dark shade of blue.

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* Ártemis pov.

O meu caderno descansa sobre a estante bagunçada, meus pensamentos vão a mil, tenho uma enorme dificuldade para consolidar a tarefa de casa com minha mente estúpida, que nunca para de pensar. Tudo isso se torna estressante para mim, me fazendo soltar um grito contido entre a palma das minhas mãos. O barulho das cortinas se mexendo freneticamente chamam minha atenção, me deixando ainda mais irritada.

— Que merda! Meu Deus, que ódio. — Eu murmuro baixo, batendo meu pé no chão de forma suave para evitar fazer barulho.

O relógio marca 2:47 da manhã, enquanto estou tentando entender o assunto de ciências que provavelmente foi passado no 8° ano do ensino médio. Biológicas nunca foi meu forte, e tenho plena certeza de que nunca será. Me sento na borda do meu colchão, com a minha cabeça entre as minhas mãos, preparada para chorar de tanto estresse.

Quando consigo ver seu corpo semi-aparente atrás de uma das minhas cortinas, confesso que me senti ainda mais irritada por Billie ter cortado meu choro, mas não é como se fosse sua culpa. É, bem, tirando o fato de que ela estava na minha casa, se escondendo atrás das cortinas do meu quarto.

A garota de cabelos escuros parece notar que percebi sua presença, então lentamente saí do seu super esconderijo e vem até mim de maneira lenta. Ela está vestida com uma camisa preta que definitivamente é do triplo do seu tamanho, junto com uma calça moletom despojada, seus fios médios soltos de maneira bagunçada, o que me faz ficar levemente confusa, já que não sei quando se trocou ou muito menos da origem de suas roupas.

— Você poderia se esconder melhor, assim não atrapalharia o meu colapso de estresse. — Brinquei de maneira sarcástica.

— Você deveria descansar. — Ela torce sua boca em um sorriso de canto, se sentando logo ao meu lado.

— Quando eu acordar você ainda vai estar me observando. — Pressiono meus olhos com as palmas das minhas mãos, não tenho certeza do porquê.

— Eu posso virar de costas. — Eu rio de seu comentário, no entanto não tenho certeza se ela fala sério ou não.

Levantei minha cabeça, me permitindo a olhar para a garota com os olhos azuis. Dessa maneira, ela nem parecia a mesma garota que me fez ser incapaz de mover qualquer músculo em meu corpo. Ela parecia mais como um anjo do que um demônio da maneira que parecia agora. Me repreendi de maneira silenciosa por encara-lá por tempo demais.

— O que eu posso fazer pra te ajudar? — Eu genuinamente pensei em dizer “Pule da janela e nunca mais volte para minha casa” Mas eu não queria ser rude ou algo do tipo.

— Fazer ciências biológicas sumir da face da terra. — Sorri meigamente, fazendo a garota suspirar decepcionada. — Eu preciso terminar essa tarefa até amanhã.

— Mas então você não dormiria. Pare de se cobrar tanto, você tem até quarta. — Afirmou, tirando um pouco mais da paciência que me restava.

— Você não dorme e está viva. — Levantei minhas sobrancelhas, convencida.

— Eu não estou viva, sua tonta. E eu não preciso dormir. — Sorriu de canto, tentando me explicar.

Nosso diálogo é interrompido por barulhos de passos no corredor, seguidos de uma batida na porta.

— Ártemis? — Mamãe exclamou com uma voz sonolenta. — Escutei você falando sozinha, está tudo bem?

Meu corpo imediatamente se gela com sua questão, e eu encaro Billie com um rosto que demonstra preocupação.

— Ahm... Está tudo ótimo! Eu só... Estava em uma ligação, não se preocupe. — Inventei a primeira desculpa que veio em minha mente, tentando me livrar de uma possível visita a um psiquiatra.

— Tudo bem. Tente falar mais baixo, por favor. Está tarde. — Irelia murmura através da porta, antes de voltar ao seu quarto em passos suaves.

— Ok, isso foi vergonhoso. — Falo tão baixo como um sussurro, para que minha mãe fosse incapaz de me escutar.

— Foi. — Billie também sussurrou, mesmo que minha mãe fosse incapaz de ouvi-lá até mesmo se gritasse.

Me arrasto até o travesseiro, deitando meu pescoço de maneira confortável e me aconchegando entre as minhas cobertas. Dou um sorriso sem os dentes para Billie antes de desligar a luz do abajur que descansava na cabeceira do lado de minha cama.

Sinto a ponta da cama ficar vazia, presumi que a garota se levantou e voltou ao seu lugar. Debaixo dos meus travesseiros, pego meu telefone não totalmente carregado, e abro o twitter apenas para passar pela timeline de maneira monótona, lendo alguns dos tweets sem graça apenas para passar o tempo. Embora o cansaço tomasse conta de mim, a tarefa encima da estante ainda estava esperando a ser concluída.

Me sentei na cama cuidadosamente, quando estava me preparando para por os pés no chão, a voz de Billie invade meus ouvidos.

— Nem pense. — Ela exclamou.

— E o que você vai fazer? — Perguntei sarcástica, mas não desafiadora, já que não sabia o que Billie era capaz de fazer.

— O chão é lava. — Ela brincou, me fazendo rir baixo.

— Aí você apelou, não é justo. — Continuei a brincadeira, levantando meus pés mais altos. — Você é tão chata.

— Obrigada! — Responde de uma maneira que me faz rir.

Volto aos meus lençóis, convencida a deixar o sono me levar e finalmente dormir.

Always Look Behind You. - Billie Eilish. [G!P]Onde histórias criam vida. Descubra agora