A vila da Folha estava silenciosa. As luzes das casas eram como vagalumes a distância. O vento frio e cortante bagunçava os cabelos ainda mais compridos de Sasuke. Fechou ainda mais sua capa para proteger-lhe do frio e saltou para o chão em frente aos grandes portões da vila. Caminhou silenciosamente para dentro do território, ignorando os olhares desconfiados e rudes dos guardas ao seu redor. Seguiu em frente pela margem da floresta que cercava a vila, para ser discreto guiando-se pela luz do luar e encostou-se em uma árvore.
Respirou fundo tentando assimilar o cheiro conhecido do lugar onde havia crescido. Por passar mais tempo fora de Konoha, não lembrava-se mais da sensação de seus pés na terra macia da floresta úmida, nem do cheiro forte de capim e o som das famílias um pouco mais ao longe andando pelas ruas agora asfaltadas. Quando pensava na vila, ao invés de pensar em um lugar para voltar, automaticamente lhe vinha um único rosto a sua mente, ao qual este sim considerava como um lar.
Foram dez longos anos. A cada dia que viveu miseravelmente sentia como se estivesse enfrentando uma doença degenerativa. Ficava cada vez pior. Nada o fazia se sentir vivo. Nem mesmo quando decidiu receber a prótese do braço esquerdo de Orochimaru, conseguiu sentir algo diferente do vazio já preponderante que parecia corroer seu corpo como se fosse um dos bonecos fantoches de Sasori.
Passaram-se alguns minutos mergulhado em seus pensamentos até sentir o chakra quente e agitado atrás de si.
- Está atrasado.
- É sério que você quer me dizer isso? – ao contrário do que se esperava do loiro, seu tom era sério. – O que você estava pensando Sasuke?
- Depois, Naruto.
- Idiota! O que você... – Sasuke segurou o punho do hokage com uma mão enquanto a outra lhe estendia um pergaminho.
- Está tudo aqui.
- O que...? – o loiro pegou o objeto e começou a desenrolá-lo
- Não é o momento, idiota. Precisamos conversar sobre isso.
- Você falou com Sakura-chan?
Sasuke não pode evitar retesar o seu corpo. Não ouvia aquele nome havia tempo demais para que conseguisse controlar suas reações. Naruto pareceu notar ao encará-lo nos olhos.
- Vamos ao Ichiraku, deve estar com fome.
O vulto laranja passou por cima da cabeça de Sasuke, que o seguiu.
(...)
Ao contrário do que temia, o típico restaurante estava vazio. Havia apenas um casal mais afastado além dos dois na bancada, mas Sasuke pode notar a diferença do local. Além de estar muito maior do que a pequena tenda que antes era, agora o lugar tinha um vasto cardápio e oferecia um amplo espaço para os clientes. Haviam mais pessoas trabalhando e depois de cumprimentar o velho casal que cuidava do estabelecimento e desvencilhar-se dos cutucões de Naruto quando o mesmo exibiu sua foto estampada nos folhetos do restaurante, pediu a maior tigela que eles tinham. Apesar de não se sentir confortável em estar exposto daquela maneira, não podia ignorar a dor incomoda que sentia no estômago já que estava há alguns dias sem comer.
- Há, você sentiu falta daqui? Eu não sei se aguentaria viver sem o Ichiraku. Precisaria levar um estoque de lámen e ainda sim não seria o suficiente. – o loiro ao seu lado desatou a tagarelar com a boca cheia – Vocês deviam abrir outras lojas, sabia? Eu mesmo posso me encarregar disto!
Sasuke comia em silêncio apenas assentindo quando Naruto lhe cutucava. Estava na metade do prato quando foram interrompidos.
- Pai?
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Se Você Ficar
FanfictionSasuke finalmente terminou sua jornada de redenção no momento em que sua primogênita, Sarada Uchiha, nasceu. No entanto, sem aparentemente nenhum motivo, em uma manhã, Sakura se encontrou sozinha aos choros da bebê recém-nascida ao lado da cama. Os...