De volta ao NATAL 2

20 - Almoço cancelado

O domingo à noite estava demorando demais para chegar, isso porque meu subconsciente sabia que logo Andrew e Ethan chegariam ao meu apartamento. Segundo a última mensagem que me enviara, em menos de uma hora estariam ali, mas quanto mais o tempo passava, mais longe esse momento parecia estar.

Já estava terminando de devorar um pote de sorvete de morango inteiro, por pura ansiedade, quando escutei a campainha tocar freneticamente, avisando que quem eu estava esperando, havia enfim chegado.

Ethan adentrou nosso apartamento correndo com os braços abertos em minha direção, e o abracei como se nunca mais fosse soltar. Ficamos presos em um longo abraço por segundos e por mim nunca mais soltaria, se não fosse o incomodo de Ethan.

— Eu estava com muita saudade de você. — Falei por fim, depositando um beijo em sua testa. — Como foi a viagem? Se divertiu?

Andrew sorriu ao me ver e em seguida adentrou o apartamento com a pequena mala de rodinhas que havia preparado para nosso filho. Enquanto isso, eu e Ethan fomos nos sentar no sofá da sala onde ele me contaria sobre como fora seu fim de semana.

— Eu amei mamãe. — Falou feliz. — A vovó mandou cookies para a viagem, guardei uns para você.

Logo Andrew retornou do quarto de Ethan com uma pequena sacola em sua mão, onde estavam os cookies que mamãe havia enviado.

— Pena que não podíamos ficar mais. — Ethan reclamou.

— E você estava pensando em me deixar mais dias sozinha? Não acredito. — Fingi estar triste, o que o fez me abraçar mais uma vez, colando nossas testas.

— Eu te amo mamãe. — Beijou a ponta do meu nariz e em seguida correu para o seu quarto.

Estava um pouco sem graça em estar sozinha com Andrew, após termos no desentendido no nosso último encontro. Eu mal conseguia olhá-lo nos olhos, e sempre que fazia isso, seus olhos desviavam dos meus.

— Obrigada por trazer meu filho inteiro. — Agradeci.

— Nosso filho, de nada. — Respondeu. — Você sabe que eu jamais deixaria algo acontecer a Ethan.

Balancei a cabeça em concordância. E nesse ponto ele até tinha razão, era um pai super protetor, mas não de uma forma negativa, não que ele não deixasse Ethan viver a vida e aproveitar.

— E o encontro? Foi bom? — Perguntou como quem não quer nada, fingindo assistir algo que passava na televisão.

— Foi ótimo. — Respondi. — Josh é um cara legal, faz anos que ele tenta sair comigo. — Expliquei.

Andrew bufou ao meu lado e em seguida voltou a olhar para mim.

— Isso quer dizer que vocês irão sair mais vezes? — Perguntou curioso.

— Acredito que sim. — Respondi. — Ficamos de ir ao shopping no sábado, preciso comprar umas roupas novas para Ethan.

— Cindy gostou muito de Denver também. — Contou com um sorriso forçado. — Ela se deu super bem com Ethan.

— Que ótimo. — Afirmei.

— Está na minha hora de ir, boa noite. — Falou ao seu levantar e caminhar em direção a porta.

Era nítido que aquele Andrew que estava indo embora, não era o mesmo que havia vindo de avião de Denver ao meu lado. Nada nele parecia igual. Desde a sua forma de falar; agir; falar; suas atitudes, nada parecia bater com a pessoa que eu conhecia.

A imagem que ele me mostrara quando veio conosco no avião, as semanas que ele permaneceu em meu apartamento até passar na entrevista de emprego, era bem diferente do que eu estava vendo agora.

Ethan não conseguiu guardar as energias para tomar um banho. Quando cheguei em seu quarto para ajudá-lo, ele já estava dormindo em sua cama, estava deitado como quem apenas houvesse se deitado por alguns segundos para descansar e então pegara no sono. O arrumei na cama e em seguida levantei o cobertor para que tampasse todo seu corpo.

Acariciei os fios de seu cabelo e o cheirei, sentindo o cheirinho que só Ethan tinha e que eu tanto amava.

Levantei assustada, encarando o despertador que tocava pela terceira vez ao lado da cama. Estava quase no meu horário limite para conseguir me levantar, dar café a Ethan e arrumá-lo para a escola.

— Vamos querido, acorde. — Pedi.

Ethan havia ficado exausto por conta da viagem de carro, mas não era possível deixá-lo em casa, porque não havia quem pudesse ficar com ele naquele momento, sem nenhum planejamento. Ele recusou o café da manhã, e preferiu aproveitar os minutos que o restava para dormir.

Carregar um menino de cinco anos em um prédio exige um certo esforço físico. O pior é que eu não sou acostumada a correr, caminhar ou então frequentar uma academia, ou seja, aquele ato estava ficando cada vez mais difícil para mim.

Assim que chegamos em sua escola, ele já estava bastante desperto e acordado. Correu portão adentro assim que o desci do banco, depositando apenas um beijo rápido em minha bochecha, antes de ir.

Agora, era necessário fazer o trajeto até a empresa para iniciar mais um dia produtivo de trabalho. Por sorte não seria necessário que eu fosse até a sala de Andrew, pelo menos isso não estava nos meus planos para aquele dia.

— Você não respondeu a minha mensagem. — Foi o que Josh disse ao passar por mim e adentrarmos o elevador.

Haviam mais pessoas lá dentro, uma em especial era Andrew que se encontrava no fim do elevador, escorado na parede com o espelho.

— Eu não vi a sua mensagem, acabei me atrasando com Ethan. — Respondi.

— A convidei para almoçarmos juntos hoje, o que você acha? — Perguntou.

— Ah, Valerie, ainda bem que está aqui, será que podemos conversar durante o almoço sobre Ethan? É importante. — Pediu Andrew, fazendo-me virar para encarar ele.

— É muito importante mesmo? Não podemos falar sobre isso por mensagem? — Perguntei a ele.

— É sobre um passeio da escola, eu acabei esquecendo de te falar. — Respondeu. — Precisava te passar algumas informações, afinal, será seu dia de levá-lo para a escola.

— Tudo bem então, conversamos durante o almoço. — Respondi, voltando a minha atenção para Josh que estava com o semblante fechado. — Josh, podemos deixar o almoço para outro dia?

Ele havia escutado tudo, então não fora necessário explicar o motivo de estar desmarcando o almoço. Era óbvio que havia ficado chateado com o cancelamento, mas haviam coisas mais importantes relacionada ao meu filho que eu precisava saber.