my lover / now i see daylight

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A subida começou a ficar íngreme, e a fileira extensa de automóveis atrás de nós aumentou ainda mais. Alice tinha roubado um carro esportivo de luxo no aeroporto, e quando perguntei por quê, disse que os vampiros são os seres mais exibicionistas do mundo, e eu não devia sair por aí questionando.

Conforme nos aproximávamos da entrada da cidade, o trânsito ia ficando mais lento. Agora que eu estava prestando atenção, e que nos arrastávamos bem devagar para perceber, vi que ventava muito. As pessoas que se espremiam pelo portão seguravam os chapéus e tiravam o cabelo do rosto. As roupas se inflavam em volta delas.

Também percebi que a cor vermelha estava em tudo. Camisetas vermelhas, chapéus vermelhos, bandeiras vermelhas pendendo como fitas compridas de cada lado do portão, chicoteando ao vento.

— Cecily — Alice falou rapidamente numa voz feroz e baixa — Não consigo ver o que o guarda aqui vai decidir agora... Se não der certo, você terá de ir sozinha. Vai ter de correr. Apenas vá perguntando pelo Palazzo dei Priori e corra na direção que lhe apontarem. Não se perca.

Edward ia se matar, foi o que Alice me disse dentro do avião. Eu não sabia como, mas ele iria.

Eu assenti com a cabeça e saí em disparada do carro. Um guarda vestido de azul tentou me parar, mas corri e o contornei rapidamente. Na escola eu nunca fui uma atleta. Sempre tive medo da bola e tinha crises de ansiedade quando a professora nos mandava jogar vôlei, mas acho que o destino nunca se importou em me fazer lutar pelas coisas que eu queria.

Não havia caminho, nenhuma fresta entre os corpos espremidos da multidão de vermelho.  Empurrei-os furiosamente, lutando contra as mãos que me empurravam para trás. Ouvi exclamações de raiva e até de dor enquanto lutava para passar, mas nenhuma em uma língua que eu
entendesse. Os rostos eram um borrão de raiva e surpresa, cercados pelo vermelho onipresente. Uma loira fez cara feia para mim, o cachecol vermelho enrolado em seu pescoço parecia uma ferida horrenda. Uma criança, erguida nos ombros de um homem para ver por sobre a multidão, sorriu para mim, os lábios esticados sobre presas falsas de vampiro.

A multidão empurrava à minha volta, girando-me para o lado errado. Fiquei feliz porque a igreja era bem visível, ou nunca manteria o rumo certo. Mas os dois ponteiros apontavam para o sol impiedoso e, embora eu me enfiasse violentamente entre a multidão, sabia que era tarde demais. Eu não estava nem na metade do caminho. Não conseguiria. Era idiota, lenta e humana, e todos morreríamos por causa disso.

Desejei que Alice fugisse. Desejei que me visse de alguma sombra escura e soubesse que eu tinha falhado, assim poderia ir para casa, para Jasper.

Houve uma brecha na multidão — pude ver um espaço à frente. Empurrei com urgência naquela direção, sem perceber, até ferir as canelas nos tijolos, que era uma fonte quadrada e larga instalada no meio da praça.

Quase gritei de alívio quando mergulhei a perna na beira e corri com a água até os joelhos. Ela se espalhava ao meu redor enquanto eu atravessava a fonte. Mesmo no sol, o vento era glacial e a água tornava o frio realmente doloroso. Mas a fonte era enorme; pude atravessar o centro da praça em segundos. Não parei quando cheguei à outra borda — usei o muro baixo como trampolim, atirando-me na multidão. As pessoas agora se afastavam mais facilmente de mim, evitando a água gelada que se espalhava pingando de minhas roupas molhadas enquanto eu corria.

— Edward! — gritava, sabendo que era inútil. A multidão era ruidosa demais e minha voz estava fraca por causa do esforço, mas eu não conseguia parar de gritar.

— Edward, não! — gritei.

Agora eu podia vê-lo. E podia ver que ele não podia me ver. Era ele mesmo, desta vez não era alucinação. Percebi que minhas ilusões eram mais falhas do que eu pensara; elas nunca lhe fizeram justiça.

Edward estava de pé, imóvel como uma estátua, a apenas alguns metros da entrada de um beco. Seus olhos estavam fechados, as olheiras de um roxo-escuro, os braços relaxados ao lado do corpo, a palma das mãos voltada para a frente. Sua expressão estava muito tranquila, como se estivesse tendo sonhos agradáveis. A pele de seu peito estava à mostra, a luz solar sendo refletida fracamente nela.

Nunca vi nada mais perfeito — mesmo enquanto eu corria, ofegando e gritando. E os últimos meses nada significaram. E as palavras dele em Port Angeles nada significaram. E não importava se eu ainda amava Zach, Johnny Depp ou qualquer outro homem. Aquele era Edward. Meu amado. Meu babaca estúpido.

Meu Edward.

Nunca haveria ninguém além dele.

O relógio bateu e ele deu um longo passo para a luz.

— Não! — gritei. — Edward, olhe para mim!

Ele não ouvia. Sorria de modo muito sutil. Levantou o pé para dar o passo que o colocaria diretamente sob o sol.

Eu me choquei contra ele com tanta intensidade que a força teria me atirado no chão se os braços dele não tivessem me agarrado e segurado. Perdi o fôlego e minha cabeça pendeu
para trás. Seus olhos escuros se abriram devagar enquanto o relógio soava novamente.

Ele olhou para mim numa surpresa muda.

— Incrível — disse ele, a linda voz cheia de admiração, um tanto divertida. — Carlisle tinha razão.

— Edward — tentei dizer, ofegante, mas minha voz não saía. — Você tem de voltar para a sombra. Tem de sair daqui!

Ele parecia bestificado. Sua mão afagou meu rosto com delicadeza. Ele não pareceu perceber que eu tentava obrigá-lo a voltar. Eu podia estar empurrando as paredes do beco, a julgar pelo progresso que fazia. O relógio soou, mas ele não reagiu.

Foi muito estranho, porque eu sabia que nós dois corríamos um risco mortal. Ainda assim, naquele instante, eu me senti bem. Inteira. Pude sentir meu coração batendo no peito, o sangue pulsando quente e rápido por minhas veias de novo. Meus pulmões encheram-se do doce aroma que vinha da pele dele. Era como se nunca tivesse havido um buraco em meu peito. Eu estava bem. Não curada, mas como se eu finalmente estivesse vendo o sol depois de anos de uma noite escura.

— Nem acredito em como foi rápido. Não senti nada... Eles são muito bons — refletiu ele, fechando outra vez os olhos e apertando os lábios contra meu cabelo. A voz dele era como mel e veludo.

O relógio soou sua última badalada.

— Você tem exatamente o mesmo cheiro de sempre — continuou. — Então talvez isso seja o inferno. Não me importo. Eu aceito..

— Não estou morta, seu babaca estúpido e idiota! Nem você! — Lutei em seus braços e sua testa se franziu de confusão.

— O que foi isso? — perguntou ele educadamente.

— Não estamos mortos, ainda não! Mas temos de sair daqui antes que os Volturi...

A compreensão faiscou em seu rosto enquanto eu falava. Antes que eu pudesse terminar, ele de repente me puxou da beira da sombra e me girou sem esforço, pondo-me atrás dele,
com as costas coladas à parede de tijolos, enquanto olhava o beco.

Seus braços se abriram,
protetores, na minha frente.
Olhei por baixo de seu braço e vi duas formas negras destacadas no escuro.

— Saudações, cavalheiros — a voz de Edward era superficialmente calma e agradável. — Não acho que vou precisar de seus serviços hoje.

oiii, long time no see!

peguei essa manhã pra terminar esse capítulo que tô enrolando a meses pra terminar, porque uma colega de sala me passou virose e tive que faltar porque tá chovendo e tô doente

perdi a prova de física, mas vocês ganharam capítulo de evermore

nesse capítulo tem algumas referências a daylight e lover, mas são mínimas mesmo, não sei nem se dá pra perceber

prometo que no próximo capítulo vai ter mais criatividade e aqueles rolês doidos da cecily em forks/port angeles kkkkk

EVERMORE 𑁋 EDWARD CULLEN.Onde histórias criam vida. Descubra agora