Trentadue

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Observo ele me olhando atentamente nos olhos, soluço e ele muda a expressão me abraçando

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Observo ele me olhando atentamente nos olhos, soluço e ele muda a expressão me abraçando.

- Desculpe ter te deixado assim - diz, ele me olha novamente e respira fundo - Eu te falei tantas coisas e mesmo incomodada não me falou nada, mas pode falar tudo que te incomoda amor, não guarde só para você por favor.

- Eu... Eu só estou cansada de tudo Rocco - falo e ele me olha engolindo em seco - E com medo, eu passei todo esse tempo quieta e só aceitando suas vontades porque eu não queria que ficasse triste comigo, aceitei até mesmo o fato de não querer um filho, mas aconteceu e não foi porquê eu quis, só que você podia não pensar isso, e entre eu perder meu filho vendo ele sendo tirado de mim, eu só tive um pensamento de que preferia morrer com ele.

- Me perdoe meu amor - pede me abraçando enquanto choro - Eu nunca achei que isso poderia acontecer, se imaginasse que aconteceria conversaria com você sobre para evitar tudo que aconteceu.

- Eu amo você Rocco e não teria um filho para ficar com você, mas não vou ficar sem meu filho por sua causa, não agora que tem alguém aqui dentro - abraço protetoramente minha barriga.

- Eu não vou pedir para tirar ou tirar ele de você após o nascimento Karin, já disse e repito que cuidarei de vocês a partir de agora - diz me fazendo o olhar.

- Então está me dizendo que de um dia para o outro quer ter um filho e não tem mais bloqueio? - questiono meio irônica.

- Não estou dizendo isso, pois estaria mentindo Karin - diz sério - Mas se é algo que pode ser trabalhado eu vou fazer, por você e por quem estiver aqui dentro.

Ele tenta tocar minha barriga e me afasto vendo ele apertar as mãos e suspirar.

- Eu prometo olhando em seus olhos que vou cuidar de tudo Karin - diz e vejo seus olhos ficarem tristes - Mesmo que escolha ir embora.

Rocco segura minha mão e beija elas, sinto suas lágrimas caindo na minha mão e ele me aperta em um abraço.

- Eu te amo, de verdade amo você além de tudo Karin - diz - Mas se não sentir bem ao meu lado e não me quiser vai poder ir embora assim que o bebê nascer, por enquanto ficará aqui para que dê tudo certo na gravidez, eu cuidarei de você e de suas necessidades sem segundas intenções - ele se afasta me olhando e toca meu rosto, abro a boca para falar e ele põe o dedo impedindo - Está tudo muito recente, então até o nascimento do bebê, eu só cuidarei das suas necessidades, quando ele nascer você decide se quer ir ou ficar.

Lágrimas descem pelo meu rosto e ele limpa dando um sorriso fraco, sinto um selinho ser deixado em meus lábios e ele se afasta.

- Vou organizar algumas coisas e talvez possamos ficar um pouco lá fora, não é bom que fique somente no escuro, lá tem um sol brilhando e a água para observar enquanto descansa - diz e sai do quarto.

Soluço e tento não pensar no que ele disse agora, eu acho que realmente não é bom tomar decisões em momentos de fortes emoções.

Mas não vou mentir e dizer que minha vontade é de ir embora, dentro de mim há muitas inseguranças e medos.

E se ele nunca curar esse bloqueio? E se odiar o bebê e um dia quiser tirar ele de mim?

Sei quando ele é sincero, mas sei também que o psicológico gosta de brincar com a gente.

- Vamos? - diz aparecendo no quarto - Se quiser nadar um pouco pode colocar um biquíni, o mar está calmo.

- Só ficarei sentada mesmo - falo e ele assente.

Coloco os pés no chão e me levanto, ele vem para meu lado e fico o olhando, Rocco suspira e anda ao meu lado.

- Deixe-me ir na frente - diz descendo as escadas devagar - Desce devagar.

Vou atrás dele e descemos as escadas, pelas janelas de vidro vejo o mar a nossa frente e saímos.

Caminhamos até um sofá que há do lado de fora e me sento olhando o mar e sentindo a brisa, vejo Rocco me observando e suspiro pedindo para que dê tudo certo durante minha gravidez.

Um tempo depois...

Desço as escadas devagar, seguro com força o corrimão com medo de cair, sinto minha barriga roncar e caminho para a cozinha procurando algo para comer.

Vejo na geladeira uma vasilha e pego vendo frutas cortadas nela, deixo na bancada e vejo uma calda de chocolate, coloco um pouco na salada de frutas e pego um garfo.

Caminho para fora com a vasilha e me sento na varanda, estico os pés e deixo sobre a mesa de centro, começo a comer e solto um suspiro de satisfação.

- Karin? - ouço Rocco chamar com preocupação na voz, antes que eu responda ele aparece do lado de fora e respira aliviado ao me ver - Você desceu as escadas sozinha?

- Uhum - murmuro comendo - Estava com fome.

- Por que não me chamou? Se você escorrega e se machuca? - questiona chegando perto de mim - O que está comendo?

- Só salada de frutas - respondo continuando a comer - Quer?

- Não obrigado - diz e senta ao meu lado, continuo a comer e vejo ele me observando.

Já se passou quase dois meses desde que tudo aconteceu, ele realmente tem cuidado de mim e do bebê que ainda não conseguimos ver o sexo, ele contratou uma psicóloga e tenho feito acompanhamento, não sei se ele está fazendo também, como está a questão com o bloqueio que tem.

Não conversamos sobre isso, ele realmente tem feito tudo ser sobre mim, mas me sinto estranha, eu sinto tudo a flor da pele ultimamente, ele cuida de mim, mas não como antes, não consigo sentir que ainda me ama.

A psicóloga disse que talvez esteja pensando isso pela criação que tive, lá foi um lugar onde fomos criadas para sermos esposas robôs.

De modo que tudo que vier a acontecer nos faz se sentir culpadas e tentarmos resolver isso.

Eu percebo que dentro de mim ainda há muitas inseguranças e eu não tive coragem de conversar com Rocco sobre isso, e a psicóloga disse também que conversa é a base de tudo.



Rocco - Entre Dever e Poder - Série Santinni's Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora