— Atrás de ti, seu imbencil! — gritou um homem, antes de socar o Cristian, que caiu no chão desacordado.
Do nada, outros dois homens apareceram. Eu esquivei do primeiro, mas a mata estava muito fechada, então, esquivar seria um problema. O cara que nocauteou o Cris correu na minha direção e entramos em uma luta corporal. Na confusão, acabei perdendo o terçado e tive que usar a força bruta.
O homem exalava um mau odor ímpar. Esse é um dos problemas do apocalipse. As pessoas esqueceram de sua higiene. No meio da briga, dou um chute no homem, que puxa uma faca e me ameaça. Os outros três homens amarram o Cristian e o levam sem cerimônias. Na distração, levo um soco no rosto, mas não tão forte para me derrubar, por isso, finjo um desmaio.
— Homem fraco. — afirma o homem me colocando em seu ombro.
O que eu fiz? Estava próximo ao suvaco do tal homem. Eu queria vomitar pelo odor, mas tive que me manter firme para não estragar o disfarce de vítima indefesa. Não andamos muito tempo, só que para mim pareceu uma eternidade. Sou jogado com violência contra algo de metal. O lugar é gelado e está molhado.
— O Ulisses achou uma mulher. — anuncia uma voz masculina.
— Achamos dois. Um deles é forte e pode ser treinado, o outro vai virar comida, só que vamos fatiar a mulher primeiro. Faz tempo que não como teta de mulher. — disse o homem que me prendeu, enquanto fechava uma porta de metal.
Puta que pariu. Esses caras comem carne humana. Vamos virar comida? Eu preciso pensar em alguma coisa, mas estou aqui deitado. Isso é tão patético. Não posso deixar o Cristian ser fatiado. Prometi ao Coronel que tomaria de conta dele. Eu sou o pior namorado do mundo. Deixei um grupo de canibais nos capturar e seremos uma refeição e tanto.
Pelo menos, os babacas não me prenderam. Eu posso pensar em um plano de fuga decente e nos salvar desta situação escrota. Abro os olhos e minhas suspeitas são confirmadas. Estou preso em uma espécie de gaiola gigante. Havia bastante sangue e resto de restos humanos próximo a mim. Eu não consigo mais segurar o vômito.
Fecho os olhos para não pensar no odor horroroso daquele lugar. Percebo que não existe mais ninguém próximo. A visão do cativeiro não é tão certa, mas estamos em uma espécie de clareira e no fundo existe uma caverna. De repente, o silêncio é quebrado com uma moça que é carregada por um dos homens. Ela grita e esperneia. A minha reação é automática, fico em pé e busco uma maneira de quebrar a porta de metal.
— Olha só, o irmão acordou, Jeremias. — Alguém bate na parte de trás da gaiola. Viro para trás e vejo um homem barbudo. Seus dentes são amarelados e podres.
— Deixem essa mulher, porra! — eu grito, batendo na grade.
— Calma, irmão. Você vai prová-la também. Precisamos de mais gente igual a você. — explica o homem, dando a volta na gaiola. — Sabe, suas habilidades são únicas e nos vão ser úteis.
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Amor em Tempos de Apocalipse
RomanceBrasil, 2045. Um terrível vírus se espalhou pelo mundo, transformando a população de todos os países em mortos-vivos. Atualmente, várias comunidades sobrevivem de forma isolada e tentam seguir da maneira que dá, principalmente, pela falta de recurso...