teach me how to be a human.

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Sua pele brilhava quando o sol descansava sobre a superfície, o vento batia em seu rosto, seus cabelos balançavam contra seus olhos, seu corpo respondia aos comandos da mente humana engenhosa. Ela era real, era de verdade, eu poderia toca-lá, poderia senti-lá, eu podia enxergar sua beleza extraordinária. Era quase uma benção tê-la tão próxima de mim, inacreditável o fato de um humano ser tão perfeito. Ela deveria ser nomeada como um anjo, algo que veio de outro mundo, porque era incompreensível. Até mesmo para mim, que sempre busquei ter todas as respostas na ponta de minha língua.

Irreal. Não existia, e nunca existiria outro substantivo que pudesse descrever a beleza inacreditável de Ártemis. E eu não falo apenas da beleza exterior, embora ela também esteja inclusa. Eu poderia citar todos os motivos pelo qual eu me recusava a acreditar que a garota era humana, mas isso levaria tempo suficiente para o sol se expandir, e então, o calor derreteria a superfície da terra por inteiro, apagando qualquer resquício de vida humana ou animal já registrada.

Seus lábios me encantaram desde o primeiro momento que vi sua face de perto. Tinha algo que me chamavam a atenção neles, como se tivesse sido destinada a beija-lós. Era surreal, porque eu jamais havia me sentido desse jeito, e eu sempre achei que seria uma fraqueza quando esse sentimento me atingisse. Mas eu estava errada, estar encantada por Ártemis era algo muito mais forte do que eu poderia imaginar.

Amar é tão forte, e me faz sentir tão fraca.

Jogo mais uma carta do jogo idiota que estavamos jogando na mesa, mesmo sem sequer enxergar o que estava escrito no papel. Meus olhos estavam fixados na garota a minha frente.

— Ganhei! — Ártemis jogou sua última carta, comemorando sua vitória. — Banco imobiliário não tem graça com só duas pessoas. — Reclama, bufando de forma irritada.

— Eu nunca sequer joguei esse jogo. Como vocês se divertem jogando jogos sobre negócios? — Confesso, gargalhando baixo.

— A competitividade é a graça desse jogo, meu bem. — Afirmou, levantando do chão e se jogando de costas em sua cama. O quarto parecia um pouco mais triste e sem vida do que costumava ser usualmente, a melancolia parecia rasgar o tecido dos meus pulmões toda vez que inspirava o ar daquele ambiente agoniante. Mas tudo poderia ser disfarçado com um sorriso, minha mente poderia se contentar com truques e palavras vazias que minha boca sussurrava de uma maneira que apenas eu pudesse escutar. "Vai ficar tudo bem" Escapava de meus lábios e atravessava meus ouvidos diversas vezes, é claro que a garota a minha frente não notou a ansiedade me destroçar a sua frente, nem todos tem os olhos mágicos ao ponto de enxergar aquela dor que parece tão visível.

Eu me questionava se toda essa angústia vinha de Ártemis. Eu conseguia sentir o que ela sentia, mesmo quando não queria, tornou-se algo incontrolável, e me agoniava saber que o controle escapou de minhas mãos, porque deixar ir é algo humano, e eu já venho me sentindo humana por tempo suficiente.

Eu estava apaixonada por Ártemis. Estava apaixonada por alguém que no final, iria apodrecer, e ser esquecida entre as páginas do grande livro que contava história dos longos anos de existência da terra. Afinal, ela era feita de carne que pode ser cortada, e ossos que podem ser quebrados. Ela era frágil suficiente para que eu a destruísse.

Eu odeio ser quem eu sou. E eu odeio ser lembrada que sou quem eu sou. Um monstro, uma máquina assassina. Eu posso feri-lá, eu posso machuca-lá, e na verdade, este é o meu dever. Meu instinto grita e clama por destruição cada vez que me aproximo dela, a sede por sangue, por vingança, o desejo por sofrimento, a ânsia por dor. Tudo em mim implora para que eu a machuque.

Mas eu não seria capaz.

No final, a pior droga era a paixão.

A paixão fazia com que eu perdesse meus sentidos e acabasse com minhas regras pessoais, o desejo me persuadia e fazia com que eu ficasse plantada em meu objetivo. A paixão, ou melhor, o amor, ainda me mataria.

Ártemis me encarava, confusa com o silêncio que residia entre nós. Mal vi os minutos passarem, mas eu sabia que a falta de palavras incomodava a garota a minha frente.

— Billie? — Ela chamou meu nome, fazendo com que calafrios subissem por toda minha espinha, e isso foi a coisa mais vergonhosa que já me havia acontecido. Me arrepiei por um humano.

E então, o espaço entre nós era desconfortável, eu queria mais proximidade, eu queria ter mais poder sobre ela. Nos encaramos por tempo demais para que não fôssemos nada. - Éramos algo entre o alguma coisa e o nada. O limbo entre a existência e o vazio.

Sorri meigamente para a garota, deixando um suspiro inaudível escapar dentre meus dentes. Levantei do chão de madeira e me sentei na ponta de sua cama, logo ao seu lado. Nós entreolhamos por segundos antes de desviarmos nossos olhares para qualquer objeto inânime que descansava no quarto.

Eu queria beija-lá.

E eu sabia que ela também queria me beijar.

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* Esse capítulo ficou tão bonitinho, vou chorar. ☹️

Always Look Behind You. - Billie Eilish. [G!P]Onde histórias criam vida. Descubra agora