Capítulo 3

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Pensando que você poderia viver sem mim
Meu bem, fui eu quem te colocou aí em cima
Eu não sei por quê

(Without Me - Halsey)

Sua garganta começou a formar um bolo e sentiu suas pernas tremerem. Sakura sentia como se tudo por dentro de si estivesse sendo triturado.

Em pé apoiado em uma árvore, ele a encarou estático como se a tivesse colocando sobre um genjutsu que fixavam suas pernas no lugar. O cabelo negro e espesso balançava com o vento junto com sua capa preta dando o familiar ar sombrio que deixava por onde passava. Não conseguia desviar os olhos por mais que quisesse, e por um momento, Sakura esqueceu tudo o que andava sentindo nos últimos dias. O único som que podia ser ouvido por ela naquele momento era o som de seu coração acelerado e a conhecida adrenalina que há muito não sentia. Sakura arriscaria admitir somente para si mesma, que isto chamava-se borboletas no estômago.

Ela avaliou o homem que mesmo a distância parecia totalmente visível para seus olhos, covardemente sendo levada pelo rosto que sempre fora seu calcanhar de aquiles. Nem o tempo e nem a vivência do mesmo o desfavoreceu, nem perto. Sasuke estava mais lindo do que nunca e isso a desestabilizou.

Sakura reparou que ao invés de ter uma das mangas da camisa esvoaçando, havia um braço no lugar onde o mesmo havia perdido em sua batalha estúpida com Naruto anos antes. A prótese idêntica a do amigo agora fazia parte de seus braços cruzados.

Quando sentiu seus olhos arderem por tanto tempo sem piscar, toda essa atmosfera densa que parecia os envolver como se não houvesse mais nada e nem ninguém, um pouco mais perto de si, a sua frente, havia um par de olhos exatamente iguais, que lhe encaravam com expectativa. Por um momento esqueceu como se respirava mesmo que já houvesse feito o mesmo exercício centenas de vezes com pacientes em crise de ansiedade. Esqueceu onde estava e provavelmente quem era, quando algo a puxou de volta como uma âncora e sentiu os ombros enrijecerem.

- Mamãe?


Sentiu os dedos de Sarada em seu braço e foi como se tomasse um choque. A pequena a olhou sem entender, e observou que a menina segurava algo nas mãos, a olhando com preocupação.


- S-sim? - foi o que sua boca formou. E mesmo assim, sentiu seu lábio inferior tremer quando, por visão periférica, sentidos aguçados e um coração que lhe traía, percebia aquela presença forte se aproximar.

- Tudo bem? Está meio pálida – perguntou levantando as sobrancelhas – Por favor, não vá desmaiar de novo! – os olhinhos se arregalaram segurando os braços de Sakura como se pudesse fixa-la no lugar.


Foi o bastante para seu corpo finalmente responder aos seus comandos, e segurando nos ombros de Sarada rapidamente se colocou a sua frente a guiando para fora das pessoas ao redor.

- Estou bem! Vamos, sua tia Hinata está nos esperando.

Arrastou a menina pelos ombros, mas não foi muito longe quando ouviu uma voz familiar chamar e agradeceu aos sábios por lhe dar um pretexto de sair dali o mais rápido possível. Mesmo que sua vontade fosse pegar Sarada em seu colo como se ainda fosse um bebê e sair correndo dali.


- Sarada! Quero que conheça meu novo sensei! - a voz alta e áspera de Boruto as atravessou e Sarada virou-se primeiro. E quando o fez, sentiu que era a pessoa mais azarada desse mundo.


Nada conseguiria chegar perto de descrever o que sentiu naquele momento, sentindo seus olhos escuros como ébano, agora na sua frente. Engoliu em seco, e se repreendeu por se pegar totalmente desprevenida. Alguns anos antes seu nervosismo era extremamente contrário ao que sentia agora. A insegurança de uma menina apaixonada que fazia de tudo para ter aqueles olhos cravados em si como estavam naquele momento.

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