E o céu chora, todas as manhãs

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Foi um movimento que durou segundos e a eternidade.

Era um gosto que iria durar na sua memória enquanto vivesse.

A boca dela.

O cheiro que ele podia sentir na alma.

O corpo trêmulo debaixo das mãos dele.

O som do nome dele saindo em meio a um gemido.

– Ilgaz... – era a única coisa que ele queria ouvir e ver e sentir pelo resto da vida, fazer do ato de beijar Ceylin uma experiência com todos os seus sentidos.

Mas não durou nada além de poucos segundos.

– Komiser Kaya, lütfen... lütfen. – como se estivesse bêbada, Ceylin se afastou dele e da mesa, evitando uma nova aproximação. O riso nervoso dos arrependidos, o ar que falhava em voltar aos pulmões, o mundo que parecia demorar a encontrar o eixo, por algum desses motivos Ilgaz percebeu que a perderia e não poderia permitir.

Hayır. – segurou o rosto dela, miúdo e vulnerável entre suas mãos enormes e precisou de poucos segundos para que ela alcançasse a sua boca novamente.

Naquele momento era impossível impedir que a chuva tocasse o chão, que os planetas girassem e que o comissário e a oficial fizessem amor na mesa do escritório.

~*~

– Abi, estava procurando você a manhã toda, onde se meteu? – não era uma pergunta que Ilgaz pudesse responder com facilidade. Do escritório havia ido para um motel com Ceylin, já que ela morava na casa do tio, o chefe Metin, e ele não a levaria para a própria casa dadas as circunstâncias. Precisariam conversar sobre essas, inclusive, em algum momento mais oportuno.

– Estive resolvendo algumas questões de última hora... fora daqui.

– E por que não me atendeu ontem? Até fui à sua casa, mas parecia não ter ninguém. Tenho novidades quentes para contar. – Ilgaz teve a decência de corar. Ainda não tinha visto a protagonista de novidades mais quentes ainda e estava ansioso por ela. O caminho da entrada até o escritório estava sendo percorrido num misto de ouvir Eren tagarelar e procurar por Ceylin por cima do ombro, como um adolescente cheio de hormônios.

Havia sido uma noite mágica.

– Abi? – Eren estalou os dedos na frente de um Ilgaz bobo, a cabeça nos lençóis macios cheios de uma Ceylin sedutora. – Se não o conhecesse, juro que ia pensar que é uma mulher tomando a sua mente, Allah Allah.

– Não dormi muito bem. – ele largou a bolsa na mesa, sacudindo a cabeça para voltar aos próprios sentidos ou fantasiaria de novo sobre o móvel. – Você estava dizendo?

– Ontem você me deixou pensativo a respeito daquele advogado e dos registros, já que nós chegamos a ele muito antes na investigação. – os dossiês estavam abertos e Eren já havia marcado documentos de registros financeiros ligando alguns policiais ao escritório do senhor Durmaz. Não podiam acusá-lo de pagar propina porque laranjas assumiam as transações, blindando-o de responder por aquele crime em específico, mas estavam cercando a firma de advocacia dele como sendo a instituição financeira responsável pelo placement¹ e layering², operações de início da lavagem de dinheiro da máfia.

Apesar da explicação detalhada e bem-intencionada, Eren havia perdido Ilgaz novamente: Ceylin havia aparecido no raio de visão dele, com um sorriso enorme de quem o havia visto também.

– ... mas então Metin Bey precisou que eu fosse até depois de Beşiktaş e não pude fazer isso antes. – de costas para a porta, o investigador não percebeu quando Ceylin estava perto o suficiente e continuou: – Mas sabia que você ia ficar até mais tarde ontem por isso, então fiz um levantamento em casa porque não acreditei a princípio de que Ceylin pudesse estar envolvida no esquema de corrupção com aquele advogado, mas você não vai acreditar no que encontrei sobre ela e o Onur Durmaz... – com horror, Ilgaz viu a expressão da oficial mudar.

Bir kadın/adam gelir PT BROnde histórias criam vida. Descubra agora