she follows me.

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A sala de aula parecia um tanto quanto vazia hoje, as paredes amareladas e entediantes eram a mesma que eu costumava olhar diariamente, me perdendo em meus pensamentos e esquecendo de prestar atenção na matéria. Embora dias de segunda sejam péssimos, sábados letivos conseguem ser ainda piores, já que metade da escola decide que não vale a pena marcar presença. Mas minha mãe não deixaria que eu faltasse sem um motivo plausível, não como é como se eu quisesse faltar também.

Agradeço internamente quando vejo minha melhor amiga adentrar a sala com uma cara de puro ódio, uma mochila sendo carregada por apenas um de seus ombros. Seus fios lisos escorridos e naturalmente pretos caiam sobre suas costas de forma bagunçada, como se não tivesse feito o mínimo esforço para arruma-ló. Confesso que me senti um tanto surpresa, já que Agnes não costuma frequentar os terríveis sábados letivos, as vezes até mesmo deixa de ser presente nos dias úteis também. Ela não dá a mínima para a escola, não é como se fosse importante em sua vida, já que seu futuro era perfeitamente traçado pelos seus genitores.

A asiática se sentou logo a minha direita, ao lado da parede. Me encarou com uma expressão sonolenta e um sorriso de lado.

— Credo. Você 'tá parecendo um zumbi. — Zombei de sua cara, arrancando uma risada baixa. — 'Tá com vontade de furar aula? — Encarou com certa surpresa, com um sorriso no rosto.

— Quando você ficou assim? — Agnes respondeu, encarando-me com um sorriso surpreso e pegando sua mochila antes de se levantar e andar em direção a saída da sala. — Que bicho te mordeu?

— Então... não sei como te falar isso. — Solto uma risada nervosa, o que faz a mais alta se virar para me olhar. — Acho que vi um demônio. Duas vezes seguidas. — Revelei, em um suspiro só. — Não sei, você é sensitiva, pensei que talvez...

Na verdade, ao menos sabia se estava usando os termos certos. Eu era péssima com conhecimentos religiosos, e Agnes havia me falado sobre isso uma vez ou outra.

— Ele era gato? — Ela perguntou animada, puxando minha mão e andando pouco rápido até o ginásio, único lugar que sabíamos que nenhum professor estaria, e ainda tinhamos onde se sentar.

— É ela, e de que isso importa? Acabei de te falar que talvez eu tenha visto um demônio, e se ela me machucar? — Falei, surpresa-irritada.

— Para de ser boba. Demônios não te machucam se você não ultrapassar os limites. — Olhei para ela, de forma pensativa. — A menos que seja um demônio obssesor, porque se for...

Arregalei meus olhos de forma nervosa. A de cabelos escuros riu baixo da minha expressão.

— 'Tô te tirando, lesada. — Contou, rindo da minha ingenuidade antes de soltar minha mão para subir as escadas da arquibancada. — Não vai me dizer como ela era?

O ginásio estava completamente ensolarado. O céu completamente azul era preenchido por algumas nuvens claras, apertei meus olhos quando a luz bateu contra minha pele. Deixei minha mochila descansar em um dos degraus, meus cabelos castanhos balançaram contra a brisa do vento que batia em meu rosto.

— Quais são os limites? — Questionei, tapando meus olhos com minha mão para evitar a luz que fazia meus olhos se retrairem.

— Que?

— Os limites! O que você falou antes. — Respondi irritada, batendo um dos meus pés no chão com raiva.

— Não tem uma lista do que não fazer, idiota. — Ela gargalhou alto. — Deixar eles irritados, ou qualquer emoção negativa forte demais. Isso são os limites. Agora deixa de enrolar e me fala como ela era! — Deu um tapa fraco em meu braço.

— Ela tinha cabelos escuros, muito escuros, pareciam tingidos. Batiam um pouco abaixo das costas, um cabelo médio, tipo o seu. Os olhos eram completamente escuros, escuros até demais. — Descrevi a garota para minha amiga, que olhou para o nada de forma pensativa até demais.

— Parece gata. — Afirmou.

— Pelo amor de Deus! Eu acabei de falar que tem um capetinha de quinta me pertubando e você me diz que ela parece ser gata? Ela não me dá nada além de medo! — Falei alto, quase em um grito. Agnes levantou suas duas mãos em rendição, logo soltando uma risada nasal baixa. — Como eu faço pra expulsar ela?

Minha amiga riu alto, cruzei meus braços irritada e encarei a repreendendo-a.

— Você não expulsa um demônio. A não ser que queira mais deles, já que se você fizer você vai abrir uma porta pra que eles entrem. — Ela falou de um forma tão tranquila que até me irritou. — Você só espera ela ir embora. Se ela for um demônio pessoal talvez seja porque você tem muitas preocupações ou sentimentos muito ruins. Ou até porque mereça isso, não sei.

Ela se abaixou, pegando a garrafa de água no bolso da minha mochila e tomando um gole para se refrescar do calor que provavelmente sentia.

— Demônios pessoais costumam se atrair por sentimentos. Eles vão te perseguir até seus sentimentos o agradarem, podendo até assumir uma forma humana quando quiser, pra se sentir mais conectado a você e as suas emoções. Eles não tem o objetivo principal de te fazer mal, apenas se sentir como você sente. — Eu prestava atenção em sua explicação. — As vezes eles podem querer te assustar, porque gostam de se alimentar do medo. Eu diria pra você não ficar surpresa se você ver alguém exatamente igual a ela perambulando por aí.

— Você... Já teve um demônio pessoal? — Questionei, curiosa. Os olhos de Agnes se viraram para mim. Eu pude enxergar quando engoliu a seco.

— Não. Mas minha vó já teve um. Ela disse que ele até realizou um de seus desejos, a dando um filho homem, que no caso é meu pai. — Agnes falou de forma tranquila e objetiva. — Viu? A grande maioria não quer te fazer mal algum. Embora tenha alguns que gostem de pregar peças. Torça, ou se esforce, para que ela goste de você. Assim não terá de se preocupar.

Como eu iria me acostumar com o fato de que tem um demônio me perseguindo e se alimentando dos meus sentimentos? Isso parecia impossível. Não dava apenas para esperar que ela gostasse de mim, eu tinha alguém me perseguindo. Ela sabia como me sentia, e isso me deixava impotente em sua presença. Eu nunca vou me sentir confortável com a idéia de que ela está me usando para se alimentar.

Por que logo comigo? Eu nem sou tão triste, não sinto tanta raiva, não tenho nenhum sentimento negativo que majoritariamente me domine. Eu me sinto bem a maior parte do tempo, não tem sentido pra mim.

— Bom... Então vamos torcer para que ela tenha feito apenas uma aparição única e não seja um demônio pessoal. — Murmurei, preocupada.

— Você disse que ela apareceu duas vezes... — A mais alta falou confusa.

— Cala a boca! Vamos torcer para que seja apenas duas aparições únicas. — Falei alto, fazendo Agnes cair na gargalhada. Acabei por rir junto com ela.

— Hey, Agnes. — Chamei sua atenção, a fazendo levantar um pouco a cabeça. — Esses são os únicos motivos pra qual você pode acabar tendo um demônio pessoal?

— Olha, se não for por isso... Talvez ela tenha se sentindo atraída por você, e não pelos seus sentimentos. Se esse for o caso, vai ser um pouco difícil fazer ela sair do seu pé. — Arqueou as sobrancelhas, preocupada. — Mas é muito difícil um demônio se sentir atraído por um humano, então relaxa

— De qualquer forma, vamos descer e tentar pular o muro da escola. Não aguento mais esse sol insuportável. — Ignorei o que falou, descendo as escadas largas.

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O capítulo tá meio péssimo mas foi porque acabei enrolando pra escrever, foi mais pra deixar algumas coisas mais explícitas. :)

( Agradeçam a Clara, que me prendeu em uma cadeira e ameaçou quebrar meus CD's da Billie caso eu não escrevesse 💞

Always Look Behind You. - Billie Eilish. [G!P]Onde histórias criam vida. Descubra agora