Capítulo 16

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                                                  Capítulo 16

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                                                Capítulo 16


Como eu queria te encontrar mais uma vez.
Pra te dizer as coisas, que eu não te falei.
Nem sempre a gente tem palavras
Pra falar de coração
E agora meu silêncio me deixou na solidão.

(Nada apaga essa paixão/ Mauricio Mattar)

                          Lívia

    A hora era chegada, não tinha mais pra onde correr. De frente pra porta de Diogo, eu tentava controlar minha respiração.
Não queria começar essa conversa, acredito que a mais difícil da minha vida, como eu queria fugir daquele lugar!
Mas, lembrei-me da conversa que tive com a minha mãe mais cedo, suas palavras ainda ecoavam dentro de mim:

" Você não pode voltar ao passado para corrigir os erros cometidos. Mas pode fazer uma nova história ."

    Respiro fundo e toco a campainha do apto de Diogo. Hora de enfrentar meus fantasmas e tentar mudar essa história.

    - Oi- digo baixinho quase num sussurro, quando Diogo abre a porta.
    - Oi, entra – responde seco.
Entro toda ressabiada, e vou seguindo até a sala, e que sala, tudo tão grande! Dá até medo de sentar no sofá de tão branquinho, fico de pé esperando qual a reação dele pra tentar copiar, ele faz um gesto pra que eu me sente. Vou com medo mesmo, torcendo pra que não tenha sentado em nenhum banco sujo no ônibus.

    - Quero começar te agradecendo, por marcar essa conversa de uma forma mais privada, não seria legal ter essa conversa num local público, afinal esse assunto é um pouco íntimo.
    - Não sou eu, que não penso nas consequências das minhas ações Lívia!

    -Da forma como me respondeu, vejo que vai ser mais difícil do que eu imaginava.- digo já bufando.
   - Tudo bem, vamos tentar de novo.- Ele passa a mão pelos cabelos e respira fundo.
    - Desculpe! - digo
    - Não peça desculpas, por algo que não se arrependeu! - Diogo me responde entre os dentes.
Meu sangue começa a esquentar
    - E como sabe que não me arrependi? Virou vidente agora!? – Digo num tom mais alto.

Diogo me analisa, com os olhos tão frio, respira fundo e passa mão pelo cabelo de novo.
    - Vamos tentar novamente, quer alguma coisa?
   - Uma água por favor- ele levanta vai buscar, me entrega e eu praticamente bebo tudo numa golada só, e mesmo assim minha garganta continua seca.
    _ Quer mais?
   - Não obrigada.

Ele senta de frente pra mim, me olha com um olhar de dor e mágoa.

   - Por que!? – Essa pergunta sai com tanta dor, que chega a doer em mim.

    - Diogo, é muito complicado.
   - Só fala, descomplica...
   - Por que você fugiu?
   - Por que me abandonou?
    -Por que escondeu minha filha de mim!? E nem adianta dizer que ela não é minha filha, a menina é a minha cara!
   - Nunca mentiria sobre isso! - Digo
    - Então começa a responder, quero realmente acreditar no que você diz! -
Pondero. O que vou dizer? Afinal é a família dele, mas as lágrimas já descem de uma forma que não consigo conter.
    - Diogo, é...é...é....
    - Não adianta ficar desse jeito, você só sai daqui, depois de me contar toda a verdade, e, mais uma vez torno a dizer: Quero acreditar no que você diz. -Tento me conter, peço forças a Deus e começo.
    - Eu... Eu descobri que estava grávida quando você não me ligava mais, e nem me atendia...
    - Passou pela sua cabeça, que algo tinha acontecida pra que eu não te ligasse!?
    -VOCÊ SUMIU DIOGO, EU NÃO SABIA O QUE FAZER! - Digo já gritando.
    - Eu perdi meu celular quando fui a um povoado, ele caiu quando fui atender um garotinho que estava preso nos escombros. Mas, por que você não foi até a Diana? Eu tinha deixado essa recomendação, você sabia...
    - Tem noção de como eu fiquei, quando consegui um novo celular e você não me atendia!? Ninguém sabia de você, e eu em outro continente! Eu sem poder te procurar, contando com a ajuda de poucos, mas nada adiantou... Tem noção da dor, que eu senti quando a ficha caiu, que você tinha me abandonado!? –Eu fui nessa missão, não só por mim, eu fui por nós! Eu te amava, mais que tudo Lívia! Até mais que eu, talvez esse foi meu erro. Acreditar que você me amava tanto quanto eu te amava.
Eu via um futuro pra nós dois.

Deixo ele desabafar, mesmo que sua palavra me doa, como socos no estômago. Mas ele precisava disso, era muito ressentimento guardado e saber que eu fui a causadora disso, mesmo não intencional, estava me matando.

