Let Her Go

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Only know you've been high when you're feeling low

Only hate the road when you're missing home

Only know you love her when you let her go

And you let her go


O elevador subia lento demais.

Ou talvez, rápido demais.

Izuku encarava os números brilhantes no painel, os dentes mordendo o lábio inferior, o pé batucando o chão metálico em um ritmo desordenado. Seu coração parecendo prestes a sair do peito.

O que eu vou fazer?

Seu corpo relaxou levemente quando a mão calorosa de Katsuki pousou em seu ombro, o corpo grande se aproximando de suas costas enquanto os dedos longos e calejados do loiro subiam até a nuca exposta de Izuku, massageando o local com uma precisão deliciosa. Izuku fechou os olhos e sorriu, a cabeça caindo para trás de encontro ao ombro de Kacchan, os cabelos encaracolados fazendo cócegas no pescoço do mais alto.

- Você tá tenso pra caralho, Deku. – A voz rouca de Katsuki soou perto demais da orelha do mais baixo e o que deveria ser uma reprimenda saiu mais sexy do que esperado.

Izuku controlou as reações nada inocentes de seu corpo, mas agradeceu a distração mínima de seus pensamentos conturbados. Ele suspirou e abriu os olhos, recebendo a bela visão do rosto anguloso de Kacchan, os olhos vermelhos encarando os seus de cima, com atenção.

- É, a notícia sobre Kana foi meio repentina. Eu...eu tô feliz por ela, finalmente uma família que vai cuidar dela como merece. Depois de tudo que ela passou... – Izuku deixou a frase no ar, a cabeça se erguendo novamente para esconder os olhos marejados. – Mas, não sei, eu...

Katsuki sentia a frustração de Izuku, tudo nele mostrava que estava arrasado com a notícia apesar dele se manter de costas para o loiro, evitando seu olhar a todo custo. Katsuki revirou os olhos. Esse idiota ainda acha que preciso ver o rosto dele pra saber como ele se sente? Era assustador como ele conhecia até o menor gesto do esverdeado, as costas eretas como uma corda tensa, as mãos se esfregando na calça, os pés inquietos. E daquela vez era ainda mais fácil entender o que ele sentia pois o sentimento de impotência e perda era o mesmo que espancava o peito de Katsuki desde o dia que Todoroki anunciara os pais adotivos de Kana. O loiro estava decidido a fazer Deku ficar com Kana, mas se surpreendeu quando, depois de soltar a bomba sobre o esverdeado, este apenas pareceu em choque e se calou. Permaneceu calado enquanto Kana e Inko voltavam para a cozinha e iniciavam a preparação das panquecas, seus olhos admirando a garotinha de cabelos verdes com uma tristeza de partir o coração, mas ainda sem dizer nenhuma palavra. Ele parecia aéreo, seus olhos grandes se movendo lentamente enquanto comia, trocava o pijama por outra roupa e, na despedida baixa e dolorida quando eles seguiram para a agência, o abraço que deu em Kana foi como se nunca mais fosse vê-la. A reação de Deku fez Katsuki duvidar de seu plano.

Porra, será que ele quer mesmo ficar com ela? Por que não disse nada? Por que só aceitou?

E ali, encarando as costas de Izuku com os olhos vermelhos como chamas, os pensamentos e dúvidas voltaram.

Ele nem vai lutar por ela?

E por que diabos eu tô só divagando feito um filho da puta e não pergunto de vez? Virou um covarde, Katsuki de merda?

O loiro estufou o peito e esticou o braço, segurando o pulso de Izuku com força. O esverdeado virou o rosto surpreso no mesmo momento que as portas do elevador se abriram no andar deles da agência. Katsuki rosnou baixo e soltou o braço do outro, xingando a si mesmo por ter agido tarde, enquanto Izuku forçava seu costumeiro sorriso despreocupado, saindo do elevador e saudando algumas pessoas que passavam por si. Seu coração continuava doendo e sua cabeça era uma verdadeira bagunça, mas ele escondeu tudo por trás de uma expressão de alegria que parecia falsa até para si.

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