar ao supermercado mais próximo.

Termino de fazer as compras do mês e saio do supermercado segurando as sacolas. Vejo um táxi em frente ao supermercado e penso em pegá-lo, mas sinto uma voz interior me dizer para não entrar nesse carro e seguir em frente. Faço o que essa voz disse porque sei que é o Espírito Santo falando comigo.

Sigo em frente e vejo uma criança sentada sozinha em um banco na praça, olhando para os lados como se estivesse procurando alguém.

Logo em seguida, um homem magro, de olhos e cabelos castanhos, começa a se aproximar dela, e a criança faz uma expressão de medo.

Penso que estou imaginando coisas, mas o Espírito Santo me diz para ir até ela. Sem hesitar, obedeço e caminho em direção aos dois.

— Olá, princesa. — Digo, ao me aproximar da criança, que me lança um olhar de alívio e esperança.

— Quem é você? — Ele pergunta sério, cruzando os braços.

— Sou a Ester. — Respondo séria, enquanto me abaixo e envolvo a criança em um abraço. — Você conhece esse homem? — Pergunto sussurrando no ouvido dela.

— Conheço, ele é um homem ruim. Por favor, não me deixe! — Ela sussurra, apertando o abraço.

— Quem é você? — Pergunto séria, me colocando à frente da criança.

— Sou um amigo da mãe dela! — Ele diz com raiva.

— Mentira! — Ela grita, chamando a atenção das pessoas ao redor.

— Saia daqui! — Ordeno, percebendo que o homem queria sequestrar a menina.

Ele nos olha com raiva, mas, ao ver que as pessoas estavam observando, recua e vai embora.

— Pronto, você está segura agora. — Digo, dando um leve sorriso.

— Safira! Safira! Safira! — A mãe da criança vem gritando enquanto corre em nossa direção.

Ela abraça a filha de forma materna e protetora.

— Obrigada por cuidar da minha filha! — Ela diz, com os olhos cheios de lágrimas e um sorriso de gratidão.

— De nada, fiz o que qualquer pessoa faria em uma situação dessas. — Digo, sorrindo ao notar como as duas são parecidas.

Obrigada, Pai, por me usar para proteger a pequena Safira.

Converso um pouco com as duas e, antes de ir embora, trocamos números de telefone para podermos conversar novamente.

Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada no alto de um monte. Nem se acende uma lamparina para colocá-la debaixo de um cesto, mas num lugar adequado, onde ilumina bem todos os que estão na casa. Assim brilhe também a luz de vocês diante dos outros, para que vejam as boas obras que vocês fazem e glorifiquem o Pai de vocês, que está nos céus.

— Mateus 5:14-16

Minha Secretária CristãOnde histórias criam vida. Descubra agora