De volta ao NATAL 2

27 - O cara certo

Assim que adentrei meu apartamento, encontrei mamãe sentada ao lado de papai, a mesa estava arrumada com os pratos, mas estava sentindo a falta de Andrew e Ethan.

— Andrew está terminando de dar banho em Ethan. — Mamãe avisou.

Era nítido que o chuveiro estava ligado, mas até então eu não havia reparado no barulho.

Depositei minha bolsa sobre o sofá e sentei-me a mesa junto aos meus pais, seus olhares eram curiosos, como se percebessem que algo estava errado.

— Aconteceu alguma coisa? — Mamãe perguntou preocupada. — Você deveria estar animada por ter recuperado a memória.

— Estou feliz por isso. — Afirmei. — Mas eu e Josh tivemos uma conversa um tanto desagradável lá em baixo.

— Você terminou com ele? — Papai perguntou curioso.

— Meio que sim, eu acho. — No instante em que as palavras saíram da minha boca, Andrew e Ethan adentraram a cozinha.

Seus olhos estavam em mim como se estivesse ouvindo a conversa.

Ethan correu até onde eu estava sentada e escalou a cadeira até sentar em meu colo, onde me encheu de beijos, sempre muito carinhoso comigo.

— Como foi seu dia querido? — Perguntei ao colocá-lo na cadeira ao meu lado.

Ethan passou a contar rapidamente sobre suas tarefas na escola. Ele basicamente não conseguia parar de falar um segundo, nem ao menos respirava direito preocupado em não deixar de contar nenhum detalhe.

Me perguntava enquanto assistia Ethan jantando, como minha mente poderia esquecê-lo. Tenho certeza que meu coração nunca iria deixar de lembrá-lo.

Assim que terminamos a janta e colocamos Ethan na cama para dormir, mamãe e papai seguiram para meu quarto na tentativa de fazer o mesmo.

Eu, por outro lado, assim que vi o colar com o anel que Andrew havia me dado na mesa de canto do quarto de Ethan, o coloquei de volta no pescoço para não deixá-lo solto por ali e quem sabe perdê-lo.

Logo em seguida me apoiei no vidro da sacada e fiquei encarando o céu escuro e estrelado, até que Andrew se juntasse a mim.

— Talvez você me considere um mal educado, mas não pude deixar de ouvir a conversa mais cedo. — Andrew falou ao se apoiar ao meu lado.

— Até entendo os motivos do Josh ter mentido quanto ao nosso relacionamento, eu não sou uma pessoa fácil de deixar alguém se aproximar demais. — Iniciei falando.

Andrew se virou e apoiou seu cotovelo, ficando de frente para mim. No mesmo instante seus olhos fixaram em meu pescoço, pude até ver um brilho surgir neles.

— E além do mais, apesar de ele conhecer Ethan como meu filho, nunca o havia apresentado como meu namorado, não vou simplesmente incluir alguém na vida do meu filho do nada e a qualquer momento tirar essa pessoa, eu preciso ter a certeza que ele é o cara certo. — Expliquei, retornando ao assunto que falávamos segundos antes.

— Você acha que ele pode ser o cara certo? — Havia preocupação no tom de voz de Andrew, sua mão esbarrou com a minha, causando um choque ali.

— Acho que é isso que estou tentando descobrir. — Afirmei dando de ombros.

Andrew se aproximou, segurando cada um dos meus braços com as suas mãos. Seus olhos estavam fixos nos meus, sem nem ao menos piscar.

— Isso quer dizer que eu não tenho qualquer chance em ser o cara certo para você? — Perguntou. — Você definitivamente me descartou como uma opção?

Minha boca estava seca, eu nem ao menos conseguia acreditar no que estava ouvindo. Todo esse tempo considerei que Andrew pudesse estar nutrindo sentimentos pela sua colega de trabalho e isso definitivamente havia afetado meus sentimentos.

Agora ele estava ali diante de mim, e tudo estava nas minhas mãos.

Eu procurava sentir algo que chegasse ao menos perto dos meus sentimentos por Andrew, mas me parecia muito difícil, porque a cada vez que eu olhava para ele, eu desejava reviver tudo que vivi ao seu lado, até mesmo a loucura de um falso namoro.

— Seu silêncio quer dizer um sim? — Insistiu na pergunta. — Se você me disser que eu não devo mais lutar por nós, eu vou sair por aquela porta e a deixarei seguir sua vida. Mas se houver qualquer resquício de amor e desejo de nós dois juntos novamente, eu fico.

Dessa vez eu quem estava me aproximando. Levei minhas mãos de encontro ao pescoço dele, fazendo-o se aproximar de mim, assim unindo nossos lábios em um beijo caloroso e intenso, cheio de saudades.

Enquanto minha língua vasculhava cada canto da sua e suas mãos percorriam as minhas costas, desejei que papai e mamãe não estivessem em meu apartamento neste momento.

— Estamos em uma sacada. — Falei entre o beijo, para lembrar Andrew que pessoas poderiam estar olhando nosso beijo caloroso e nossas mãos que já não nos obedeciam mais.

— Então vamos para o banheiro. — Sussurrou rindo. — Um banho quente não fará mal a ninguém.

Jamais recusaria sua proposta, ainda mais tentadora como tomar um banho com ele. Nem sei como conseguimos chegar no banheiro com roupa, mas assim que adentramos e a porta se fechou, nossas roupas sumiram em um passe de mágica.

— Você não tem noção de quanto tempo esperei por isso. — Andrew afirmou ao ligar o chuveiro.

— Foram anos difíceis sem você. — Afirmei, indo para de baixo do chuveiro dentro de seu abraço.

— Se você tivesse voltado. — Falou ao beijar meu pescoço.

— Se você não tivesse me pedido para ir embora. — Era óbvio que em algum momento falaríamos disso, e ele sabia que era o motivo de eu ter ido embora.

Eu não tinha noção do tamanho da minha saudade até nossos corpos estarem completamente conectados. Se eu achava que sentia sua falta, naquele instante percebi que não conseguia mais me imaginar sem ele.

Havia uma conexão que somente nós tínhamos, uma sensação que eu sentia apenas ao seu lado. Nada comparado a Noah, muito menos ao Josh.

Agora enfim poderíamos ser uma família, agora poderíamos ser nós três. Agora as mentiras foram deixadas no passado e viveremos a nossa verdade.

"O amor sempre vale a pena. O que nos fere é a forma como administramos nossas relações. Amar continua sendo a resposta de tudo."

FIM