A grande mudança

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                  A grande mudança




“Abro meus olhos e não enxergo nada, ouço uma voz me dizendo para achar a porta, a porta escolhida para meu destino, logo me aparece uma porta preta de aço coberta por galhos secos e lírios, empurro a porta que se move pesadamente fazendo um barulho, olho o que tem através da porta mas não vejo nada. Uma luz ascende no centro do vazio e uma pessoa de roupa toda preta apare e me encara com olhos vermelhos, só vejo seus olhos antes de algo me puxar, começo a me debater na escuridão, galhos secos me prendem, eu quero gritar, mas não posso. A pessoa vem minha direção, lentamente e novamente a voz, diz para que eu volte antes que seja atarde, antes que eles me encontrem... Eu... Tento... Solt...”


Me impulsiono, levantando-me. Estou toda suada e lágrimas desciam em meus olhos, peguei meu celular e vi que ainda eram 3:00AM, não ia mais conseguir dormir, então fui até o box tomar um banho frio e tentar acalmar meu coração. Enchi a banheira e acendi alguns incensos, entrei na banheira e fechei meus olhos tentando relaxar. Pensamento dos meus anos em Cingapura enchem minha mente, eu nunca gostei de lembrar desses dois anos, foram intensos. Lembro do meu pai discutir comigo e minha mãe apoia-lo.
— Lility, não irei permitir que você se mate indo pra um lugar em guerra! – ele diz com dureza.
— Mas pai, essa é a minha decisão, eu não estou pedindo permissão. Eu vou me voluntariar como cirurgiã no hospital do centro de concentração militar em Cingapura e consequentemente vou aprender a sobreviver como militar. — Pai, você sabe que preciso disso para meu crescimento profissional e individual, não sabe? – pergunto-lhe com a voz alterada.
— Mas que droga Lily, você sabe que eu não gosto nem um pouco dessa decisão, eu sempre te falei o quão difícil é ser militar, as responsabilidades e mesmo assim você não desiste? Tudo bem então, mas não diga que não avisei. – diz por fim.
— Dolsson, não acredito que você vai permitir essa loucura, você sabe como é, e ainda assim vai deixá-la.
— E o que posso fazer Megan, você há ouviu não? Ela está decidida e é tarde para mudar.
— Só não quero que aconteça o mesmo que o Simon. minha mãe diz com os olhos vermelhos e transbordando.

Quem diria que o milionário dono de uma empresa de marketing já foi militar, é meu pai era comandante/capitão na Coréia do norte antes de conhecer minha mãe. As vezes ele contava histórias de seus anos lá, para mim e Simon, minha mãe sempre o culpou por ter deixado meu irmão se alistar. E anos depois eu também, vovó sempre apoiou tanto a decisão de Simon, quanto a minha, no dia que eu fui embora entrei no quarto dela dando lhe um beijo e em seguida deixando uma carta para que não se preocupa-se e conta-se aos meus pais, já que sempre odiei despedidas.
Confesso que minha adaptação foi dura, logo quando cheguei com os outros voluntários fomos obrigados a treinar embaixo de uma densa chuva, já que segundo eles precisávamos aguentar a tudo. As cirurgias eram insanas, quase sempre tínhamos que amputar membros dos corpos, retirar estacas de metal, farpas de madeira e projéteis de bala diariamente, fora as três epidemias que precisamos isolar as pessoas o mais rápido possível. Nos treinos éramos levados para ilhotas de pequena distância e precisávamos voltar nadando com o peso de um corpo humano na costas, corridas de 25km com barras metal, escalada, dentre outros. Lembro que quando voltei, minha mãe quase não me reconheceu já que eu tive que cortar meu cabelo em um pixie, por não ter tempo para cuidar e estava com o corpo diferente (modificado). Quando ela me reconheceu, deu um super abraço e ligou para meu pai a fim de comunicar minha chegada, nesse dia tivemos uma grande conversa por inúmeros motivos.– até hoje ainda tenho pesadelos de alguns momentos em Cingapura.

