primeiro e único • OffGun

Prólogo

As mãos dele apertavam a pasta prateada em suas mãos, com cada vez mais força.

Ele era um estagiário novo ali.

Aquela pessoa da base da empresa, aquela pessoa que podia ver os maiores absurdos, mas deveria guardar para si.

Ele era alguém, que não tinha permissão de dizer que conhecia a Gerente Contábil e muito menos que era ex colega de classe do CEO.

Definitivamente, ele não deveria nunca dizer que o CEO acariciava o rosto da gerente contábil a sua frente, com aqueles olhos semicerrados o encarando desafiantes.

O rapaz engoliu em seco, ainda sem conseguir desviar o olhar.

Jamais poderia ser ele a dizer que aquela era sua mãe, e muito menos que o CEO Off Jumpol era seu ex namorado.

A lembrança do término voltou a queimar como fogo dentro de si, trazendo consigo aquela raiva cotidiana que sentia.

Então ele apenas caminhou até a mesa, colocando a pasta ali. Ignorou o olhar assustado da mãe que finalmente o viu ali e tentou afastar o chefe timidamente.

—Como é bom ter meu enteado trabalhando aqui uhm?

—Senhor... Jumpol. —Ela começou timidamente. Mas Gun levantou o queixo e encarou o chefe da sua mãe, os olhos ardendo em chamas.

—Acredito, que aqui não é lugar para esse tipo de comportamento. Afinal, como se sentiria se entrasse em uma sala e me visse na mesma situação que o senhor?

Aquela frase ardeu no peito de Jumpol como uma bala. Ele rangeu os dentes remoendo a imagem instantânea de qualquer homem daquele prédio acariciando o rosto do garoto.

—Se os senhores me dão licença.

—Maitê... poderia nos dar licença? Quero falar com o seu estagiário. —Jumpol pediu de repente, claramente tendo ignorado o que a amante disse, afinal em sua mente agora só existia aquele rosto desafiante de Gun.

Gun era um rapaz pequeno e de aparência angelical, tinha longos cílios pretos e volumosos que se harmonizavam com os olhos grandes e redondos, que transpareciam muita doçura, exceto quando ele encarava alguém com tanta antipatia, nesse caso os olhos se tornavam fatais. Os lábios eram grossos e vermelhos como um morango, com uma aparência de apetitosos e para Jumpol não era apenas uma aparência e sim uma realidade.

Aquela boca era apetitosa.

—Ah... não é correto o senhor falar com estagiários...

—Maitê! —A voz saiu agora como uma ameaça, mas Gun apenas sorriu para o CEO e virou as costas para sair.

—Pelas regras da empresa, a gerente contábil deve me passar qualquer reclamação sobre meu trabalho. Então... o senhor pode falar diretamente com ela, como fazia.

Assim, ele virou as costas e saiu, fechando a porta delicadamente.

Do lado de fora ele mordeu o lábio com força.

—Esse desgraçado!