    - Desculpe Diogo! - Suplico com lágrimas rolando, quando consigo olhar em seus olhos, Diogo também está chorando.
   _ Engraçado, ele sorrir sem humor. – Desde que inventaram a palavra desculpa, todos se sentem no direito de fazer o quiser, acreditando que em uma única palavra vai acabar, com tudo. Mas não é assim Lívia!
    - Não era só sobre nós, sua grande egoísta! Era sobre a menina também. Eu tinha o direito de saber.  Se você procurou e não me achou, por que não foi até a Diana como combinamos
   - Mas, eu fui- digo já cansada.
   - Foi!? – Responde surpreso.
    - Fui Diogo, não consegui falar com ela, mas deixei um bilhete na porteira da fazenda, com o segurança que estava lá.
    - Ela nunca me falou de bilhete, algum.
    - Não sei ao certo, se ela recebeu. Mas, o que sei é que....
   - O que Lívia? O que você sabe?
    - Tem certeza, de que quer saber? Esqueça, pensa no agora, no futuro com Ana Luiza.- Digo tentando fugir desse assunto mais uma vez.
    - Diga de uma vez Lívia! – Diogo praticamente rosna.
    - Sua mãe e sua irmã Catarina sabia da gravidez- digo num fôlego só, sem nem ao menos respirar.
   - Elas foram até minha casa, me ameaçar...
    - É O QUE !?
    - Isso mesmo, que você ouviu. Eu não sabia o que fazer. Pensa comigo Diogo: Eu tinha 19 anos, você estava longe, não me atendia, elas me ameaçaram de tomar Ana Luiza de mim, eles têm poder e dinheiro. Que chance eu teria de brigar, pela minha filha? Ela era o único laço que eu tinha de você.
Não sobreviveria, se arrancasse ela também- choro tanto que perco as forças nas pernas, pois no alto da nossa exaltação, estamos de pé, e Diogo me abraça. Não sei como pude viver longe desse abraço, esses braços são meu lar, ficamos abraçados por um tempo, eu sentindo seu cheiro, aquele cheiro tão familiar. Acabo não resistindo e o beijo, no queixo, passo meu nariz coma carícia tão intima, como senti falta desse cheiro, Diogo resiste a princípio, mas caba correspondendo, quando percebo nossos lábios já estão colados num beijo de reencontro.

Diga que, você não me esqueceu...
Que ficou uma saudade, em cada canto que se perdeu...
Não consigo arrancar você de mim...
É desejo, é paixão.
É você dentro do coração...

    O beijo é sentimental, saudoso até. Um beijo com carinho, com cuidado. Um beijo de reconciliação, sem loucura, um beijo em forma de cura, de cicatrizar nossas feridas..., Mas Diogo, lentamente se afasta, e a ausência de seus lábios é como se meu ar estivesse indo junto.

    - Não é assim, que conseguiremos resolver as coisas Lívia.
    - Eu sei, desculpe- digo sem graça.
    - Pare de se desculpar- ele respira fundo e diz:
    - Como vamos contar a Ana Luiza, sobre mim?
    - Ela é muito nova Diogo, acho melhor esperarmos...
    - Esperar o que? Mais 5 anos!?
    - Não é assim Diogo, calma.
    - Eu juro que estou tentando ser centrado nessa história. Mas não estou conseguindo.
    - Eu, eu entendo, mas te peço um pouco de paciência, talvez introduzir você em nossas vidas aos poucos, ou com um psicólogo.

    - Tudo bem Lívia, você tem 1 mês. 30 dias e nada mais!
    - Mas Diogo...
    - Sem mais Lívia! 30 dias se você não contar, eu vou agir do meu jeito.
Saio do apto atordoada, como vou resolver isso! Chego em casa, minha mãe tinha ficado de buscar Aninha na escola, agradeci por não ter ninguém em casa, acabei entrando no chuveiro de vestido e tudo, tentando lavar a alma que chorava mais, que meu corpo físico. Tento me recompor pois minha florzinha esta pra chegar. Visto somente um roupão e fico na cama. E ela chega, com toda sua luz, seu amor, minha florzinha...
    - Tá Tliste mamãe?
    - Não filha, só um pouco de dor- tento engana- lá
   - Beijo de filha também cura? - Ela me olha com seus olhos verdes como o da família do  pai.
Ao olhar pra Ana Luiza, não tem como não lembrar de Diogo, e a dor torna- se ainda maior.
    - Claro que cura! É um santo remédio- digo.
    - Então, toma seu remedinho mamãe- com essas palavras, minha florzinha me dá um beijo e o abraço mais gostoso que já senti na minha vida.

   Aí gente, já disse que amo Ana Luiza?Essa menina dá vontade guardar num potinho...
E esse reencontro...
O que será que Lívia vai fazer agora.
Nos encontramos na próxima semana.
Bom feriado. Beijos !

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