As linhas que escrevi estão no meu coração

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Não estávamos falando nada importante... – o comissário de Istambul quase teve um ataque cardíaco com o susto, mas Ceylin permaneceu fria.

– Meta-se com seus próprios assuntos, Ilgaz Bey. – e reparando na ausência da promotora, ela encerrou o tópico com Eren: – Onde está Neva Hanım? – Ilgaz deu de ombros, cansado demais para discutir ou retrucar. Precisava dormir o que o voo atrasado e o trabalho não haviam deixado e o álcool cobrava em dobro.

– A previsão é de demorar muito? – ela fez que não, Berk sinalizava que a amostra estava quase pronta. – Meus olhos parecem ter areia... – Ceylin freou a língua que queria oferecer mais uma garrafa de vodka ao chefe. – Precisamos voltar para o hotel, dormir... – Eren concordava com a cabeça, cada piscar de olhos era um sonho diferente. Então o resultado saiu e realmente era Merve. Ilgaz saiu atrás de Neva e descobriu que o único táxi que rodava próximo à delegacia àquela hora estava sendo usado pela promotora, de volta ao hotel. – Como iremos embora agora? – ele e Eren pareciam zumbis em pé, ainda mais abatidos pelo resultado da perícia.

– Eu levo vocês. – a chefe de polícia se ofereceu, meio à contra gosto. Exaustos, os dois homens se deixaram conduzir até um carro simples, quase idêntico às viaturas de Mardin. No meio do caminho, porém, Ceylin percebeu que os dois estavam dormindo pesadamente no banco de trás. – Eren! Ilgaz! – nada. Completamente apagados, Eren chegava a babar no estofado do carro. E além disso, seu celular resolveu dar sinal de vida outra vez e ela atendeu ao viva-voz: – Merdan Dede?

– Ainda vai demorar, kuzum? Acho que Defne precisa de você.

– O que houve? Estou quase livre...

– Nosso tesouro está quente de novo. – Defne estava com febre, daquelas típicas de verão e que geralmente passavam com chamego de mãe.

– Dê o antitérmico de sempre, não vou demorar, prometo. – desligou tensa. O hotel ficava distante e na direção contrária de casa.

– Porque não vai direto pra casa? Já é quase de manhã, pegamos um táxi ou algo assim. – ela estremeceu sob o efeito da voz dele. Pelo retrovisor Ceylin via que Ilgaz ainda estava recostado no banco, de olhos fechados, totalmente largado, mas falava com ela num tom sério, tendo ouvido tudo. Pouparia tempo e esforço deixá-los na sua rua, mas era tão arriscado e irresistível colocar Ilgaz tão perto de casa, tão perto de Defne... Não devia tentar o destino.

– Não, eu posso...

– Não seja teimosa, sua filha precisa de você. – Ceylin não respondeu, mas os segundos de hesitação acabaram por fazer o carro dar o retorno na direção de casa.

Defne precisava dela.

A casa estava às escuras, exceto por uma janela, do quarto da filha. Assim que Ceylin desceu do carro, Merdan abriu a porta da frente, observando os homens que saíram trôpegos de cansaço.

– Trazendo trabalho para casa, kuzum? – ele gracejou, abrindo mais a porta para que eles entrassem.

Dede... não seja indiscreto, eles não vão ficar. – virando-se para Eren, que bocejava, Ceylin quase ficou com pena deles.

– Não faça isso com seus colegas, Ceylin, convide-os para entrar. Hadi, aquele ali parece que vai desmaiar a qualquer minuto, hadi, hadi... – foi mais a curiosidade que colocou Ilgaz para dentro, por querer ver onde Ceylin vivia e como, ver a família que ela formou nos anos que ficaram longe. Havia cor e bagunça ali dentro. Papéis e lápis coloridos espalhados, desenhos pregados nos armários, alguns brinquedos por cima das cadeiras, mas a essência espartana dela não deixava ver muitos enfeites ou flores na casa, era a criança que trazia vida. Ela parecia reticente em fazer o que precisava e evitar que os dois estranhos bisbilhotassem seu lar e foi preciso Merdan intervir: – Suba, kuzum. Eu fico com seus amigos. – se havia notado o olhar cheio de fogo entre a neta e o chefe, não os deixou perceber. – Querem um café, rapazes? – Ilgaz fez que não com a cabeça, mas ainda vigiava a mulher até ela sumir escada acima.

Bir kadın/adam gelir PT BROnde histórias criam vida. Descubra agora