breaking point

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Algumas pessoas gostam de pensar que toda mudança é para o melhor. Mas, bom, não é. Na maioria das vezes nós só preferimos ignorar os fracassos e nos gabar das melhorias. É assim que o mundo funciona, e vai ser assim para sempre.

Os dias passam e Edward continua me encarando com aqueles olhos dourados pedintes e eu não consigo dizer não. Acho que de fato eu nunca consegui dizer não, especialmente para ele. Então eu digo sim para uma porção de coisas. Eu o amo? Sim. Eu parei de tomar tanto vinho? Sim. Eu parei de chorar de madrugada? Sim.

Eu continuo mentindo a porra do tempo todo? É, sim também.

Estou sendo condizente com toda a nossa situação. Entendo que eu fiz uma besteira muito grande, e meu jeito de recompensar isso para Edward é não brigar de volta. Por isso aceito sem discussão quando sou puxada para dentro de uma loja de grife para comprar um vestido de formatura. O ambiente é hostil, e cruzo os braços assim que percebo duas garotas loiras me analisando de cima a baixo.

A vendedora da loja tem cabelo escuro e olhos gentis, diferente do que estou acostumada, mas melhor. Ela me cumprimenta e pergunta pelo que estou procurando. Eu a conto sobre um vestido que vi na matéria de uma revista sobre a nova coleção da Dior. Ela parece saber do que estou falando e vai para o estoque, voltando com mais de cinco vestidos que impressionarão tanto o povo de Forks que serei considerada uma celebridade.

Eu provo todos eles, os olhos de Edward avaliando um por um. Eu acabo escolhendo um relativamente simples, mas não de propósito. Ele tem a saia longa e vazada, com tiras de tecido preto transparente passando pelos ombros. Eu me sinto tão elegante quanto a Audrey Hepburn foi ao fim de seus dias.

Edward adorou. Deu para perceber pelo jeito que ele continuou sorrindo para mim várias vezes em um curto período de tempo. Ele até diz, distante, mas suavemente:

— Jesus, Cecily Collins. Você é a garota mais bonita que eu já vi em toda a minha vida.

E eu pisquei e dei risadinhas como uma colegial apaixonada.

Depois ele me levou para sua casa, onde Alice iria me arrumar como uma boneca outra vez. Outra coisa que não mudou depois de, sabe... tudo.

Alice se esforçou para fazer minha maquiagem, tentando me deixar o mais natural possível. Disse que a maquiagem não pode mostrar onde termina seu pescoço e começa seu rosto. Maquiagem deve realçar, não esconder. Ela também me colocou em saltos tão altos que agora Edward não precisava mais se curvar para me beijar. Eu gostei. Se ele fosse cinco centímetros mais baixo estaríamos fazendo cosplay de Nicole Kidman e Tom Cruise agora, sem toda a coisa dos filhos adotivos ingratos e cientologia, claro. Eu não sou louca.

O ginásio da escola foi decorado com laços coloridos o bastante para se parecer com um dos salões de formatura rebuscados de Port Angeles. Imaginei que o comitê de organização fosse reutilizar alguns itens do baile, mas me surpreendi ao ver que era tudo inédito. Ou inédito para mim, pelo menos. Edward parecia acostumado com tudo aquilo. Claro; deve ter ido a mais bailes de formatura na vida do que eu já fui à igreja.

Meu pai e Danielle não viriam de Nova Iorque dessa vez. Aparentemente eles ainda estavam chateados com a minha fuga repentina, mas isso era tão fútil que não me tirou nem um suspiro. Eu nunca mais colocaria meus pés naquela casa outra vez, nem em seu funeral.

Charlie estava na plateia, ao invés disso. Eu acenei para ele depois de colocar a toga e recebi um acenar de cabeça e um sorriso em troca. Ah, Charlie. Eu o amava tanto quanto amava Bella. Eles eram tudo para mim agora. Edward era o amor da minha vida, mas nada se compara a família.

Os minutos passam correndo. Jessica proclama seu discurso bem ensaiado e tira aplausos da platéia. Vejo algumas mães chorando algumas cadeiras a frente. Edward segura minha mão por debaixo da toga.

EVERMORE 𑁋 EDWARD CULLEN.Onde histórias criam vida. Descubra agora