primeiro e único • OffGun

A Virtude

Luna tinha exatamente o que queria, sentada na sala da presidência da empresa de Oab, uma garrafa de água girava em sua mão, enquanto um rapaz de rosto angelical, rastejava no chão imerso em uma nuvem confusa e turva.

—Você deveria ser mais esperto... —Ela quebrou o silêncio, observando o seu rival cair mais uma vez no chão resmungando baixinho. —Como ele pode me trocar por você? Isso é tão patético tsc tsc. 

De fato, o rapaz que estava com a mente turva e quase inconsciente, sentindo seu corpo estranhamente desperto. Se perguntava como tinha parado naquela situação, os caminhos turvos e errados que o levaram aquilo.

No raio daqueles três dias em que saiu do paraíso, direto ao seu próprio inferno... um inferno pessoal.

Atthaphan se recordava, dos braços fortes que o protegiam, do cheiro amadeirado daquele pescoço que era todo seu, da boca que percorria o seu corpo com desejo.

Sua mente podia falhar naquele momento.

Ele podia muito bem cair no plano sujo daquela garota que tanto o desafiou e ameaçou no passado.

Mas nada poderia mudar o fato de que tudo o que ela queria e desejava, a ponto de ir tão longe e cometer um crime.

Era e sempre seria dele.

— Você... pode fazer o que quiser Luna. —Gun murmurou com a voz fraca, a esse ponto ele estava de joelhos diante dela. A mulher lhe sorriu sarcástica, ação que deu a ele todo o prazer em rir baixinho para ela. —Mas P'Off, sempre me amará.

Essa frase foi o estopim para o tapa que veio no rosto delicado. Atthaphan caiu sentado no chão, a mão no rosto e suspirando devagar, por incrível que pareça aquela ação impensada despertou um pouco sua mente turva.

Era isso, ele precisava lutar contra a droga que corria por seu sangue.

—Hoje mais cedo, por mais que você tenha tornado minha vida aqui um inferno, desde que P'Oab a trouxe pra empresa, P'Off me levou café na cama...

Mais um tapa e um grito de raiva de Luna. Gun mordeu o lábio com força, sentindo o calor e ardor de sua bochecha correr por todo seu corpo, fazendo seus pelos de eriçarem com o ódio profundo de apanhar assim, no chão, humilhado.

—Bate mais! Ainda assim... P'Off deseja apenas a mim.

Quando a mão foi erguida no ar para mais uma vez ferir o rapaz, uma mão forte a segurou no meio do caminho. E os olhos de Luna se encontraram com os de Oab.

—Se você continuar batendo nele, vou me esquecer que é uma mulher e eu mesmo vou bater em você. —Gun cerrou os dentes com raiva, tentando levantar e caindo novamente no chão. —Agora saia, quero ficar sozinho com ele.

Não, não... Espere.

—Luna... Não quer saber mais? —Ele questionou se virando para a garota que saia batendo os saltos. —Como...

—Chega Gun. —Oab disse, a porta foi fechada e com ela a esperança de salvação de Atthaphan. O medo se infiltrou por seu corpo, como o vento frio pelas janelas durante a noite. Oab abaixou para pegar o corpo leve do chão e deitar sobre sua mesa.

Gun se mexeu irritado, tentando empurra-lo com força.

—O que pretende fazer P'?

—Tirar fotos de você assim.

Atthaphan arregalou os olhos. Tentando se afastar inutilmente de novo. Oab o segurou com força abrindo a camisa sem muita gentileza.

—Para P'! Você não está indo longe de mais? Pelo amor de Deus! Me deixa em paz! —Agora o rapaz chorava abertamente, o rosto lindo molhado pelas lágrimas, a bochecha levemente inchada pelos tapas. —O que você vai fazer? Acha que P'Off não vai perceber se eu sumir?