Os pés descalços se arrastavam pelo carpete verde oliva, o pequeno revirava os olhos irritados com o celular na orelha, ouvindo de longe o ronco suave que vinha de seu sofá.
—Eu sei, eu sei Tia... Mãe. —Gun respondeu, novamente. Maitê suspirou do outro lado da linha.
—Entende a mamãe?
—Eu sempre entendo todo mundo mãe. —Gun resmungou para a tia, apoiando o celular no ombro ao fazer o café. —Exceto papai.
—Seu pai faz isso para te proteger.
—Urrum, claro que sim.
—É o jeito dele Gun! Sua mãe confiou nele e em mim para criar você.
Mais uma vez revirou os olhos, se virando para colocar o ovo frito no prato de porcelana.
—Mãe, eu não acho que seja bem por ai... Mas que seja, eu entendo. —Respondeu soprando o café quente. —Se afaste de P'Off mãe...
—Você se afastará dele?
Gun mordeu o lábio, encarando a xícara fumegante no balcão branco, e o homem que ressonava em seu sofá.
—Não existe mais nada entre eu e ele.
—Sabe, quando ele dorme comigo... Ele murmura o seu nome. —Comentário desnecessário até a última gota. O café amargo queimou a língua de Gun, ardor.
—Acho que nossa intimidade já está além do natural, você está me falando da sua vida sexual mãe. —Por favor pare, não fale sobre P'Off
—Eu realmente me pergunto as vezes...
—Não vou falar sobre isso mãe. —Entenda o que quero dizer frisando a palavra mãe, tia.
Entenda.—Ok que assim seja! Apenas não se envolva nisso. Em nada disso, saia da empresa o quanto antes.
—Eu já disse que sim mãe. —Ele resmungou, agora desligando o celular e colocando no balcão, voltando a bebericar o café amargo.
Aquele amargor...
Seus olhos voltaram-se para o homem que dormia em seu sofá, com a roupa do dia anterior, apertou o botão do celular para confirmar o horário.
Suspiro, caminhou lentamente até o homem jogado em meio as almofadas azuis. Gun se ajoelhou, acariciando a longa franja que tapava os olhos fechados.
A máscara gélida e impassível de seu rosto, naquele momento secreto em que era só o homem adormecido e ele, se tornou o rosto doce da adolescência.
Que nunca negava algo ao Papii dele.
Mais um suspiro cansado, exausto, e seus lábios tocaram a testa do homem cansado.
—Deveria parar de se destruir assim P'Off. —O homem em seu sonho, agarrou o braço pequeno e apertou nas mãos, abraçando próximo ao rosto. A respiração quente arrepiou a pele de Gun.
Mas ele não se moveu. Apenas afundou a outra mão no cabelo espesso. Acariciando a nuca.
—É tão bonito como sempre foi né Papii?
Gun se recordava, do longo período de espera depois da aula, na enorme mansão da família de Off, perdido e confuso na sala de estar, folheando um mangá que comprara com o troco do almoço na escola.
O rapaz mais velho, fechando a porta de casa e o encarando ali no meio da normalidade de sua sala de estar. O garoto de dezesseis anos, pequeno como um de treze, sentado naquele ambiente como um adorno novo.
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primeiro e único • OffGun
FanfictionEles foram colegas de escola. Amigos de infância. Namorados de adolescência. Agora ele é o chefe da sua mãe. Mas aquele homem, ainda o vê da mesma forma que viu no passado. Seu pequeno amado. E apenas >seu DARK ROMANCE < 1º em OffGun 26/07/22