Acordo de meus devaneios com meu celular tocando, olho o número da ligação, mas não reconheço, porém mesmo assim atendo.
—Lily? – diz uma voz com o que parecia ser dor.
— Quem é? – digo com curiosidade.
— América... Eu... Lily preciso de você... – Ahh, escuto um grito estridente de dor e na hora levanto da banheira e vou correndo para meu quarto vestir-me.
— América, onde você está? O que está acontecendo?
— Lily... Dói tanto. – ahhhh, outro gemido soa pela linha.
— Amiga em 10 minutos tô chegando, só fica acordada tá bom. – desligo a ligação e pego as chaves da lux com pressa, salto em minha moto e saio o mais rápido possível. Chego em frente a casa de América e toco a campainha, uma, duas, três vezes e nada. – não teve jeito, pulei o portão e corri adentro da casa de minha amiga, chego em seu quarto e arrombo a porta, tudo que vejo são rastros de sangue em direção ao banheiro, escuto gemidos baixos e...merda...merda.
— América, querida o que aconteceu? – olho para minha amiga tombada ao lado de sua banheira com uma possa de sangue e cheia de hematomas e arranhões, sua face está pálida.
— Lily...minha madrasta...meu pa... – tenta falar minha amiga com a voz fraca.
— Meu bebê Lility...ele...– Entendi tudo na hora, o que eu mais temia aconteceu. Vou até minha amiga a examinando com cuidado, receio que ela tenha fraturado uma costela e seu bebê, bem, pela quantidade de sangue, ela certamente vai ter que fazer uma raspagem para tirá-lo, já que não saiu de forma natural.
—Querida, temos que ir em um hospital, você está perdendo muito sangue e se não tirarmos o bebê, você pode pegar uma infecção! – digo calmante.
— Lily, eu quero morrer... Por que, por quê? – ela diz entre lágrimas e eu a pego no colo com cuidado, pondo-a na cama logo em seguida. — América, eu vou descer por um momento e já volto, ok? – vejo-a assentir por um breve momento entre lágrimas. Vou para a cozinha onde pego um kit de primeiros socorros e peço para Nora uma das antigas empregadas da casa, ligar para um número que a dei e pedir para viessem nesse endereço o mais rápido possível era um caso 365. Quando estou voltando para o quarto de América ouço gemidos e não acredito.– jura que estão transando, depois de espancar a filha? Não... Senti uma raiva tremenda me consumir e assim tão simplesmente derrubei a porta, era como se não tivesse mais consciência de meus atos. Lá estavam rindo e trepando quando a porta caiu, suas expressões foram de alegria a confusão em um milésimo de segundos.
— Mas que droga é essa? – diz a vaca da madrasta de América dando um chilique.
— Olha lá, como é ser fodida por um coroa com o dobro de sua idade, depois de espancar a filha dele. – digo com deboche.
— Mas que merda é essa que você está falando Lility? – pergunta se fazendo de inocente, porém sinto subitamente um cheiro estranho e não, não é o gozo dele em cima da vaca.
— Porra Elton, não vai dizer que você não viu os gritos estridentes da sua filha lá encima? Para vai, você me deixa enojada. – digo cansada dessa farsa e sabendo que preciso subir.
— Olha aqui sua putinha, como ousa atrapalhar o momento íntimo dos outros, eu não sei do que você está falando e nem desejo saber, então se manda do nosso quarto e vai fofocar com a América de uma vez seja lá o que te trouxe aqui a essa hora da manhã! – diz com um ar de deboche e eu não aguento, perco mais uma vez a minha consciência e meus próximos atos vem como labaredas ardentes, me senti em chamas, como o próprio lúcifer. Agarro a vaca pela canela cravando minhas unhas em sua carne que de imediato é perfurada, um grito estridente saí de sua garganta e me sinto contente, aperto com mais força e ouço um som de ossos quebrando, não sei como, mas quebrei os ossos de sua panturrilha, dou-lhe um soco em seu nariz perfeitinho e sangue escorre... Tive a sensação de que horas haviam passado, mas foram 5 minutos e que tempo maravilhoso.
— Me ouçam com muita atenção, nunca mais encostem um dedo na América e jamais, jamais contém nada a ninguém sobre o que aconteceu aqui, me entenderam? – falo em tom de ameaça e saio do quarto indo em direção as escadas.
Quando chego a porta do quarto, meus olhos se arregalam e eu corro em direção de minha amiga que estavam suspensa com uma fronha sob o pescoço, seguro América pelas pernas e ergo-a tirando seu pescoço dali.
— América, meu deus... – pego seu pulso e tento medir seus batimentos cardíacos, eu não acredito que minha amiga tentou se suicidar. A ajuda enfim chegou.
                       
