03 - Habilidades

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A Vila de São Jorge é quase um relógio

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A Vila de São Jorge é quase um relógio. Cada um precisa fazer o seu trabalho direito para as coisas não ficarem bagunçadas. Além da enfermaria, a Vila conta com uma horta, estábulo, cozinha e o depósito de armas. Com a queda do mundo moderno, a maioria das armas que passaram a ser utilizadas contra os zumbis foram as armas brancas e arco-flechas. Inclusive, eu sou um excelente arqueiro, o único que conseguiu abater quatro zumbis com o tiro perfeito.

Hoje, estou trabalhando no depósito de armas. Precisamos limpar todas as armas, porque é muito raro encontrar uma em bom estado, a maioria está enferrujada ou danificada. A sorte da vila foi encontrar o Alexandre, um ex-militar, que sabe fabricar projéteis, porém, a produção é demorada e não podemos sair atirando para todos os lados, cada bala conta.

Estou sonolento. Eu não preguei o olho ontem. Existe uma estranha atração entre mim e o José Ninguém (JN), o carinhoso nome que o soldado desmemoriado recebeu. Seus olhos são tão melancólicos e me fitam de uma maneira única. Eu não posso me apaixonar por uma pessoa que acabei de conhecer. Ainda mais alguém que pode representar um risco para essa comunidade. Preciso afastar os meus pensamentos dele.

Após lustrar todas as armas, eu começo a limpeza da oficina. O Alexandre é um porco. Deixa tudo jogado e desorganizado. Quase ninguém gosta de pegar esse serviço, porque demanda muito tempo e energia. Pelo menos, ninguém vem aqui durante a semana. A distribuição de projétil acontece aos domingos.

De repente, um estrondo me tira dos pensamentos sobre o JN. Eu corro para a área externa e vejo uma nuvem de fumaça no portão da área Norte. Algumas pessoas correm na direção oposta, mas eu preciso saber o que está acontecendo. Empunho o arco e preparo a primeira flecha. Um zumbi aparece e não tenho pena. Acerto bem no meio da testa do desgraçado.

Fomos treinados durante anos para embates surpresas. Geralmente, acontece quando outra comunidade quer invadir para pegar os nossos recursos. Só que mapeamos uma área grande e não encontramos nenhuma por perto. Pelo menos, no raio de 100 quilômetros para cada lado. Até a cidade de Porto Alegre está abandonada, sem qualquer vestígio de vida. Quem será que explodiu o muro?

Enfim, os arqueiros são as prioridades, porque as flechas são mais fáceis de fabricar. Atrás de nós, ficam posicionados os atiradores com armas de precisão. Não tem nenhum sinal de vida, quer dizer, tirando os zumbis que entram em uma maior quantidade. Já disparei 10 flechas e os mortos-vivos continuam invadindo a vila.

— Atletas! — um dos guardas grita em cima da torre de vigilância.

Puta que pariu. Esses são os piores. Os atletas são os zumbis recém transformados. Eles possuem uma força ímpar, assim como uma velocidade de causar inveja. Eu pego uma lança. O objetivo é atravessar o corpo do zumbi, enquanto alguém atira em sua cabeça. Um cara gosmento corre na minha direção e consigo atingi-lo no peito. O desgraçado é forte, só que alguém manda bala em sua cabeça e o infeliz morre, de novo.

Amor em Tempos de ApocalipseOnde histórias criam vida. Descubra agora