47 - Capítulos ( Revisado)

3.2K 307 50
                                    

                          Elias

O dia está mais corrido do que o normal. Termino de ler o contrato de compra e venda das joias que vão para o evento de moda na Itália, assino o documento e me jogo na cadeira.

Sinto o cansaço tomar conta de mim. Fico por alguns momentos com os olhos fechados, apenas descansando a mente.

“Senhor, obrigado por mais um dia. Obrigado por estar comigo e por ser fiel. Tu és tudo o que eu preciso. Ensina-me a descansar em Ti e a viver uma vida que Te honre e glorifique.”

Respiro fundo e me levanto. Pego minha carteira e, por um momento, contemplo o lindo pôr do sol que colore o céu, indicando que já são cerca de seis horas.

Saio do meu escritório, entro no elevador e, após cinco minutos, chego à recepção.

— Boa tarde — digo sério, enquanto caminho para fora da empresa.

— Boa tarde, senhor — respondem as recepcionistas em coro.

Desativo o alarme do meu carro, entro e sigo direto para o apartamento.

Estaciono na garagem, aciono o alarme e entro no elevador. Lá encontro um homem que nunca tinha visto antes.

Ele é moreno, de olhos castanhos e cabelos cacheados escuros. Deve ter por volta de um metro e setenta e oito e tem porte físico forte.

— Boa tarde — cumprimento, quebrando o silêncio.

— Boa tarde — ele responde, com um tom sério e distante, como se algo o estivesse incomodando.

Não sou de me intrometer na vida dos outros, nem gosto que façam isso comigo, mas, por alguma razão, sinto vontade de conversar com esse desconhecido e saber o que está acontecendo.

— Está tudo bem com você? — pergunto, preocupado, colocando as mãos nos bolsos.

— Não, estou péssimo — ele responde sinceramente, encostando-se na parede do elevador, que, por algum motivo, para de funcionar.

— Bem, se quiser conversar, estou aqui. Às vezes é bom desabafar com alguém. E, pelo que estou vendo, temos tempo — comento, tentando sorrir.

— Minha esposa está com leucemia, e os médicos dizem que ela só tem um ano de vida. Ainda tenho uma filha de dois anos para cuidar — ele diz, triste e exausto, enquanto se senta no chão do elevador.

Lembro dos testemunhos que ouvi no retiro e de como Deus agiu na vida de tantas pessoas, inclusive na minha. Sinto uma convicção forte de que, assim como Ele fez conosco, fará na vida desse homem. A Bíblia diz que, se buscarmos, encontraremos; se batermos, a porta será aberta.

— Olha, eu não sei o quão difícil está sendo para você, mas conheço alguém que pode te ajudar. O nome dele é Jesus Cristo. Ele pode curar sua esposa e restaurar sua família. Se você entregar tudo a Ele, tenho certeza de que Deus agirá em seu favor — digo, sério e calmo.

— Não sei como fazer isso — ele confessa, com a cabeça baixa.

— Nem eu sabia, mas uma coisa é certa: se orarmos com sinceridade e você verdadeiramente entregar tudo a Jesus, Ele vai te ajudar, como fez comigo — digo, sentando-me ao lado dele.

— Já tentei de tudo, e nada funciona. Essa é minha última opção. Quero tentar — ele responde, decidido.

— Então vamos orar para confirmar sua entrega. Repita comigo — digo, fechando os olhos. — “Entrego minha vida ao Senhor Jesus e tudo o que tenho é d’Ele. Decido, a partir de agora, que o Senhor é o meu único Salvador.”

Ele repete, confirmando sua entrega a Jesus. Durante a oração, sinto-me um pouco nervoso, afinal, é a primeira vez que faço algo assim.

— Pronto, agora pode confiar. Ele vai cuidar de tudo — digo, sorrindo levemente, sabendo que o Senhor é poderoso.

— Obrigado. Sinto-me mais aliviado, de algum modo o peso saiu das minhas costas — ele comenta, mais calmo.

O elevador volta a funcionar, como se tivesse parado apenas para aquele momento.

— Não precisa agradecer. Não fui eu quem fez, foi o Espírito Santo — digo, levantando-me e ajudando-o a se levantar.

— Qual é o seu nome? — pergunto, curioso.

— Rafael. E o seu? — ele pergunta, cruzando os braços.

— Elias — respondo, apresentando-me.

— Prazer em te conhecer, espero que nos encontremos mais vezes — Rafael diz, saindo no quarto andar.

— O prazer foi meu — digo em voz alta, para que ele ouça.

O que foi isso? Não entendo. Não é do meu feitio me aproximar de estranhos, mas, de alguma forma, senti que precisava ajudar aquele homem.

Saio do elevador e entro na minha cobertura. Larguei minha carteira e celular na mesa da sala e fui direto tomar um banho.

---

Bato na porta do apartamento da Ester enquanto ajeito minha camisa e cabelo. O nervosismo me domina, o que parece irracional, já que a vejo quase todos os dias. Mesmo assim, sinto os sintomas clássicos de quem está apaixonado.

— Elias, Elias — Laura me chama, tirando-me dos meus pensamentos.

— Oi? — digo, com um pequeno sorriso, entrando no apartamento. — Como ela está? — pergunto, para me certificar de que tudo está bem.

— Ester está bem, está no quarto. Vou chamá-la. Fique à vontade — Laura responde, indo ao quarto.

Sento-me no sofá, coloco o buquê de girassóis ao lado e pego o celular para responder algumas mensagens dos acionistas.

— Oi, Elias — Ester diz, baixinho.

Levanto a cabeça e a vejo. Ela está linda, mesmo sem maquiagem, com os cabelos soltos e usando um vestido branco.

— Olá — respondo, levantando-me e entregando o buquê de girassóis, suas flores favoritas.

— Obrigada — Ester agradece, pegando as flores.

Suas bochechas estão coradas. Será que ela está doente?

— Você está bem? — pergunto, preocupado.

— Sim, estou. Vou procurar um vaso para os girassóis — ela diz, indo à cozinha.

— O que você quer para o jantar? Estávamos pensando em pedir pizza — Laura pergunta, sentando-se no outro sofá.

— Pode ser pizza. Quanto você precisa? — pergunto, pegando minha carteira.

— Não precisa, dessa vez somos nós que vamos pagar — Ester diz, voltando da cozinha.

— Eu insisto em ajudar com o pagamento — digo, sério.

— Vamos fazer o seguinte: desta vez, eu e a Ester pagamos, e da próxima vez que sairmos, você paga a conta — Laura sugere, tentando evitar uma discussão.

— Ok — concordo, colocando a carteira de volta no bolso.

Conversamos um pouco sobre o que o Senhor tem feito em nosso meio. Não demora muito, e a pizza chega.






Oi, pessoal. Espero que tenham gostado do capítulo, obrigada por não desistirem da história e logo mais trarei ainda mais capítulos. Se comentarem bastante e votarem, irei lançar mais um capítulo amanhã.


Minha Secretária CristãOnde histórias criam vida. Descubra agora