capítulo 4

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"Pra ser feliz, eu preciso apenas de você"

Pov Maiara

Chorei e acordei no final da tarde, com dor de cabeça. Fui no banheiro, entrei no banho e respirei fundo, sentindo a água morna molhar todo o meu corpo. Pensei em lugares onde a minha metade poderia estar e tive um click. A nossa fazenda. Terminei o banho e me troquei. Liguei pra Paulinha enquanto arrumava minhas malas, em poucos minutos, entrei no jatinho e fui pra fazenda. Chegando lá, usei a minha chave pra abrir a porta e me deparei com a minha irmã dormindo no sofá, de pijama potiguar. Seus óculos estavam tortos, os cabelos bagunçados, o rosto sem maquiagem e a postura torta. No chão haviam pacotes de salgadinhos. Sorri levemente e me aproximei dela, acariciando seus cabelos.

Mai: metade, acorda...

Ela acordou assustada e se ajeitou, me olhando nos olhos.

Mara: o que você faz aqui?

Mai: eu fiquei preocupada com você, e vim te procurar aqui...

Mara: não precisa fingir. Eu sei que ninguém se importa comigo, nem a nossa família. Eu fui só uma coisa não planejada que estragou tudo. Eu quero ficar sozinha.

Mai: quem te disse isso, Maraisa? Isso não é verdade, a nossa mãe sempre diz que a maior felicidade dela foi ter tido gêmeas!

Mara: chega, Maiara! Você só tem pena de mim! Você tava tão ocupada pensando no seu casamento, tirando fotos de casal e criando projetos e mais projetos que não percebeu que eu fui afundando até chegar no fundo do poço! Você quer saber se eu tô bem? Não, eu não tô bem! Quer saber o que aconteceu? EU TENHO DEPRESSÃO! ENTENDE?! VOCÊ NÃO ME AJUDOU QUANDO EU MAIS PRECISEI! EU ENFRENTEI TUDO SOZINHA! EU TÔ ME VIRANDO SOZINHA! EU TÔ ME SENTINDO UMA MERDA, A MINHA CABEÇA TÁ UM CAOS! EU SÓ QUERIA SUMIR! EU QUERO MORRER! É DIFÍCIL ENTENDER ISSO?!

Minha irmã, ofegante por gritar tanto, cai de joelhos no chão, socando o tapete. Ela chora e grita a todo pulmão.

Mara: EU ODEIO ISSO! EU ODEIO! EU ODEIO! EU ODEIO! 

Eu me ajoelho atrás dela e a abraço com toda a força. Ela para de socar o tapete e desaba. Eu me culpo por não ter percebido que ela precisava de mim. Ficamos assim por alguns minutos.

Mai: calma, eu te amo, metade...

Aos poucos, ela se acalmou e me mostrou os cortes em seus braços. Como não havia mais espaço, ela começou a cortar as coxas. Meu coração se quebrou ao ver isso. Fomos pro quarto dela e deitamos, olhando uma pra outra. O brilho nos olhos da minha metade não existe mais, eu vejo apenas um enorme vazio. Delicadamente acaricio a bochecha dela.

Mai: eu vou cuidar de você, se eu pudesse, tomava toda essa dor pra mim. Vamos passar por isso juntas.

Mara: eu te amo...em todos os universos...

Colamos nossas testas e respiramos fundo, de olhos fechados.

Mai: até o final...eu e você...

...
Preparem os lencinhos, amanhã terá fortes emoções...

"Estou Bem"Onde histórias criam vida. Descubra agora