O mundo ao meu redor estava estranhamente quieto.
Enquanto eu vomitava todo meu almoço apenas porquê o cheiro do perfume de Billie não agradou meu estômago, senti que tinha algo de muito errado com meu corpo. Minha primeira reação foi ir ao quarto da minha mãe pedir por ajuda, mas dei meia volta quando me lembrei que ela estava do outro lado do país.
Billie estava preocupada comigo, portanto, não era a idéia mais sã pedir sua ajuda. Eu teria que resolver isso sozinha.
Mas ficar sozinha com alguém que pode ficar invisível é uma coisa um tanto complicada.
Falando nela, ouvi o estalo das batidas de Billie contra a madeira da porta aberta.
— Você precisa de ajuda? — Descansou a cabeça na parede, com um sorriso meigo que me fez sorrir junto.
— Eu preciso de um banho bem quente e algo pra compensar meu estômago. — Levantei da privada e fechei a tampa, dando descarga nos detritos da minha comida.
— Tudo bem. Você toma banho enquanto eu finjo ser chefe de cozinha? — Faz uma expressão engraçada. Eu concordo com a cabeça.
— Só tenta não queimar minha casa. Minha outra fica longe da escola. — A palavra me lembra algo que eu já havia me esquecido. — O baile de gala é semana que vem!
— Você está pensando em um baile depois de vomitar tudo o que comeu pela terceira vez na semana?! — Billie parece tão preocupada quanto indignada.
— É passageiro. — Dou de ombros. — Vamos ir escolher os vestidos mais tarde. Vá cozinhar, escrava.
Billie revira os olhos, brincalhona.
— Saudades dos meus dias de princesa. — Ela brinca, saindo do banheiro sem fechar a porta.
— Passaram, agora quem manda sou eu! — Fecho a porta e volto para o banheiro, encarando minha feição bagunçada no espelho.
Meus olhos estavam profundos e as olheiras escuras, destacando o verde esmeralda persistente dos meus olhos. Minha pele branca estava marcada de chupões roxos que se mantiveram durante a semana anterior e se prolongaram até o dia de hoje, os meus cabelos agora quase compridos estavam bagunçados, as sardas de meu rosto se destacavam no meio do resto.
Depois de me encarar por um tempo, suspirei decepcionada e segui para o meu banho.
[...]
Estávamos em uma loja de grife, na sessão de roupas vitorianas. Eu prestava atenção a alguns dos vestidos que possivelmente fariam com que eu me destacasse em meio ao tema, algo que não fosse apagado ou comum, mas que não me deixasse vulgar perante a era.
— Gostou desse? — A atendente se referiu ao vestido a qual eu tocava agora. Eu assenti. — Milhares de mulheres já morreram por conta desse tom de cor.
Ela sorri meiga, eu retiro meu olhar do tal vestido para levar meus olhos até a moça de pele escura, cabelos cacheados e longos, uma imensidão castanha e um sorriso estonteante. Suas vestimentas eram peças comuns, o que a tornava destacada, e ela parecia passar de seus 25 anos.
— Mesmo? — Questiono interessada, quebrando o silêncio de alguns segundos.
— Vermelho sangue era uma cor que demonstrava poder na sociedade hierárquica, mostrava que você tinha uma boa família e principalmente, que estava pronta para o casamento, já que cores mais fortes não demonstram inocência. — Revelou. — Entretanto, para fazer essas cores, eles usavam um composto químico venenoso.
— É uma história sombria.
— Esse vestido é inspirado em uma pintura chamada “A ascendência de Artemisia”. — Olha pra mim, desviando o olhar do vestido pela primeira vez. — Tem uma segunda pintura chamada "A ruína de Artemisia". É o corpo dela se decompondo por conta de sua morte devido ao vestido.
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Always Look Behind You. - Billie Eilish. [G!P]
Fiksi Penggemar"Acordei com a respiração pesada. O escuro do quarto tomou conta de minha visão, eu piscava lentamente tentando entender o que estava acontecendo. Tentei me mexer, mas meu corpo não respondeu ao comando. Forcei-me a observar o ambiente de maneira rá...