17 - Uma nova vida

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— Cristian, acorda

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— Cristian, acorda. — pediu Arthur.

— Oi? — despertei assustado.

— Acorda, amor. Você vai se atrasar para o trabalho. — ele alertou.

— Trabalho?

Abri os olhos. E estava em um quarto que nunca vi antes. As paredes eram brancas e haviam alguns móveis espalhados pelo cômodo. Levantei, meio desconfiado, mas atento a tudo o que estava ao meu redor. O Arthur não se encontrava mais no quarto. Levanto e ando até a janela.

Uma lágrima escorre pelo meu rosto. Do lado de fora, a vida segue normalmente. Carros passam pela rua, pessoas transitam de um lado para o outro. Uma rotina longe da minha verdadeira realidade. O que está acontecendo? Eu limpo às lágrimas que insistem em sair.

— Arthur! — grito, após me sentir um pouco zonzo.

— O que foi amor? — ele questiona aparecendo só de toalha.

Arthur? Ele está diferente. Os cabelos estão grandes e uma barba bem feita desenha o seu rosto. O seu corpo está livre das marcas. Ele está lindo, mas de uma maneira diferente. Os músculos continuam no mesmo lugar, só que não existem mais as cicatrizes tão características dele. Nós nos olhamos por um tempo, eu não consigo enxergar o meu Arthur.

— Eu sei que vai parecer estranho, mas eu acho que vim parar na realidade errada. — comentei, esperando uma reação do Arthur, mas ele só riu de mim. Tive que esperar um tempo para poder comentar. — Estou falando sério.

— Ok. — Arthur limpou às lágrimas e respirou fundo. — E de qual realidade você vem?

— De uma realidade onde os zumbis invadiram a terra e vivemos em pequenas aldeias. — expliquei, cruzando os braços e me escorando na parede. — Eu não sei o que está acontecendo. — fico perdido pensando no que de fato está acontecendo comigo.

— Amor, pode ter sido um pesadelo. Calma. — Arthur me tranquiliza com um abraço. — Vai se arrumar. Vamos tomar café nos seus pais, esqueceu?

— Meus pais? — a informação caiu como uma bomba no meu colo, quase as pernas fraquejaram. — A minha mãe está viva?

— Claro. Ela é uma das cozinheiras mais aptas do Sul. Vamos, eu detesto mingau frio. — Arthur foi em direção ao banheiro e me deixou perplexo.

A minha mãe está viva. Eu, finalmente, vou conhecê-la de verdade? Depois de tantos anos olhando para uma fotografia, vou conhecer a minha mãe. Ainda nervoso abro o guarda-roupas e escolho as roupas que usarei em um dos momentos mais importantes da minha vida. Pego uma calça jeans azul, uma camiseta e um moletom branco. Coloco as peças com uma pressa ímpar e vou para a cozinha.

Que lugar é esse? Acho que somos ricos. A casa é ampla. Nada lembra a minha casa na Vila de São Jorge. Porém, a sensação que eu tenho é de não pertencimento. O Arthur transita pelos cômodos e não percebe que estou perdido. Apenas finjo costume e sento no sofá no aguardo dele.

Amor em Tempos de ApocalipseOnde histórias criam vida. Descubra agora