07 - Revelações

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Ele falava algo para Ethan, o pequeno parecia estar se divertindo com suas palavras, porque havia um sorriso lindo na sua face.

— Mamãe, olha só. — Ethan virou o rosto de Andrew em minha direção. — Você não acha o titio muito parecido com o papai?

Engoli em seco e encarei os olhos marejados de Andrew.

— Ethan. — Me aproximei dos dois e me abaixei, todos estávamos na mesma altura e próximos. — Andrew é o seu papai.

Naquele momento Andrew deixou as lágrimas que estava segurando cair. Ethan abriu sua boca e a tampou em um gesto de surpresa.

— Olha para o seu papai. — Falei ao limpar as lágrimas de Andrew. — Você é igualzinho ao seu papai.

Andrew automaticamente sorriu e Ethan abraçou o mesmo na hora. Por sorte, sabia que seu coração era gigante e Andrew retribuiu com força seu abraço, como se quisesse matar a saudade de todo o tempo que passaram separados.

Limpei as minhas lágrimas e ao olhar para trás vi que todos assistiam a cena de longe. Samantha por outro lado, estava encostada na porta do carro e assistia tudo de perto.

Não sabia decifrar o olhar de Andrew em minha direção.

— Papai por que você demorou tanto? — Ethan perguntou abraçando-o ainda mais forte. — Eu e a mamãe ficamos tão sozinhos.

— Desculpa o papai estava trabalhando demais. — Andrew falou com a voz embargada. — Nunca mais o papai vai deixá-los sozinhos, está bom?

— Você promete? — Ethan insistiu.

— Eu prometo. — Andrew afirmou o colocando no chão.

O fato de Andrew ter respondido aquela pergunta no plural, fez com que meu coração palpitasse.

Aos poucos todos foram se aproximando, Andrew conversava baixo com Ethan e ninguém estava conseguindo entender nada.

Samantha se sentou em seu carro e fechou a porta com força. Jamais seria a minha intenção que Andrew soubesse dessa forma e que isso fosse afetar tanto a sua vida e dos demais que estavam envolvidos.

— Amanhã conversamos melhor sobre isso. — Foi o que Andrew disse para mim.

— Andrew eu sinto muito por isso tudo. — Pedi.

— Guarde as desculpas para a nossa conversa de amanhã. — Pediu.

— Amanhã nos vemos pequeno. — Ele falou, dando um último beijo em Ethan.

Estava ainda sem reação como se nada daquilo houvesse acontecido. Fiz o caminho todo em silêncio. Embora estivesse em um carro com Maddy e Brandon que não paravam um segundo sequer de falar sobre o que havia acabado de acontecer.

Ethan não parava um segundo sequer de falar sobre como estava feliz em ter encontrado seu pai pela primeira vez. Eu nunca o havia visto tão feliz como neste momento e meu coração doeu demais em saber que eu havia o deixado tanto tempo sem se sentir tão feliz.

Todos nós fomos direto para a sala ao chegar na casa dos meus pais. Agora, todos estavam em silêncio aguardando qualquer atitude ou fala minha.

— Eu não tenho respostas para as suas perguntas. — Falei por fim. — Eu só sei que Ethan falou sobre a semelhança de Andrew com a foto que eu houvera dado para ele em seu quarto. E eu simplesmente não consegui não contar.

— Uma hora ou outra isso iria acontecer, que bom que não passou mais anos para isso. — Dylan falou satisfeito.

— Samantha estava chorando quando a vi pela última vez. — Natalie comentou. — Acredito que terão uma longa conversa sobre essa situação.

— Não é normal. — Oliver afirmou. — Não é todo dia que se descobre que é pai e que o menino já tem cinco anos de idade.

Ótimos irmãos que tenho, sempre me apoiando. Revirei os olhos para ele e encarei mamãe e papai que estavam em silêncio apenas escutando tudo.

— Filha, eu sei que você pretende voltar para Nova York, mas eu tenho certeza que Andrew fará de tudo por essa criança. — Papai afirmou.

— Vocês terão que encontrar uma maneira de se verem sempre, acredito que Andrew não se contentará apenas com alguns finais de semana. — Mamãe opinou.

Mas agora eu não estava disposta a deixar a carreira que havia construído em Nova York para retornar a Denver. Muito menos porque nossa casa era lá, Ethan havia criado hábitos naquela cidade, seus amigos, sua escola, tudo era lá.

Seria muito ruim para ele que fossemos embora do nada. Mesmo que fosse para ficar mais próximo de seu pai, seria quase impossível pedir uma transferência do trabalho, uma vez que havia sido promovida há um mês.

Embora ainda trabalhasse fazendo as propagandas, agora basicamente era responsável por escolhê-las e determinar que funcionário ficaria responsável por ela. Eu os auxiliava em qualquer dúvida ou problema que encontrassem pela frente.

— Iremos encontrar uma forma de resolver a situação. — Afirmei convicta que de fato iríamos dar um jeito e resolver todos aqueles problemas que nos rodeavam.

Estava tarde, minha cabeça estava latejando e a única coisa que gostaria agora era de deitar com Ethan bem abraçadinha em minha cama.

— Mamãe? — Ethan chamou minha atenção ao se deitar na cama. — Você não parece feliz que papai tenha voltado.

— Eu e seu papai somos amigos e fazia muito tempo que não nos víamos, eu só estranhei, sabe? — Respondi.

O pequeno balançou sua cabeça positivamente e se aconchegou em sua coberta, dando espaço para que eu me deitasse ao seu lado.

— Será que amanhã papai irá me ver mesmo? — Perguntou preocupado. — Será que ele gostou de mim?

— Eu tenho certeza que ele amou vê-lo. — Afirmei. — Andrew é um bom homem, tenho certeza que irá aparecer para encontrá-lo.

Ethan se aninhou em meu abraço e lá seguimos dormindo juntos. Meus pensamentos estavam todos no dia seguinte e na séria conversa que teria com seu pai. A minha única preocupação era que Andrew houvesse ficado com muita raiva da minha atitude e quisesse retirar Ethan de mim.

De volta ao NATAL 2Onde histórias criam vida. Descubra agora