25 - Velhos hábitos

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Estava prestando tanto a atenção na história que Andrew estava contando, que nem ao menos percebi que haviam diversas ligações perdidas de Josh em meu celular, outra ligação aparecera na tela informando que mais uma vez ele insistia em ligar.

— Oi, Josh? — Falei ao atender.

— Vim até seu apartamento, você não está aqui. — Falou apressado do outro lado da linha.

— Ah, estou com Andrew, em seu apartamento. — Avisei.

Quem sabe meus pais não quiseram falar onde eu estava, talvez para me privar de qualquer conflito que pudesse acontecer.

— Com Andrew? — Perguntou alguns segundos depois de ter silenciado a linha.

— Eu pedi que ele me mostrasse coisas relacionadas ao Ethan para me ajudar a lembrar. — Expliquei.

— Está um pouco tarde, irei buscá-la. — Avisou. — Me passe o endereço para que eu possa ir até ai.

Olhei para Andrew que me olhava com o cenho franzido em minha direção.

— Tudo bem, irei esperá-lo lá em baixo. — Concordei e desliguei o telefone.

Levantei-me de seu sofá, e devolvi o álbum na mesa de centro que havia entre o sofá e a televisão.

— Josh está vindo me buscar. — Avisei. — Acho melhor eu esperar lá em baixo sem você.

Andrew balançou a cabeça positivamente em concordância com o que eu dissera e em seguida me acompanhou até sua porta. Estava saindo, mas algo me fez virar para ficar de frente para ele, abri meus braços e o abracei com força.

— Muito obrigada por me salvar do sofrimento. — Agradeci. — E obrigada por me ajudar a descobrir um pouco mais sobre a minha vida.

— Espero que você melhore logo. — Desejou. — Até mais Valerie.

— Até mais Andrew.

Caminhava a passos lentos no corredor do seu apartamento até o elevador que estava parado no mesmo andar. Por todo o lugar que andava, tentava prestar a atenção nos detalhes e tentar a assimilar a qualquer resquício de informação que havia recebido, infelizmente sem nenhuma lembrança clara.

Demorou pelo menos quinze minutos para que Josh chegasse e assim que adentrei seu carro, pude ver Andrew na sacada de seu apartamento olhando para baixo, talvez me olhando de longe para se certificar que ficaria tudo bem.

Aos poucos quando estava parada em certo tipo de transe, ou quando fechava os olhos para dormir era como flashes de momentos viessem em minha memória.

Talvez tenha optado em tentar dormir durante o caminho para evitar perguntas ou uma possível discussão sobre eu estar no apartamento do meu ex, sozinha.

Mas todas as vezes em que eu fechava os olhos, imagens relacionadas a minha vida vinham como um filme. Conseguia me ver grávida; conseguia me ver trabalhando; conseguia ver Ethan; minha família... Quem sabe fossem as imagens das fotografias que Andrew havia me mostrado que estivesse refrescando a minha memória.

— Como foi com Andrew? — Josh perguntou ao abrir a porta do carro para mim e me acompanhar até meu apartamento.

— Agradável. — Respondi. — Me mostrou um álbum que dei a ele, com fotos minhas grávida e de Ethan.

— Consegue se lembrar de algo? — Perguntou me parecendo um tanto preocupado, o que me deixou bastante desconfiada.

Algo naquela história de estar namorando não entrava na minha cabeça, como eu teria escondido uma informação tão importante das pessoas que amo? Por que não compartilhei essa informação com a minha família?

— Obrigada por me acompanhar, mas acho que já está tarde. — Agradeci, enquanto abria a porta.

— Não quer que eu fique? — Perguntou surpreso.

— Meus pais estão aqui. — Respondi. — Só tem duas camas e o sofá não é lá muito confortável, acho melhor você ir descansar.

Josh não insistiu muito, mas não pareceu satisfeito com a minha resposta. Seu semblante estava fechado, apenas se despedindo com um beijo rápido no meu lábio, que quase me fez virar o rosto.

Mamãe e papai estavam colocando a mesa com a janta pronta. Ethan estava sentado no sofá assistindo desenho.

— Você não deveria sair desse jeito, ficamos preocupados. — Papai comentou assim que colocou seus olhos em mim.

— Precisava respirar. — Contei. — Passei um tempo com Andrew, ele meio que me mostrou algumas fotos e contou um pouco das histórias.

— Andrew é um rapaz muito bom. — Mamãe falou terminando de colocar os pratos na mesa. — Não entendo porque em vez de ficar com ele, você ficou logo com esse Josh, nós nem sabemos nada sobre ele.

— Deixe a menina. — Papai pediu. — Não estamos aqui para julgar seus sentimentos, se ela ama esse rapaz, isso é o que importa.

Dois pares de olhos me encararam em expectativa, como se esperassem por uma confirmação minha sobre o que papai acabara de dizer. Ele estava esperando que eu dissesse que amava Josh, mas eu nem ao menos lembrava dele.

— Desculpa filha. — Mamãe pediu ao se sentar. — Só achei que depois do que aconteceu no natal, vocês ficariam juntos aqui.

E então eu perguntei sobre o natal e mamãe comentou o que mais ou menos havia visto, e o que mais ou menos sabia sobre nosso fim de ano. Sobre o quanto eu e Andrew parecíamos próximos e sobre o fato de ele ter vindo morar em Nova York.

Eu simplesmente adorava o fato de mamãe ser tão sincera e contar sobre seus sentimentos, porque assim, era uma forma de eu conhecer meus próprios sentimentos, porque mamãe não deixaria passar nenhuma brecha.

Quando me dei conta estava preparando o prato de Ethan e aquilo de alguma forma me deixou feliz, porque havia sido algo automático, como se eu estivesse acostumada e de fato estava, só não lembrava.

Mamãe e papai se entreolharam na mesma hora, como se estivessem lendo meus pensamentos.

— Está bom assim? — Perguntei para Ethan, que apenas balançou a cabeça positivamente.

Deixei que papai e mamãe dormissem em minha cama e dividi a cama com Ethan, era como se eu me sentisse um pouco envergonhada em dividir a cama, mas nossos corpos se encaixaram perfeitamente.

Ethan se aninhou em meu abraço e assim dormimos em um sono profundo.

De volta ao NATAL 2Onde histórias criam vida. Descubra agora