Aristocratas

757 63 63
                                    

Nas famílias aristocráticas, existe um pensamento quase que neandertal. Mas de certa forma é aceito aos olhos da alta sociedade.

O filho mais Velho do rei, é o menos amado, por que ele simboliza o fim. O fim da existência daquele rei. Então ele o olha naturalmente com os olhos turvos pelo fantasma da própria morte.

Isso é algo antiquado e ridículo. Não se vê atualmente... porque se esconde nas sombras dos grandes latifundiários e muito empresários.

A herança.

A ameaça do primogênito.

Na família de Jumpol, na vida do pai dele. Ele se sentia um rei, antes da ascensão do pequeno Off.

Para um herdeiro de um império, Embraim era uma vergonha.

Os escândalos frequentes, o império da família ameaçado.

Mas a diferença entre ele e um monarca. É que para ter seu legado passado ao filho, o homem não precisava morrer. Precisava apenas de um grupo de acionistas exaustos e o próprio pai que mesmo velho, não permitiria que o filho destruísse tudo o que seu avô construiu.

Então, nesse momento.

Off Jumpol, se tornou uma bala engatilhada na cabeça do próprio pai, aos dezesseis anos, no fim da escola, quando o próprio Off tinha apenas um pensamento:

—Gun? Ei Gun! —Os olhos semicerrados do garoto baixinho de cabelo castanho e liso, caído sobre os olhos pretos incrivelmente redondos, estavam tingidos de raiva.

—O que faz aqui? —Ele perguntou bravo. Gun cruzou os braços, encarando o amigo com o uniforme daquele colégio de ricos. —Acabou de sair da escola?

—Sim... Eu não entendo por que meu avô me obrigou a sair da nossa escola. Odeio não voltar pra casa com você. —Admitiu irritado, o garoto pequeno sorriu docemente para o amigo, e segurou a mão dele, desfazendo aquela pose de braços cruzados, Off se sentiu seguro, conseguiu finalmente sorrir para o menor. Essa sensação de segurança profunda era algo que apenas Gun trazia para ele.

Off devia entender, que amava Gun, a muito tempo.

Ele realmente devia ter entendido isso mais cedo, antes que fosse tarde de mais.

Dias atuais

Gun Atthaphan respirava fundo, mordendo o lábio com força, ao caminhar pelos corredores da sede da família Adulkitiporn. 

Era quase que insuportável para ele ter que trabalhar ali todos os dias e pior ainda quando era dia de prestar contas ao ex amigo, Off Jumpol, sobre o seu próprio desempenho.

Definitivamente nada o prepararia o suficiente para lidar com Off.

Ele sabia que nada seria o bastante.

Entrou na sala timidamente, tentando não encarar o homem imponente encostado na mesa, observando o relógio de pulso, ele vestia aquela calça social e colete azul marinho com listras, uma camisa branca aberta dois botões e o cabelo... a franja estava bagunçada na frente, como um libertino.

Gun engoliu em seco.

—Desculpe o atraso senhor...

—Estamos sozinhos não me chame assim.

Ele se recusou a vacilar com a voz doce que Off direcionou a ele, o chefe cruzou a sala rapidamente e segurou a cintura dele, o fazendo corar.

E não era de timidez, era de desejo.

—Você sabe o que precisa me dizer.

—Eu terminei por que não o amo mais. —Gun murmurou a resposta padrão, Off apertou a cintura dele. —Ja fazem anos, esqueça isso.

—Você foi meu primeiro amor, eu te amo desde sempre.

—Eu não sinto o mesmo. —Essa frase ácida de Gun, vinha com uma enxurrada de razões causadas pelas atices obscuras do homem que sabia como usar palavras doces.

Diante de Gun um Lorde, nas costas um libertino.

—É mentira.

—Off! —O menor gritou, empurrando o outro, e por fim apontando o dedo indicador no rosto dele. —Você está passando de todos os limites! Você e apenas você subornou meus professores para me obrigar a estagiar aqui, você esfrega suas amantes na minha cara todos os dias.

—Então admite que tem ciúmes? —Perguntou suavemente, segurando a mão pequena que o acusava. —Admite?

—Você é maluco!

—Nós estudamos na mesma escola, sua família trabalhou para a minha por anos, eu conheço você Gun! Tem uma razão para isso, você nunca teria...

—Te deixado?

—Você sabe que nunca vou aceitar isso Gun. E eu sou Off Jumpol, eu sempre tenho o que quero!

Gun sorriu, as lindas covinhas que faziam Off estremecer apareceram no rosto angelical, apenas para que o dono delas sussurrasse altivamente.

—Espero que goste de quebrar a cara então. —Empurrando a pasta prateada no peito do homem, a ponto dele o soltar e a segurar. Gun saiu porta a fora rapidamente.

Deixando um Off irritado a ponto de quebrar o escritório todo para trás.

Ainda se questionando.

Qual realmente foi o motivo de tudo aquilo?

Anos antes, quando eles eram jovens, Off havia se apaixonado por Gun, o amigo pequeno era lindo como um ser angelical. Embora essa paixão de fato não era o bastante, na cabeça de Off, para colocar em jogo todo o seu futuro.

As pessoas paravam para olhar o garoto quando ele passava.

Todos se encantavam com a personalidade extrovertida e engraçada de Gun.

E na verdade tudo isso só deixava o outro mais e mais enciumado. Gun era como uma estrela cadente na noite vazia que foi sua vida, a pressão da família constante, principalmente pelo fato de que seu pai não era o que um herdeiro deveria ser. 

Gun foi seu maior apoio. Sempre que se sentia cansado e frustrado, ele esperava na frente do balanço amarelo da casa dele, o via voltando da escola com os amigos.

E sentia o coração se apertar, queria estar ali, queria poder ir para cinema, festas...

Tudo o que ele podia oferecer para a pessoa que lhe dava tanto.

Era aqueles trinta minutos na frente da casa, que ele cruzava a cidade com o motorista particular, com Gun. Muitos desses encontros, ele apenas queria abraçá-lo ou desabafar de uma só vez suas frustrações. Mas as oito e ponto, ele tinha que estar em casa para o jantar em família.

Uma amizade entre duas pessoas de dois mundos tão opostos. O filho de uma contadora freelancer e o herdeiro de um império. Sempre seria praticamente impossível.

Imagine o amor, entre eles. Era basicamente uma história de romance que jamais existiria na realidade, mas em livros e novelas... Seria a base para os sonhos irreais de muitas pessoa.

E Off descobriu ali, aos dezesseis anos, quando viu um colega de escola roubar um beijo de Gun.

Que a forma como seu sangue ardeu... Era ciúmes.

Ciúmes esse que vinha de um amor impossível, não apenas por ser entre dois homens, mas pela exorbitante diferença de classe social.

Mas ele, não era o tipo de homem que aceitaria não ter algo que ele desejava.

Por mais que isso não fosse passar apenas de desejo em sua mente turva pelo aspecto da posse.

Se fosse impossível, ele criaria uma realidade para ter Gun para si. Como o seu mais delicioso segredo.

E ali, anos depois, brigas e términos depois.

Ele ainda tinha a mesma sede que tinha no começo.

Gun, não era alguém que ele abriria mão, sob nenhuma hipótese.

primeiro e único • OffGunOnde histórias criam vida. Descubra agora