Prólogo

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Oi pessoal, vou deixar o prólogo, pra vocês ir conhecendo a história de Diogo e Lívia

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Oi pessoal, vou deixar o prólogo, pra vocês ir conhecendo a história de Diogo e Lívia

                  Prólogo

Diogo

Ede ! (Socorro em haitiano) Ede!, o tilintar de algo em ferro, vem junto como num sussurro. Apuro minha audição. _ gente falando...
-Pessoas chorando, numa mistura de medo e desespero...
_ Bombeiros sobre os escombros do terremoto, cão latindo...

O cenário terrível de devastação. Mesmo estando "preparado", para as piores cenas, como cirurgião vivenciamos coisas que nem todos tem estômago pra assistir. _ Ede! Ede! E o tilintar continua, cada vez mais fraco.
- Tá ouvindo isso, Beto? - O que Diogo? - Esse pedido de socorro, com uma voz bem fraquinha e um tilintar de ferro. _ São muitos pedidos de socorro. Na moral, nem sei porque nos designaram, como socorristas. Somos cirurgiões! - Beto reclama.

- Sim, somo cirurgiões, mas estamos aqui pra salvar vidas, não importa como.
Se tiver que cavar esses escombros com minhas próprias mãos, não me importo. Na fazenda, não deixava nenhum animal pra trás diante de qualquer circunstância. Quanto mais uma vida humana! – O respondo.
- Certo cara, desculpe. Isso aqui mexe com qualquer um.
- aperto seu ombro, como uma afirmação.
Beto é um carioca, cirurgião como eu, foi designado a servir no Haiti, pela marinha em missão de paz. Nossa função é a cirurgia. Mas, excepcionalmente hoje fomos designados para ambulância. _ Ede! Ede! E o tilintar continua, mas parece que é o sentido oposto a que todos estão.
- tem alguém pedindo socorro, daquele lado- digo a Beto.
- Será cara? as buscas estão concentradas mais adiante.
- Tlim, Tlim – agora somente o tilintar...
vou caminhando de encontro ao barulho.
- vai pra onde Diogo? Cara temos que ficar aqui de prontidão.
- Ede! Ede! E o tilintar, cada vez mais fraco.
Sei que deveria estar de prontidão, mas a adrenalina já tomando meu corpo, a mesma sensação de quando vou entrar em cirurgia com a possibilidade de salvar uma vida, é o que eu sinto. – Vou seguindo o rastro do tilintar, o caminho vai ficando cada vez mais difícil, tudo escuro me impossibilitando de enxergar qualquer coisa.
Não estou com lanterna forte, somente a lanterna clínica, que não vai me ajudar muito no momento.
- Droga! Acendo a lanterna do meu celular e dou um jeito de colocar no bolso da frente, pra tentar tirar as pedras um pouco do caminho.
- Ede! Ede! E o tilintar...
a voz apesar de fraca e fina, fica cada vez mais audível, consigo retirar algumas pedras.
Vejo um bracinho fino se mexendo, com uma pedra na mão, batendo em algo de metal.
- Peux-tu me comprendre? – (Consegue me entender?) – Pergunto em francês.
Uma das línguas nativas da região- falo inglês e um pouco de francês, mas não consigo ainda me comunicar em crioulo Haitiano, até entendo algumas palavras, mas ainda não consigo pronunciar corretamente.
- Ouais ( Sim), a criança me responde em francês.
Ainda não consigo definir se é uma menina ou um menino, parece que tem um corpo por cima, vejo somente seu bracinho tão fino, que se puxar com um pouco mais de força, é capaz de quebrar.
- Ça m'aide ( me ajude, em francês)
- Reste calme, on va te sortir de lá. (Fique calmo, vamos tirar você daí em francês) ouço um respiro de alívio, ainda que fraco. _ Cherche-la pour déménager. (Procure não se mexer), digo a ele, em francês.

- D'acord (ok) ele me responde.
-Beto! Peça socorro, tem alguém aqui! – Grito em português mesmo, pro meu colega de trabalho.
- Á láide ! (Socorro, ajuda! Em francês) - Ouço os gritos de Beto e vejo sua mobilização.
- Láide este em route (A ajuda está a caminho, em francês) – digo pra criança. -Pego meu celular do bolso e tento clarear um pouco mais perto, tentando tirar os escombros menores com a outra mão. Não sei como me descuidei, mas, meu celular cai entre os escombros.
- Droga! – É só o que eu consigo pensar no momento. Homens se aproximam com cães farejadores.
- ICI! (Aqui em francês) ICI ! – Digo levantando os braços pra se localizem melhor, quando se aproximam me afasto, deixando-os concluir seu trabalho.

Com a sensação da Dopamina (hormônio do bem estar, em relação a conquista de algo...), sendo distribuída sobre meu corpo.
Depois de algum tempo, conseguem retira- ló dos escombros e vejo que é um menino, com a perna dilacerada, com o osso a vista, seu corpo já debilitado pela desnutrição, ainda luta pela sobrevivência.
- Petit Guerrier (pequeno guerreiro em francês)- digo prestando os primeiros socorros, e , ele sorrir, um sorriso que chega aos olhos... Um sorriso de gratidão, mesmo com toda a devassidão ao nosso redor, ele sorrir com a alma.

Não consigo explicar, o sentimento ao qual eu sou tomado, apesar de ter perdido meu celular, com todos os contatos importantes em outro país, sabendo que isso vai me render uma bela dor de cabeça. Consigo sentir pra o que realmente eu fui chamado. Amo a minha profissão.

3 dias depois...

- Como assim, você não consegue achar Lívia, Diana!?

-Não sei Diogo! Nem ela, nem sua mãe, parece que a casa está vazia, a vizinha disse que viu as duas sair com 2 malas e algumas sacolas, mas não se despediram de ninguém.
- FORAM PRA ONDE! – Grito com ela.
- Gritar comigo, não vai adiantar meu irmão- Diana me responde como se o mundo não estivesse caindo sobe minhas costas.
- Desculpe Diana! É que, eu fiquei incomunicável somente por 3 dias, e de repente tudo muda. Estou em outro continente, não consigo fazer nada por aqui- digo com pesar.
- Calma Diogo! vou tentar sondar um pouca mais.
- Obrigado, minha irmã, vá me deixando a par de tudo, por favor. Não exite em me mandar mensagem, a qualquer hora do dia ou da noite. _. Tudo bem, vou te dando notícias. Beijos fica com Deus.
- Fica com Ele, também- me despeço da minha irmã, com um aperto no peito, uma sensação de sufocamento. Como se o ar, que eu respiro não fosse o suficiente.
- Diogo, tá tudo bem? – Beto me pergunta.
- Não consigo respirar- digo com dificuldade.
- calma cara, parece que você tá tento um ataque de pânico.
- senta aqui comigo – ele me orienta.
- feche os olhos, inspira profundamente e expira, lentamente pela boca.
Faço como me orienta. Mas a dificuldade de respirar, vai além...
_. Onde está Lívia? Minha florzinha, meu oxigênio...

Por onde quer que eu vá...Onde histórias criam vida. Descubra agora