Just Like Us

Unsteady

Hold, hold on, hold on to me

'Cause I'm a little unsteady

A little unsteady

Quase uma semana havia se passado desde a exposição de Kana em todos os sites de fofocas e, felizmente, a notícia se tornou ultrapassada e esquecida como Izuku previra. Claro, não foi assim tão naturalmente já que, após Katsuki quase explodir a cara de um paparazzi depois do cara perguntar quem era o passivo e o ativo na relação "DekuMight", o número de notícias e fotos sobre eles e Kana caiu drasticamente.

No entanto, os pesadelos de Deku não sumiram depois de uma semana.

Naquela primeira noite, quando Katsuki acordou pela manhã, Izuku ainda dormia pesado e ele parou por minutos com o corpo de lado, a cabeça sobre as mãos, encarando o rosto do esverdeado com uma admiração devota, aproveitando a chance única de vê-lo ali, daquela forma tão relaxa com o sorriso adorável preso nos lábios adormecidos. Os centímetros que os separavam pareciam metros, mas Katsuki sorriu, saboreando as migalhas que conseguiu, observando os detalhes do rosto de Izuku que ele já conhecia de cor, mas nunca se cansava de admirar. Quando teria aquela oportunidade novamente? Talvez nunca, merda. Talvez esse seja só um delírio da minha mente perturbada, nada mais que isso.

Mas, felizmente, ou infelizmente, o pesadelo se repetiu na noite seguinte.

E na seguinte.

Na última delas Izuku gritou tão alto que Katsuki acordou sobressaltado e antes que pudesse pensar já estava postado na porta do quarto do esverdeado, o cabelo arrepiado e o coração quase saindo pela boca. Izuku estava sentado na cama, o cobertor jogado no chão e os olhos verdes arregalados em pavor. Kana chorava copiosamente com o susto e após minutos de Katsuki embalando seu corpo e a acalmando com palavras sussurradas ela voltou a dormir. Quando percebeu que ela dormia profundamente, deitou-a na cama com delicadeza e ergueu os olhos para Izuku que ainda parecia abalado, abraçado a um dos travesseiros, o corpo se movendo para frente e para trás, tremendo intensamente. Os olhos continuavam arregalados, marejados. As pupilas dilatadas, o negro amedrontador engolindo o verde sempre brilhante.

- Kacchan, eu...eu nunca v-vou voltar ao normal? Eu n-não quero mais dormir! Não aguento v-ver tudo de novo...

Ele segurava os cabelos com força balançando a cabeça de um lado a outro. Parecia desolado e sem esperança o que quebrou Katsuki de vez. Ele se aproximou da cama a passos lentos e enquanto Izuku murmurava sem parar ele sentou e segurou o queixo dele com força, forçando os olhos verdes assustados a encararem seu rosto, os olhos vermelhos brilhando com uma mistura de ira e frustração.

- Deku, isso vai passar, porra! Você não é um fracote qualquer. A gente vai dar um jeito nisso. Você. Não. Tá. Sozinho! Agora vai dormir que eu não vou pra lugar nenhum.

E então, sem explicações ou permissões, Katsuki se deitou ao lado do esverdeado que ainda parecia perplexo pelo discurso não tão motivacional assim. Apesar de tudo, seu peito se encheu de gratidão e quando se deitou na outra ponta da cama não conseguiu parar de encarar o rosto grave e afiado de Kacchan, imaginando como seria capaz de agradecer tudo que ele estava fazendo por si.

Aliás, por que ele está fazendo isso? Ele nunca foi de ser tão empático, tão preocupado, com ninguém? Ele parece tão...diferente.

Um sorriso mínimo se desenhou em seu rosto, mas a simples presença de Kacchan trouxe a calma que ele precisava e logo ele caiu em um sono tranquilo com o sorriso ainda preso nos lábios, as perguntas ficando esquecidas pelo som do ressonar baixo de Katsuki. De manhã acordaram ao mesmo tempo, espantados ao perceber seus corpos colados em um abraço sob o coberto, a perna de Izuku jogada sobre a cintura de Katsuki enquanto sua cabeça repousava confortável no peito dele, o rosto do loiro perdido entre os fios esverdeados enquanto tinha um braço jogado sobre os ombros dele. O resto do dia foi preenchido por olhares envergonhados e bochechas coradas por parte de Izuku enquanto Katsuki fugia da presença do esverdeado como diabo foge da cruz.