                                [...]

O quadro de América não era bom, ela perdeu muito sangue e a demora para tirar o bebê causou uma infecção drástica, minha amiga estava na sala de cirurgia a mais de 12 horas e eu estava surtando, pra piorar eu preciso pegar um voo amanhã às 20:00PM, mas como posso ir e deixá-la? Landon estava comigo e não parava de tremer, estava preocupado e com medo de perde-la, eu sabia que América iria para a UTI, como médica preciso ser sincera comigo mesma, minha amiga tem 30% de chances para sair viva e 70% de chances para ter sequelas irreversíveis.

Sábado – 2:00AM (madrugada)

América saiu da sala e como esperado foi direto para a UTI, o médico que conversou comigo foi um dos meus internos, (alunos) e por isso foi muito sincero sobre o quadro de minha amiga. A verdade é que América sobreviveria, porém ficaria estéreo por consequência da demora para retirar o feto, tinha fraturado duas costelas e o braço direito, ele não tinha certeza quando ela acordaria e quando acordasse certamente estaria muito confusa, a depressão era certa, seu tratamento seria demorado e seu quadro era muito sensível.
Contei o que o médico disse para Landon de forma mais suave, mas ainda assim ele desmoronou, literalmente, às horas passaram voando e por um milagre América acordou, fomos visita-la e eu precisava vê-la uma última vez antes de partir eu não poderia ficar.
— América, como você está meu docinho? – disse pegando sua mão.
— Bem, eu acho.– disse dando um sorriso fraco.
— Amor? – Landon apareceu pela porta e logo senti minha amiga apertar minha mão com força.
— Landon, pode esperar um pouco lá fora? – digo entendo os sinais de América.
— Ah, bom... Tudo bem. – Por fim saiu.
— Lility e se ele não me perdoar? E se ele me deixar?
— Oh querida, ele não vai te deixar, ele te demais! Sabe desde que você chegou no hospital ele está aqui, e não saí de perto um minuto sequer. Ouvi dizer que ele pegou os plantões da UTI a semana toda, só pra ficar mais próximo de você. – exclamo em seguida dando um beijo em sua testa.
— Você tem que ir não é? América me olha com os olhos já embargados.
— Receio que sim minha querida, mas olha, eu não vou deixar de te ligar um dia sequer, tudo bem? Você sabe que eu te amo e se pudesse ficaria com você até você ficar 100%.
— Não! Você não pode ficar, você tem que ir, é o seu futuro que está em jogo e eu séria egoísta se te obrigasse a ficar. – Ela diz por fim, deixando as lágrimas escaparem.

                             [...]


Hey pessoal!! A margarida retorna, desculpa a demora para atualizações da fic, estava com o tempo corrido!!!

( Tenho uma outra fanfic, chamada Caminhos distintos; Vão lá e leiam, garanto que não vão se arrepender ❤️)

Por favor não esqueçam de interagir nos comentários, seguir a conta da margarida aqui e deixar seu ❤️ no final dos capítulos.  Espero que estejam gostando da nossa fic, até a próxima, kisses 👄

In ItáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora