Ethan havia implorado para comprar um presente de natal para seu pai, segundo o mesmo, precisava escolher algo muito especial que no fim resultou em ser um carrinho de brinquedo do papai noel.
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Eu jamais teria coragem de recusar seu pedido de dar aquele presente. Talvez Andrew acharia muito engraçado o presente, mas mesmo assim havia sido escolhido com muito amor e cuidado por nosso filho.
Eu por outro lado, havia feito meu próprio presente. Desde pequeno venho preparando seu álbum, e embora fosse meu, eu tinha todas as fotos salvas e poderia produzir outro para mim. Nesse álbum haviam todas as fotos dele, até mesmo algumas minhas quando estava grávida.
Eu amava presentes com significados.
Quando nos aproximamos novamente, Ethan estava encantado com o tamanho do presente dele. Andrew segurava firmemente em seus braços até agachá-lo e colocá-lo na grama em sua frente.
Eu jamais esperaria que ele houvesse comprado uma bicicleta. Ethan estava encantado por ser do homem aranha e estava quase babando na bicicleta.
— É o melhor presente que já ganhei. — Falou entusiasmado, fazendo com que eu fechasse a cara no mesmo instante.
Andrew riu com a minha atitude, o que me fez rir também.
— No primeiro natal seu, você já consegue superar todos os meus presentes. — Reclamei fazendo-o rir novamente.
Não demorou para que Oliver se aproximasse para ajudar Ethan com a bicicleta, nos deixando mais uma vez sozinhos.
— Isso é para você. — Falei ao entregar, sentando-me logo em seguida em uma espreguiçadeira na beira da piscina.
— Você comprou um presente? — Perguntou surpreso.
Não respondi, apenas fiquei olhando-o sentar-se à minha frente e abrir a caixa, deparando-se com o álbum de fotos. A medida que ele folheava uma página, seus olhos iam se enchendo de lágrimas.
Sorriu para mim em meio as lágrimas.
— Esse com certeza é o melhor presente que já ganhei na vida. — Afirmou. — Obrigado pelo Ethan.
— De nada. — Agradeci sem jeito. — Estamos indo agora, iremos abrir os presentes quando chegarmos.
— Tenho algo para você também. — Avisou.
Andrew deitou de dentro do bolso da calça uma caixinha e a entregou para mim. Se ele não estava esperando ganhar nada de mim, imagina eu dele?
Assim que abri me deparei com o anel que havia me dado em um colar, como se fosse um pingente. Encarei seus olhos que estavam conectados aos meus e parei para pensar que se ele me convidasse para fugir dali, eu não pensaria duas vezes.
— Você guardou? — Perguntei impressionada.
— Naquele dia quando você foi embora, quer dizer, quando eu a mandei embora e você deixou sobre a mesa, eu simplesmente não consegui jogá-lo fora. — Afirmou. — Eu já estava destruído por vê-la partir, eu precisava manter algo de você por perto.
Estava calor. Borboletas estavam pelo meu estômago. Havia muita angústia em meu coração. Eu estava a ponto de chorar a qualquer momento com suas palavras.
— Quero que você guarde como lembrança de bons momentos que passamos juntos. — Pediu.
— Pelos bons momentos. — Concordei com a cabeça, colocando a caixinha na minha bolsa. — Feliz natal Andrew.
— Feliz natal céu. — Falou de volta.
Engoli o choro por ter usado o meu apelido e por todo o ocorrido nos últimos minutos. Dei meia volta para ir embora, mesmo sabendo que todos ainda estavam próximos à mesa, eu simplesmente queria correr e fugir. Queria procurar um refúgio, algum lugar que pudesse ficar sozinha e chorar em paz.
— Céu? — Chamou meu nome, fazendo com que me virasse e encarasse seus olhos, mesmo que de longe. — Mudou alguma coisa?
— O que? — Perguntei.
— Noah ter se separado de Ava, mudou alguma coisa para você? — Perguntou.
Refiz o caminho a passos lentos, aproximando-me dele, mas em uma distância segura que evitaria olhares ou conversas sobre nós dois, em um jantar que havia também boa parte da família de Samantha.
— Eu amei tanto o Noah que achei que nunca amaria alguém tanto, quanto. — Afirmei. — Mas eu amei, e eu não me vejo conseguindo superar esse amor voltando com Noah.
Não sei se essa era a resposta que ele precisava escutar, mas ao mesmo tempo que sua expressão mostrava de alguém satisfeito, havia dor envolvida. Dessa vez não me despedi, apenas fiz sinal para meus pais e caminhei para fora da casa.
Não havia contado a ninguém, mas havia adiantado as passagens aéreas para retornar a Nova York. Não conseguia mais ficar em Denver, não conseguia mais ouvir falar em Andrew e ter que conviver com ele e Samantha como se não houvesse acontecido nada.
Eu simplesmente não conseguia ouvir Andrew falar tanta coisa sobre nossos sentimentos no passado, em receber um presente tão importante como aquele. Eu amei aquele anel desde a primeira vez que o vi.
Em dois dias iríamos embarcar e uma parte de mim agradecia, porque mesmo que Andrew aparecesse uma vez e outra para visitar Ethan, estaria bastante ocupada em minha casa sem ter que conviver muito com ele e sua nova vida.
— Dylan? Amanhã você poderia levar Ethan até a casa de Andrew para que possam se despedir? — Pedi.
— Você não iria embora na outra semana? — Perguntou surpreso.
— Aconteceram alguns imprevistos e teremos que ir embora depois de amanhã. — Expliquei.
Dylan não se satisfez muito com a minha resposta, mas acatou meu pedido e ficou combinado que iria até a casa de Andrew com Ethan.
Não estava muito afim de receber muitas perguntas relacionadas a ele, então pedi que durante a troca de presentes e a minha presença na sala, não fosse tocado em seu nome.
Eu precisava esquecê-lo. Fiz isso basicamente durante esses cinco anos, essa semana tem sido muito difícil e eu não estava mais conseguindo lidar com sua presença.
Por sorte eu tinha uma família grande e agitada, que tudo era motivo de grandes risadas e era assim que nos encontrávamos enquanto abríamos os presentes.
