girl in cambridge

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A semana em Londres passou mais rápido do que eu imaginei que iria. O tempo corria mais rápido aqui, quando eu não precisava ter vinte e um anos para beber e podia comprar bons vinhos por três libras esterlinas. Era fácil se perder assim, embora eu continuasse repetindo mentalmente que a terapia da bebedeira não era tão prejudicial quanto fumar uma cartela de cigarros.

No dia em que o trem para Cambridge saíria da estação, eu me sentei em frente a janela comprida do quarto do hotel e assisti ao sol nascer. Eu pensei em Edward e em como eu gostaria de o dar um presente, algo que fosse tão puro e tão singelo quanto um raio de sol. Minhas bochechas coraram com o pensamento de seus lábios agraciando os meus em um agradecimento sincero.

Peguei uma caneta e um papel enquanto a grande bola de fogo — sol, para os não poetas — se estabelecia tímido atrás das nuvens.

"Edward, eu estava apaixonada por você: eu ainda estou. Ninguém jamais alcançou uma capacidade tão elevada de sensações físicas em mim. Eu te cortei da minha vida porque não poderia ser uma fantasia de passagem. Antes de dar o meu corpo, eu devo dar meus pensamentos, minha mente, meus sonhos. E você não queria nada disso."

Dobrei a folha ao meio e joguei na pequena lixeira ao lado da escrivaninha.

É cinco e meia da manhã quando paro de encarar o céu e recolho minha própria bagunça em silêncio. O silêncio me deprimia. Não o silêncio do silêncio, mas meu próprio silêncio. Não há som de passarinhos como havia em Forks ou as conversas despreocupadas com Bella. Há apenas o som das buzinas do trânsito londrino e um bando de pessoas furiosas despejando suas frustrações umas nas outras. Tento disfarçar minhas olheiras com um pouco de maquiagem, mas não sei se consigo. Elas parecem óbvias demais para mim, não tão cobertas como ficariam caso Alice tivesse me maquiado.

Resolvo tomar meu café da manhã na estação. Pego o telefone na mesinha de cabeceira e ligo para Bella. Ela não atende, então resolvo deixar um recado.

— Hey, Bells. Queria dizer que estou indo para Cambridge agora. Vou ligar mais tarde para que você consiga salvar o número. Amo você. Beijos.

Fico sem ter o que dizer e desligo. Pego minha mala e faço o check-out na recepção. Vou até a estação e compro minha passagem, depois paro numa lancheria que parecia oferecer lanches baratos e como uma torrada de queijo e um café com leite cheio de açúcar. Preciso pagar com moedas de cinquenta centavos porque não tenho mais nada na carteira e me recuso a pedir qualquer coisa para Charlie ou meu pai.

Estou sem nenhum tostão nos bolsos e entrego meu bilhete e o guarda me deixa entrar no trem. Meu vagão está vazio, exceto por uma garota morena e um cara loiro que lê distraidamente um exemplar da biografia de Susanna Kaysen. Eles estão de frente um para o outro naqueles bancos que ficam, de fato, de frente um para o outro. Penso se devo sentar com eles ou em qualquer outro lugar, mas resolvo tentar uma aproximação.

— Posso me sentar aqui? — Pergunto para a garota que me observa pensativa. — Se não for atrapalhar, claro.

Ela levanta os olhos e me encara antes de sorrir.

— Pode sim, claro, senta aí.

Descubro que ela se chama Elizabeth, mas prefere seu apelido, Betty, e é caloura assim como eu. Ela tem um forte sotaque Inglês e cabelos castanhos um pouco mais encaracolados que os meus, assim como a pele que é apenas um pouco mais clara que a minha. O garoto em nossa frente se chama Peter, mas diz que está tudo bem se quisermos chamá-lo de Pete. Ele está no segundo ano de Ciências Políticas e temos algumas aulas conjuntas, como sociologia, já que faremos o mesmo curso. Pete mente que quer ser um figurão da política, assim como Boris Johnson, mas eu digo que ele não tem cara de quem gostaria realmente disso, e ele concorda e diz que eu sou muito perspicaz por perceber que ele não é um babaca.

EVERMORE 𑁋 EDWARD CULLEN.Onde histórias criam vida. Descubra agora