03 - Vamos para Denver

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Havia separado duas malas para levar para Denver. Uma com as minhas roupas, acessórios e itens de higiene. Outra com as roupas de Ethan e seus brinquedos.

O fiz selecionar alguns brinquedos que ele gostaria de levar para a casa de mamãe, uma vez que não havia nada dele lá.

Ethan era bastante eclético quando se tratava de brinquedos e brincadeiras. Ele era uma criança que facilmente brincava com tudo e com todos.

Ele havia escolhido um dinossauro que poderia mexer os braços e as pernas; um carrinho de controle remoto; um coelho de pelúcia que ele amava deixar na sua cama enquanto dormia; um brinquedo de lego e por fim um livro que as vezes lia para ele dormir.

Enquanto terminava de colocar minha última peça de roupa dentro da mala, passei a me lembrar do dia que vim embora de Denver. Flashs daquele dia imediatamente vinham a minha mente.

Sai do apartamento de Andrew devastada por suas palavras

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Sai do apartamento de Andrew devastada por suas palavras. Por mais que estivesse sentindo uma dor muito grande, precisei controlar o choro e fazer ligações importantes para o escritório e tentar uma transferência para o de Nova York.

Lembro-me de implorar muito ao telefone pela oportunidade que estava disponível na outra cidade e de prometer todo o meu esforço e criatividade que uma cidade grande procurava.

Naquela mesma noite aluguei um apartamento em um aplicativo de aluguéis e comprei uma passagem só de ida de avião. Enfiei tudo que poderia levar em malas e fui.

Era madrugada e eu estava dentro de um avião abandonando a minha cidade natal mais uma vez. Dessa vez eu estava disposta a não voltar, eu já havia dado a segunda chance da minha vida dar certo ali e não deu.

As lágrimas insistiam e toda vez que eu imaginava que elas me abandonariam, elas voltavam com mais urgência.

Estava em um apartamento solitário em Nova York, próximo ao meu novo escritório. Eu sequer conseguia respirar direito porque o choro não me permitia.

Haviam dezenas de ligações e mensagens, eu apenas os respondi que havia partido para sempre.

Eu basicamente os havia abandonado por uma segunda vez, mas agora, eu definitivamente não estava sozinha.

— Mamãe? Quando vamos ver a vovó? — Ethan perguntou ansioso pela décima vez.

— Amanhã iremos pegar o avião. — Respondi.

Havia comprado passagem para domingo à tarde. Era um bom horário e os preços estavam mais acessíveis. Não gostava de gastar muito com passagens aéreas, principalmente porque Ethan também pagava completa.

— Será que meu papai também vai aparecer na vovó? — A inocência de Ethan acabava comigo, cada dia uma pergunta diferente relacionada ao seu pai.

Uma parte de mim estava muito cansada desse jogo de escondê-lo. Era como se uma parte de mim quisesse gritar ao mundo que seu pai morava ali, mas que por sorte do destino ele passaria o natal em outro lugar.

Maddy era muito boa quando se tratava de conseguir informações com Brandon. Andrew e Samantha iriam passar o natal com os pais dela fora da cidade, haviam programado a viagem há um tempo com antecedência.

"Embarcamos amanhã à tarde, pode nos pegar no aeroporto?" Val

"Estaremos aguardando vocês." Maddy

Tenha amigos. Tenha sempre bons amigos por perto. Não importa exatamente a quantidade, nem que seja apenas um, tenha uma amizade saudável para a qual você possa contar a qualquer momento da sua vida.

Apesar de ter muitos quilômetros nos afastando, sabia que se precisasse de Maddy ali ao meu lado, ela entraria no primeiro avião que estivesse disponível ou viajaria de carro para me ver

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Apesar de ter muitos quilômetros nos afastando, sabia que se precisasse de Maddy ali ao meu lado, ela entraria no primeiro avião que estivesse disponível ou viajaria de carro para me ver. E mesmo que eu não quisesse voltar a Denver, caso ela precisasse de mim eu não pensaria duas vezes em ir vê-la.

Filho, nós já conversamos sobre o papai. — Falei.

— Eu sei, mas os papais que viajam lá na escola, eles sempre voltam para suas casas. — Falou cabisbaixo.

Aos poucos com o passar do tempo ele passara a prestar mais atenção nas coisas. Ele começava a reparar mais nas conversas de seus amigos, das presenças de suas famílias nos eventos da escolinha onde estudava.

O que me preocupava bastante que ainda mais iria aumentar a quantidade de perguntas relacionadas ao seu pai.

— Vamos dormir? — O chamei. — Amanhã temos que nos aprontar e estar descansados para viajar.

— Ebaaaa! — Falou ao saltitar para o meu quarto.

Uma vez e outra Ethan gostava de dormir abraçadinho comigo em meu quarto e eu amava isso. Embora soubesse que ele estava crescendo e precisava se acostumar com seu quarto, também gostava de passar nossos momentos juntinhos.

— Você é tão perfeito. — Falei ao mexer em seu cabelo.

— Mamãe, é lá que o papai morava? — Ethan perguntou curioso.

— Sim. — Respondi com poucas palavras. — Agora vamos dormir porque está muito tarde e já passou da sua hora de dormir.

Ethan era um menino muito inteligente, e quase toda noite me enchia de perguntas e tentava me contornar para não ter que ir dormir de imediato.

A sua intenção era que todas as suas dúvidas fossem esclarecidas antes de que ele viesse a dormir.

Ethan acariciava meu braço e eu fazia o mesmo com seu cabelo. Eu poderia dormir para sempre em seu abraço e sentindo seu carinho.

Esperava que aquela noite passasse rapidamente para que fôssemos logo para Denver. A ansiedade estava me atormentando, voltar após seis anos, agora levando meu filho para conhecer tudo seria importante.

De volta ao NATAL 2Onde histórias criam vida. Descubra agora