43 - Capítulos ( Revisado)

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                           Elias

Saio do meu lugar e vou até a frente, onde me ajoelho e desabafo com Deus tudo o que precisava ser dito. Não tenho controle sobre minhas emoções e coloco-as aos pés de Jesus.

— Pai, obrigado pela vida do Teu filho e por nunca o deixar sozinho. Senhor, derrama sobre ele a Tua compaixão e faz o que só Tu podes fazer — o pastor inicia a oração, e sinto uma quentura reconfortante me invadir. — Filho, Deus te diz para aquietar teu coração e confiar Nele. Ainda não é o momento certo. Agora, você deve focar no seu relacionamento com o Senhor. Ainda é preciso maturidade espiritual para iniciar um relacionamento amoroso com ela — ele diz, me fazendo gelar por dentro. — Esse é o seu tempo de preparo.

Depois de dizer essas palavras, ele se afasta de mim.

Melhor do que ninguém, o Senhor sabe o tempo certo para todas as coisas. Que seja conforme Sua vontade.

Levanto e volto ao meu lugar, ainda refletindo sobre o que o pastor disse. Ele tem razão, estou no início da minha caminhada com Deus. Minha prioridade agora deve ser Ele, pois a base e o fundamento devem ser firmes. Quando for o momento certo, as coisas acontecerão.

Por mais que eu pense, meu coração ainda está um pouco inquieto, mas sei que essa é a decisão certa.

— Bem, sintam-se à vontade se ainda quiserem receber ministração. Tenham uma boa semana, cheia da presença de Deus — disse a pastora, encerrando o culto.

Converso um pouco com Gabriel, enquanto avisto Ester do lado de fora da igreja, conversando com algumas pessoas.

— Então, eu disse para o Victor: "Vai na fé que você consegue!" E não é que ele conseguiu mesmo? — Gabriel fala, sorrindo. — Vamos cumprimentar a Ester? — ele pergunta, olhando na mesma direção que eu.

— Certo — respondo, sério, enquanto o sigo para fora da igreja.

— Boa noite — Gabriel diz assim que nos aproximamos do pequeno grupo reunido.

— Boa noite — todos respondem em uníssono.

— Quanto tempo, Ester! Você fez falta. Como estão seus pais? — ele pergunta, dando-lhe um abraço de lado.

— Estão bem, graças a Deus. Também senti saudades de estar em comunhão com todos vocês — ela responde, sorrindo.

Não sei como reagir agora que estou perto dela. Fico receoso de mostrar o que estou sentindo, sabendo que ainda não é a hora.

— Elias, Elias — Gabriel me chama.

— Oi? — Respondo, despertando dos meus pensamentos.

— Combinamos de sair para comer. A Catarina perguntou se você vai querer ir com a gente — ele pergunta.

— Vou sim — concordo, cruzando os braços.

— Então, vamos. Vou só pegar minha bolsa — Catarina diz, entrando na igreja.

— Para onde vamos? — Hadassa pergunta.

— Que tal irmos à pizzaria Delícia? É o lugar mais próximo daqui, a pizza fica pronta rápido e, além disso, é uma delícia — Melissa sugere, sorrindo.

— Concordo com essa ideia — Miguel diz, enquanto mexe no celular.

— Então, vamos para lá — Laura comenta, ajeitando os cabelos num rabo de cavalo.

— Eu levo a Catarina, o Miguel, a Melissa e o Felipe. Você pode levar a Ester, a Laura, a Hadassa e o Gabriel — Victor propõe, desligando o alarme do carro.

— Ok — digo, concordando.

Entro no carro com os outros; as meninas vão atrás, e Gabriel se senta na frente.

— Você realmente encontrou o Leonardo? — Hadassa pergunta baixinho.

Quem será esse tal de Leonardo?

— Sim, achei que seria desastroso quando acontecesse. Você sabe o quanto fui machucada. Mas só depois percebi que era preciso encerrar essa história para começar uma nova — ela diz, dando um pequeno sorriso.

— Estou tão feliz pela mulher que você se tornou — Hadassa diz, sorrindo com os olhos brilhando.

— Isso, minha amiga, é obra do Espírito Santo — Ester responde, feliz.

O que será que ele fez para machucá-la tanto? Ainda bem que o Senhor curou seu coração.

— Está tudo bem, Elias? — Gabriel pergunta ao notar que estou apertando o volante com força.

— Está sim, chegamos — digo, estacionando o carro em frente à pizzaria.

Saímos do carro e juntamos duas mesas para que todos pudéssemos sentar juntos.

— Boa noite, quais são os pedidos? — pergunta a garçonete.

— Vamos querer uma pizza de mussarela. Quais serão as outras duas? — Felipe pergunta.

— Pode ser quatro queijos e frango — Ester responde, mexendo no celular.

— Ok. Vamos querer essas duas pizzas, dois refrigerantes, uma Coca-Cola, um Guaraná e um suco de acerola — Laura diz à garçonete, que assente e se retira para a cozinha.

Converso um pouco com Gabriel sobre esportes enquanto, discretamente, observo Ester, que está à minha frente, sorrindo e conversando com suas amigas. Faço um grande esforço para não ficar olhando diretamente para ela e sorrir junto.

— A pizza está demorando a chegar — Melissa comenta, encostando a cabeça no ombro de Hadassa.

No mesmo instante, a garçonete aparece com os pedidos.

— Tenham um bom apetite — ela diz, saindo logo em seguida.

— Elias, você quer um pedaço de pizza de mussarela? — Felipe pergunta, colocando uma fatia em seu prato.

— Ele não gosta de mussarela, sua favorita é quatro queijos — Ester responde antes que eu possa dizer algo, fazendo todos olharem para nós de forma curiosa.

— O que foi? — ela pergunta, sem entender, enquanto tira um pedaço de pizza de frango.

— Nada — todos respondem juntos.

— Você e o Elias se conhecem há muito tempo? — Catarina pergunta, curiosa, tomando um gole de refrigerante.

— Não muito. Faz dois anos que trabalho com ele, e nos tornamos amigos — Ester responde, dando mais uma mordida em sua fatia de pizza.

Terminamos o jantar e ainda ficamos conversando por um bom tempo.

Deixei Hadassa e Gabriel primeiro em suas casas, pois eram as mais próximas. O caminho até o apartamento de Ester foi feito em silêncio. Olho pelo retrovisor e vejo que ela e sua amiga estão dormindo, uma encostada na outra.

— Chegamos — digo, estacionando o carro em frente ao prédio.

— Hum! Vou na frente — Laura diz, bocejando, enquanto sai do carro.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto, preocupado.

— Não, por que pergunta? — Ester responde, nervosa.

— Você está estranha. Primeiro, não me deixou te buscar na parada de ônibus, e, durante toda a noite, falou pouco — digo, sério, olhando para ela, que baixa o olhar para as mãos.

— Não é nada, deve ser o cansaço e a preocupação com meu irmão, Daniel. Já vou indo — ela diz, saindo do carro e entrando apressada no prédio.

— Alguma coisa está acontecendo, e eu ainda vou descobrir o que é, mais cedo ou mais tarde — digo, determinado, dirigindo em direção à minha casa.

Minha Secretária CristãOnde histórias criam vida. Descubra agora