In Itália

5.

                                5.
             

  Quando cheguei no hospital tudo parecia correr em câmera lenta, mal havia passado pelas portas quando sirenes vinham chegando ao longe, acidentes múltiplos, o hospital lotou de macas com pessoas em estado crítico. Saio do transe com um barulho de discussão vindo da UTI. – mas quem pode ser o imbecil que está grasnando dessa forma?. – Pego meu jaleco e sigo para o quarto da paciente.

— O que está havendo? Por quê toda essa discussão? – Digo cansada da minha corrida.
— Doutora, que bom que chegaste. A situação está cada vez mais crítica aqui, fora os múltiplos acidentes que estão chegando, o hospital está passando por uma superlotação.
— Me dê as informações sobre a paciente! – falo, mas antes que a enfermeira comece, é interrompida por um grito. — Merda, vocês vão mata-la!!!

Corro para ver o que está acontecendo e me deparo com a paciente tento uma ataque cárdia e um homem que creio ser o responsável problemático, impedindo que o médico possa fazer o procedimento. Passo por eles, pego o desfibrilador e conecto no corpinho trêmulo, assim começando o processo de RCP. Os homens a minha frente pararam na hora e ficaram observando, pedi para que todos se retirassem do quarto, mas ainda sim aquele homem teimoso seguiu me amolando.

— Olhe aqui signore, se não quer ver a senhorita Jasmine perder sua vida aqui, na sua frente, peço que retire-se desse cômodo já! E assine o termo que foi pedido pela enfermeira. – falo sem um pingo amais de paciência.
— Tragam uma 20mg de adrenalina! – grito.
— Aqui doutora, eu preciso tirar minha filha daqui, você não entende!!! — Mais que merda, caralho! – disse com tamanha fúria.
Dois homens levaram o bruta montes para fora do quarto. – oh merda, essa garota está com um dos pulmões comprometidos, precisamos de uma cirurgia de emergência. Lembro de já ter tratado de casos assim em Cingapura, um dia quando uma fábrica pegou fogo e desmoronou, muitas pessoas chegaram no hospital com casos graves de insuficiente pulmonar e fraturas graves por todo o corpo, foram muitas cirurgias de emergência.

Estabilizamos o caso da garota e de imediato fomos a cirurgia, como eu pensava, ela estava com uma mancha no pulmão de algum impacto antigo, foi bem difícil de retirá-lo e não causar danos na paciente, a recuperação dela certamente levaria meses e seria dolorosa. — Signora, a pressão sanguínea da paciente está muito alta. – ah não, uma hemorragia.

— Peguem gases, rápido!!! – grito.
— Preparem os familiares para uma possível transfusão  de sangue.
Começo a estancar o sangue, mas não para de sair, a pressão dela está muito alta, a probabilidade de um AVC é gigantesca.

                               [...]
  

– Ferhat –

Estou ficando louco, minha filha está nesse exato momento em uma cirurgia e pode morrer, poderia ser qualquer um ou até mesmo eu poderia morrer mas, Jasmine não, não minha princesa.
Preciso descobrir quem foram os filhos da puta que pensaram em me atingir de forma tão baixa, vou fazer questão de dar um tratamento bem especial e fazê-los derramar lágrimas de sangue.

— Signore por favor, pedimos que nos acompanhe até a coleta!
— Até o que? – mais o que raios é coleta e o que acham que vão coletar.
—Oh, é... Vamos  coletar sangue  para repor os que foram necessários na cirurgia! – disse com receio.
— Tranquilo.

Horas haviam se passado e nada da minha menina, maldita angústia que não me deixa em paz, me fizeram tirar sangue e não tenho a mínima ideia pra que seja, pra completar os imbecis não conseguiram encontrar quem fez isso.

Lembro que isso já aconteceu antes com dois dos meus melhores homens, batidas similares, todos mortos por tiros silenciosos, porém os desgraçados nunca foram encontrados, mas agora eu estou no caso e não vou parar até encontrá-los. – Ouço uma voz me chamar, olho o relógio 3:00AM, levanto e a encaro.

— Buongiorno! Então Signore...Ferhat, a cirurgia de sua filha foi delícia, contudo conseguimos o esperado. Agora iremos enviar a parte retirada do pulmão para a biópsia para termos certeza que no futuro não a cause danos. – Disse com a maior calma, mas conseguisse perceber o cansaço em seu olhar.
— Onde está Jasmine? Quero vê-la. – Digo sem paciência.
— Então, receio não ser possível, no momento ela está no pós cirúrgico em observação e de seguida será enviada para a UTI onde terá maior atenção. Além disso o senhor não conseguiria conversar com ela, já que está em coma induzido. – falou com voz neutra.

Merda, como assim coma, pior que a morte uma morta viva. Malditos desgraçados que fizeram isso, mas logo os darei uma grande diversão. – O telefone toca e eu atendo.

— Fratello, achamos os desgraçados! – Disse a voz ecoando como música em meus ouvidos... Ahh, é hora de me divertir.
— Os levem para o galpão e prenda-os  na cadeira mágica! – Digo caçoando.
— Okay, vou preparar as melhores brincadeiras, ci vediamo dopo.
— Fino al! – Desligo o telefone e saio sem dar mais uma palavra a médica a minha frente.