scary

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Poucas coisas haviam mudado desde minha reconciliação com Edward.

Na escola, acabei voltando a sentar com os Cullen no refeitório, o que não deixou Bella e Jéssica muito felizes.

Ignorei isso.

Charlie havia começado uma tradição de assistir filmes comendo pizza toda a sexta-feira. Quase sempre era eu quem escolhia, mas ninguém achava ruim, já que meu gosto cinematográfico é quase neutro.

Edward passara a visitar meu quarto todos os dias. Não tínhamos feito nenhum progresso romântico, o que me entristecida de alguma forma.

— Não suba na cama enquanto estiver de sapatos! — o avisei antes de vê-lo se juntar a mim, encostando a cabeça na cabeceira de madeira.

— Me conte uma história — pedi, deitando a cabeça em seu ombro.

— Que história?

— A sua.

— Tudo bem. Quer a séria ou a engraçada?

— A séria.

Ele ficou em silêncio por um instante, assumindo um tom melancólico.

— Eu nasci como Edward Anthony Masen, em Chicago, 1901. Meu pai, Edward I, era um grande empresário na época, o que nos garantia uma vida muito confortável — sorriu. — Minha mãe se chamava Elizabeth Masen e foi a mulher mais bonita que já vi na vida. Tinha grandes olhos verdes e um gosto refinado para arte e música.

Ele suspirou, mas continuou.

— Eu cresci aprendendo a tocar vários instrumentos, a falar outras línguas e também fiz esgrima por um tempo, mas meu pai se convenceu de que eu era um caso perdido e me fez largar o esporte. Não me importei tanto, era o piano que eu realmente amava. Eu era ruim no começo, mas depois, aos poucos, fui melhorando e logo me tornei o orgulho da minha mãe. Me lembro dela enxugando as próprias lágrimas com um lenço enquanto me ouvia tocar.

Ele me olhou com um toque de carinho nas orbes douradas, passando a enrolar os dedos nos cachos do meu cabelo.

— Mas tudo foi por água abaixo quando a Gripe Espanhola alcançou nosso mundinho perfeito. Meus pais morreram. Fiquei orfão, largado com os moribundos. Carlisle teve pena de mim, aí me transformou. Essa é a história.

— Então sempre esteve com Carlisle? — perguntei.

— Quase sempre — ele pôs a mão de leve em minha cintura e me puxou para si.

Olhei a parede, me perguntando se um dia ouviria suas outras histórias.

— Quase?

Ele suspirou, parecendo relutante em responder.

— Bom, eu tive um momento de rebeldia adolescente uns dez anos depois que eu fui criado. Não concordava com sua vida de abstinência, então parti para ficar sozinho por algum tempo.

— É mesmo? — eu estava intrigada, e não assustada, como talvez devesse estar.

Ele sabia disso.

— Isso não lhe dá nojo?

— Não.

— E por que não?

— Porque eu faria a mesma coisa.

Ele soltou uma risada, mais alto do que antes.

— Desde a época de meu novo nascimento — murmurou ele. — Tive a vantagem de saber o que todos pensavam, tanto humanos como não humanos. Foi por isso que precisei de dez anos para desafiar Carlisle... eu podia ler sua mente, entender exatamente por que ele vivia daquela maneira.

EVERMORE 𑁋 EDWARD CULLEN.Onde histórias criam vida. Descubra agora