stuck in the middle

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Sylvia Plath uma vez disse: "Para que serve minha vida e o que vou fazer com ela? Não sei e sinto medo. Não posso ler todos os livros que quero; não posso ser todas as pessoas que quero e viver todas as vidas que quero. E por que eu quero? Quero viver e sentir as nuances, os tons e as variações das experiências físicas e mentais possíveis de minha existência. E sou terrivelmente limitada. (…) Tenho muita vida pela frente, mas inexplicadamente sinto-me triste e fraca. No fundo, talvez se possa localizar tal sentimento em meu desagrado por ter de escolher entre alternativas. Talvez por isso queira ser todos – assim, ninguém poderá me culpar por eu ser eu. Assim, não precisarei assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento do meu caráter e de minha filosofia. Eis a fuga pra loucura…."

Acho que quando li isso, percebi que também sou terrivelmente limitada. Minha cabeça sempre me leva aos piores cenários e estou sempre me deixando levar pelas opiniões e vontades dos outros, ao invés de fazer o que eu quero. É meio triste, mas eu sou assim a mais tempo do que posso recordar.

Duas longas e arrastadas semanas se passaram antes que eu percebesse que Edward não apareceria. Eu estava cansada, sabe. Cansada de viver entre o sempre e o nunca como minha mãe e meu pai. Então eu resolvi adiantar as coisas e ir conversar com ele, explicar que mesmo que não ficássemos juntos, eu queria que ele fosse feliz. Eu também queria ser feliz, sem medo de ser atacada por seus irmãos ou por qualquer outro vampiro. Eu era jovem demais para precisar lidar com isso.

As cartas das faculdades chegaram e Charlie estava ansioso para que eu as abrisse. Não sei por que, mas quis esperar por Edward para que ele as lesse comigo. Outra vez, terrivelmente limitada. Mesmo na situação em que me encontrava, meu cérebro continuava me fazendo acreditar que nosso relacionamento sobreviveria.

Mas as cartas continuavam a se acumular sob a escrivaninha, e era hora de fazer algo a respeito.

As estradas estavam bloqueadas graças as toneladas de neve que caíram pelo Estado. Washington não via tanta neve a anos, e Bella, que nunca tinha visto nada igual em Phoenix, precisara pegar um ou dois casacos meus emprestados para sobreviver a nevasca. Ela iria fazer faculdade na Califórnia, onde sua mãe estava morando com Phill. Quente, ensolarada, hollywoodiana Califórnia. Aparentemente a carreira de Phill no beisebol tinha dado certo e Renée queria a filha de volta o mais rápido possível em casa. Eu também deixaria Forks em breve, mas eu não queria deixar Charlie. Ele era o pai que eu nunca tive, não merece ficar sozinho. Eu sei que Bella às vezes não o dá muito valor, mas cara, se eu tivesse um pai como o dela...

Coloquei minhas botas de frio e parei na soleira da porta. Meu nariz quase congelou com a temperatura negativa. Meus dedos se encolheram dentro das luvas. Respirei fundo e me dirigi até a floresta. Seria mais fácil ir a pé do que enfrentar pistas escorregadias com a picape pré histórica de Bella.

Meu pé afundou na neve. Vinte minutos depois estava na porta dos Cullen quase morrendo de hipotermia.

Nem precisei bater na porta, porque antes de sequer tentar, Esme apareceu.

— Cecily, querida, como você chegou aqui? — Ela parecia desesperada.

Rosalie veio logo atrás, querendo saber o que tinha acontecido. Nunca tínhamos conversado, mas eu a observara o suficiente para saber que não gostava de mim.

— Você é louca, garota? Está seis graus negativos lá fora — ela não soava como quem achara aquilo engraçado. Pelo contrário. Sua voz estava preocupada.

— Rose, por favor, pegue um cobertor. Vou tentar aquece-la enquanto isso.

O frio era tanto que eu mal conseguia abrir a boca sem soltar um murmúrio lamentoso.

EVERMORE 𑁋 EDWARD CULLEN.Onde histórias criam vida. Descubra agora