Minha Secretária Cristã

41 - Capítulos ( Revisado)

                              

                            Elias

Pego o celular e vejo que já são dez e meia da noite. Guardo-o no bolso e suspiro ao perceber que faltam ainda trinta minutos para irmos embora.

— Boa noite, quanto tempo! — Dany diz, sentando-se na mesa em que estávamos, acompanhada de sua amiga.

— Boa noite. — Eu e Rodrigo dizemos ao mesmo tempo.

— Não parece certo você se sentar com a gente. — Digo sério, cruzando os braços, sem me importar em parecer descortês.

— Deixa disso, Elias. Você sabe que eu e o Rodrigo somos amigos desde a faculdade. — Ela responde, bebendo um pouco de vinho.

— Isso ficou no passado. Agora tudo o que eu quero é distância de você. — Rodrigo disse, sério.

— Assim você machuca meu coração. Bem, deixe-me apresentar minha linda amiga, Melry, que conheci recentemente. — Dany sorri, fazendo a amiga colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha e dar um sorriso tímido. — Ela queria conhecer o famoso Elias Ferrari, que fabrica algumas das mais belas joias da América Latina.

— Olá! — Digo, esboçando um pequeno sorriso, tentando ser amigável. Espero que ela perceba logo quem é a amiga, enquanto ainda há tempo.

— Oi, senhor Ferrari. Sou uma grande fã de suas joias, elas são perfeitas. — Melry diz com os olhos brilhando e um largo sorriso no rosto.

— Obrigado. — Respondo, sem jeito.

— Bem, temos que ir, nossa hora chegou. — Rodrigo diz, sério, levantando-se.

— Verdade, adeus! — Concordo, também me levantando.

— Isso será só um até logo! — Dany diz, com um largo sorriso, me deixando com um mau pressentimento.

Saímos do salão e nos despedimos das pessoas que conhecíamos. Caminhamos em silêncio até o carro. Entro e dou a partida.

— O que aconteceu com seu carro? — Pergunto, dirigindo no caminho que leva à casa de Rodrigo.

— Problema na bateria. — Ele responde pensativo. — O que será que ela quis dizer com aquele "até logo"? — Pergunta, preocupado.

— Não sei, mas fique alerta. Você sabe como sua ex é. — Digo, sério.

Dany é uma mulher ambiciosa, cheia de truques ardilosos e sujos para conseguir o que quer, capaz de qualquer coisa, até mesmo de matar, roubar e destruir quem estiver em seu caminho.

— Obrigado pela carona, até segunda. — Rodrigo diz, saindo do carro.

— De nada, até mais. — Despeço-me.

Pego o caminho para minha casa. Assim que chego, tomo um banho, troco de roupa e me jogo na cama, dormindo quase imediatamente.

                          Ester

Não fui ao culto no sábado porque estava cansada e assisti à live em casa. Na pregação, foi falado sobre a importância de ter um relacionamento profundo com o Senhor e estar atento à Sua voz.

Enxugo o rosto com uma toalhinha, enquanto vejo que o serviço de limpeza realmente deu resultado. Está tudo limpo e brilhando.

— Nossa, parece outra casa. — Laura comenta, entrando pela porta do apartamento com duas sacolas cheias de comida.

— Esse é o poder de uma boa limpeza. — Respondo, sorrindo com satisfação pelo trabalho bem feito.

— Mas o que aconteceu com você? — Ela pergunta, colocando as compras na mesa da cozinha.

— Como assim? — Pergunto, tentando fingir que não sei do que ela está falando.

— Você só tem esses ataques de limpeza quando está pensando muito em algo e quer resolver logo. — Ela diz, guardando as comidas nos devidos lugares.

— Está bem, você me conhece melhor do que ninguém. Realmente, preciso desabafar. — Digo, sentando-me no sofá.

— Sabe que pode me contar qualquer coisa. — Laura diz, sentando-se ao meu lado.

— Pois bem. A verdade é que estou gostando do Elias. — Confesso, nervosa.

— Uau, essa eu não esperava. — Ela diz, surpresa. — Bem, na verdade, esperava sim, só não achei que você perceberia tão cedo.

— Como assim? — Pergunto, sem entender.

— Sei que no início você só queria ser amiga do Elias e ajudá-lo. Você sempre foi assim, tentando ajudar quem precisa. — Laura fala, sorrindo carinhosamente. — Mas, ultimamente, parecia cada vez mais ligada a ele. Não foi difícil perceber que você estava gostando dele.

Minhas bochechas ficam vermelhas. Levanto as mãos até o rosto e percebo que estão quentes.

— Tenho que admitir, depois que o Elias começou a se aproximar do Senhor e a se permitir ser transformado, passei a vê-lo de maneira diferente. Mas eu negava isso para mim mesma, com medo de me machucar. — Confesso, enquanto algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto.

— Ester, por mais difícil que seja, não permita que essa insegurança tome conta do seu coração. Lembre-se de que, antes de pertencer a qualquer homem, ele pertence ao Senhor. Guarde seu coração no único que pode cuidar dele da melhor maneira. — Laura disse, me abraçando.

Ficamos abraçadas por alguns momentos, até que chegou a hora de me arrumar para o culto de domingo.

Depois do banho, vou até o guarda-roupa procurar alguma roupa para o culto.

Será que o Elias vai à igreja hoje? Conseguirei agir como antes? Essas perguntas tomam conta da minha mente.

Pai, peço que acalme meu coração, tire de mim toda essa ansiedade. Que eu não fique pensando em Elias, mas que meus pensamentos estejam centrados em Ti, Senhor. Guarde meu coração, para que eu não o siga, mas siga a Tua vontade.

Relaxo ao sentir a presença do Espírito Santo me envolver.

Visto uma calça jeans branca, uma blusa amarela de manga comprida. Penteio os cabelos, faço uma trança de lado, passo perfume e um batom nude. Calço botas pretas, pego minha bolsa e a Bíblia e saio do quarto.

Na cozinha, bebo um copo d'água e, de repente, tenho a impressão de que algo está atrás de mim.

— Ester, me ajuda com o zíper, por favor. — Ouço a voz de Laura, o que me faz relaxar na mesma hora.

— Claro. — Respondo, deixando o copo na pia e me virando para ajudá-la com o zíper de seu vestido vermelho, que a deixa ainda mais linda.

— Uau, você está maravilhosa! — Elogio, sorrindo.

— Obrigada! Vou só terminar de me arrumar e já vamos. — Ela agradece, saindo da cozinha.

Pego uma maçã do cesto de frutas e, enquanto como, mexo no celular, respondendo algumas mensagens da minha família.

— Vamos, Ester! — Laura grita ao entrar na sala.

— Ok. — Digo, guardando o celular na bolsa e indo para a sala.

Saímos de casa e pegamos o elevador. O silêncio toma conta até que me lembro de algo.

— Pegou a chave da moto? — Pergunto já sabendo a resposta.

— Então, esqueci. — Laura responde, sem graça.

— Não acredito! Melhor chamarmos um Uber. Se sairmos tarde da igreja, será perigoso voltar de moto. — Digo séria, chamando um Uber, que diz que chegará em cinco minutos.

"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida."

              — Provérbios 4:23