14 - Seja forte

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Na nossa frente há uma torre de 100 metros de altura. Sua estrutura é de aço puro e no topo há uma rede de telecomunicações que utiliza energia solar para funcionar. Pego todos os equipamentos de segurança e mostro a utilidade de cada um para o Cris, que apesar de confuso está confiante com o sucesso da missão.

A torre tem um formato triangular e parece ser uma construção "recente", talvez feita um pouco antes do surto do vírus H. Se obtivermos sucesso na missão, a comunicação em uma área de 400 quilômetros será possível, principalmente, os locais que tiveram os equipamentos da IBDT instalados, como a Vila de São Jorge e o Navio Nova Amsterdam.

Nos preparamos da melhor maneira possível, até encontrarmos água potável, algo de suma importância para o grau de dificuldade que vamos enfrentar. Mesmo com a tensão da missão, arrumo tempo para flertar com o Cristian.

— Você precisa amarrar esse cinto direito. — digo, o trazendo para perto de mim e colocando o cinto de segurança. — Menino descuidado.

— Depois dessa missão, eu quero passar uma semana contigo na cama. Não vou dar folga para você. — ele responde me deixando excitado.

— Pode deixar, amor. Não vou quebrar nada que você vá precisar. — brinco lhe entregando um capacete de segurança.

— Engraçadinho. — soltei, fazendo uma careta e tirando um sorriso do Arthur. — Acho bom mesmo.

Em menos de cinco minutos, faço um curso sobre como escalar uma torre de comunicação. Além do cinto de segurança e dos ganchos, usaríamos luvas feitas para a mão não escorregar. Subimos um pequeno morro para chegarmos à base da torre. O matagal tomou conta de quase tudo, ou seja, mais um motivo de preocupação.

Iniciamos a subida de maneira coordenada, um ao lado do outro. Qualquer escorregão poderia significar a morte. No começo, a gente não conversava. Foram quase 30 minutos no total silêncio. Confesso que não era tão difícil, mas o medo falava mais alto dentro do meu coração. O Cristian estava superando todos os seus limites e não queria que nada de errado acontecesse.

Eu queria respeitar o ritmo do meu namorado. De tempos em tempos, eu dava uma parada com a desculpa de beber água, porém, eu podia ver o cansaço em seu rosto. Depois de quase uma hora de escalada, o sol abriu e o vento afastou as nuvens. Olhamos para cima e percebemos uma estrutura de madeira próximo ao topo da torre.

— Como eles fizeram isso, amor? — o Cris perguntou, dando um gole em sua água e guardando o cantil na bolsa.

— Eles devem ter usado um guindaste mais alto que esse. Talvez, essa estrutura seja do início da pandemia. — chutei, porque não fazia ideia de como construíram aquilo.

Continuamos avançando. Agora, a curiosidade maior era saber o motivo daquelas pontes suspensas. Será que eles usaram como base? Lá em cima, os zumbis não tinham acesso, logo, seria o local perfeito para fugir de qualquer perigo. Por outro lado, o esforço de subir era enorme. Imagina se sujeitar a essa rotina? Ninguém é de ferro.

Fico de olho no Cristian. Ele faz umas caretas engraçadas quando está fazendo esforço. Eu acho fofo, só que a preocupação fala mais alto dentro do meu peito. O vento sopra forte e constante, eu sinto falta do silêncio, porque não escuto meus próprios pensamentos.

Finalmente, chegamos perto das palafitas de madeira. Precisamos contornar pelo lado de dentro da torre. Eu vou na frente e o Cris segue meus movimentos. Graças a Deus que tudo dá certo e subimos tudo em segurança. Sou o primeiro a subir. Desprendo os ganchos de segurança e ajudo o meu namorado, que está tremendo, não sei se é de frio ou medo.

Eu não acredito no lugar que estamos. É uma espécie de quarto nas alturas. A pessoa construiu paredes de madeira para evitar o vento forte. A cama é feita com uma espécie de palha e um edredom grosso cobre tudo. Há uma mesa no canto da parede.

Amor em Tempos de ApocalipseOnde histórias criam vida. Descubra agora