The Trip

Capítulo 17

Vanessa Morgan

Quando Madelaine estaciona, noto que não é nada do que eu havia imaginado. É um lindo jardim rodeado por arbustos e extremamente silencioso. Têm mais três carros parados ali, mas não conseguimos ouvir barulhos de vozes ou risadas, apenas de pássaros e do que parece ser uma cachoeira.

- Aqui é lindo.

- O nome é Nikka Yuko, é um belíssimo jardim.- ela anda até a entrada, onde cruzamos o portal de flores tranquilamente- Estava no diário do meu avô.

- Seu avô tinha um ótimo portfólio para viagens.

- Tinha mesmo.

O jardim é realmente impressionante, mas não tem muito o que fazer. Conhecemos o lugar inteiro em vinte minutos e paramos em um lago para descansar. Sentamos na grama para apreciar a bela vista. A grama está fria, diria que fora regada a pouco tempo. Alguns patos passam por nós, o que deixa Madelaine mais sorridente.

- Você gosta de patos?- a questiono após notar o seu sorriso quando viu o grupo de animais.

- Acho que são animais adoráveis, mas não é o meu favorito.

- Qual o seu animal favorito?

- Eu adoro hamsters, já tive um casal deles.

- Quais nomes colocou?- ela me encara com as sobrancelhas franzidas- Você pode deduzir muito sobre uma pessoa apenas sabendo quais nomes ela coloca nos seus animais de estimação.

- O macho se chamava Eliot e a fêmea Mziray.

- Colocou o meu nome em um hamster?

- O que? Claro que não!- ela responde de imediato- Eu assisti a um filme no dia que ganhei os hamsters e a personagem principal se chamava Mziray, não consegui pensar em um nome melhor.

- E por quê o outro se chamava Eliot?

- O Eliot foi o meu melhor amigo na escola e pensei que gostasse dele de forma romântica. Obviamente, ainda não entendia bem os meus sentimentos sobre as garotas, pois isso o homenageei batizando o meu hamster com o nome do garoto.

- E funcionou?

- Não.- demos risada na mesma hora- Sempre foi algo platônico e, alguns anos depois, o Eliot se descobriu gay.

- Isso sim é o que eu chamo de plot twist.

Rimos um pouco e voltamos a ficar em silêncio. Nesse tempo, Madelaine tirou os sapatos e colocou os pés no rio. Levo a mão a água e noto que está gelada, o que é um convite extremamente chamativo para mim. Tiro os meus sapatos e a acompanho, colocando os pés dentro do lago.

Fico balançando os meus pés distraidamente enquanto admiro o jardim. Coincidentemente, nossos pés acabam se tocando embaixo da água. Nos olhamos de relance, mas os nossos pés não se separam. Eles continuam unidos e se acariciando calmamente, como um cardume de peixes dormindo no meio do oceano.

- Eu lembro que você tinha um coelho...- depois de um tempo em silêncio, Madelaine volta a falar- O que aconteceu com ele?

- Você lembra do Luke?- sorrio ao lembrar do meu velho coelho de estimação. Afasto o pé do seu apenas para me aproximar mais da ruiva, deixando as nossas pernas coladas e mantendo o contato- Ele estava roendo todas as coisas do meu quarto, então o meu pai comprou uma cerca de ferro e colocou no jardim, junto com uma casinha de madeira para coelho.

- Algum animal comeu ele?

- Não, foi pior!- ela me olha com curiosidade e tensão no olhar, aguardando que eu continue- Ele fugiu e nunca mais voltou.