A Meretriz

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Tudo passou como um clarão para o bêbado no assento do passageiro.

Se aquilo acontecesse na Europa antiga, teria levado os dois homens dentro daquele carro a uma disputa armada pelo rapaz de rosto angelical.

Jumpol queria isso, um duelo, vencer e levar o mocinho para casa. Para sua casa.

Mas os dois se mantiveram em silêncio, naquele trajeto de algumas ruas de distância entre o apartamento dos dois.

Oab parou o carro na frente do prédio de luxo, apertando o volante em sua mão.

—Quando você vai parar de tentar fazer o Gun entrar nessa sua tortura?

Off queria rir alto da cara de pau do amigo, fala sério eles eram de famílias próximas, Oab sempre soube sobre Gun.

Da forma doente que ele costumava falar de Gun na adolescência.

Ele é só uma ficada ok? Tem um cuzinho tão apertado é delicioso meter nele.

Fechou os olhos com força, deitando a cabeça no vidro do carro, como se essa ação pudesse apagar aquelas conversas em que se gabava.

—Você queria experimentar algo que eu já comi e me fartei?

Oab riu da frase repleta de auto crítica.

—Já que está satisfeito, que tal deixar ele para quem quer?

—Seu filho da puta! O Gun não é um objeto.

—Gosto de como você age, fala como se ele não significasse nada, mas aí explode de ciúmes como qualquer doente de amor.

Off engoliu a ofensa, cerrou os dentes com força. Deus ele queria socar a cara satisfeita daquele idiota.

—Mentir para si mesmo é agradável?

—Você é patético Oab, sabe como vão falar sobre você quando se declarar gay publicamente?

—Idai? Quem eu amo não diz respeito a ninguém além de mim, se declarar hétero é uma obrigação também? Porque todo mundo pressupõe que todos são hétero?

—Droga, você é um maluco idiota.

—E você? Nasceu para pagar pelos crimes do seu pai? Afinal você abriu mão de uma vida toda para redimir sua família.

Jumpol finalmente abriu os olhos, encarando a rua, os carros se movendo e as luzes. Mas decidiu se manter em silêncio com aquela pergunta. A silenciosa confirmação.

—Gun era seu maior apoio, eu sei e entendo. Realmente entendo por que se apaixonou por ele, afinal eu também...

—Não ouse dizer isso na minha frente seu filho da puta, eu juro que eu mato você.

—Bom que seja! —Aqui era a rendição de Oab naquela conversa com um bêbado irracional. —Eu entendo que cresceram juntos, ele me contou sobre o lado dele da relação de vocês e por mim está tudo bem.

Off agora riu baixinho, encarando a rua, como se pudesse ver Gun chegando da escola, enquanto aguardava no quintal da casa dele.

—Você é um idiota arrogante. —Jumpol respondeu, ainda visualizando o garoto se aproximando com o uniforme da escola sorrindo mas de braços cruzados.

Ele vai perguntar, o que estou fazendo aqui. E eu ainda serei o seu Papii e ele será o meu Nong Gun.

Prepotente Jumpol, é isso que você é. Acha que tem algum controle sobre o que não controla. Foque-se no legado da sua família, rei que destronou o pai. Deixe meu namorado viver a vida que ele quiser.

primeiro e único • OffGunOnde histórias criam vida. Descubra agora