Capítulo 12

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O barulho dos passos na madeira antiga fez Sakura se sobressaltar. Estava sentada na mesa há alguns bons minutos e ainda estava meio entorpecida. Quando se deu conta do que realmente tinha acontecido simplesmente não conseguia não se frustrar. E ainda confusa e sem ter tido tempo o suficiente para assimilar, Sarada apareceu e a mulher pode sentir suas bochechas corarem ao imaginar sua filha vendo a cena de poucos minutos atrás. Torcia para que não. Mas se fosse o caso, como Sarada reagiria?

- Estou indo.

Balançou a cabeça com essa possibilidade e observando a menina pegar sua mochila, seus pensamentos a levaram a outro ponto.

- Sarada, espere.

A menina parou no meio do caminho com a mochila apoiada nos ombros. Encarou-a com aqueles grandes olhinhos negros que tanto diziam e sempre a acolheram todas as vezes que pensou em desistir. Os mesmos olhos que a faziam mover montanhas e os mesmos olhos que a faziam virar uma leoa caso visse algo de errado causado por alguém.

- Como você soube? – Sakura cruzou as mãos por cima da mesa e desviou o olhar da filha, mas não antes de poder vê-la dar um passo para trás.

- S-Soube do que, mamãe?

Sakura voltou seus olhos para a pequena. Sarada era esperta, ela sabia muito bem do que estava falando. Mas visivelmente a garota estava querendo fugir do assunto, o que a fez revirar os olhos.

- Você sabe.

Sarada ponderou encarando o olhar severo da mãe. Nunca foram de brigar, Sakura sempre fora um tanto coração mole e ela tinha de admitir que as vezes gostava um pouco de se aproveitar disso, mas quando sua mãe falava sério era quase uma tortura a encarar por mais que um minuto. Os olhos verdes que não herdara pareciam lhe arrancar qualquer coisa, o que a fez nunca ter conseguido mentir para a mãe, pelo menos não até agora. Mas diante de tudo que acontecera nos últimos dias e do fato de que agora tinha seu pai de volta e ainda estava no escuro em relação ao porque ele voltou e – principalmente, porque foi embora – bateu o pé em frustração.

- De você é que não foi. – mordeu a língua, se arrependendo no mesmo instante por ser tão atrevida.

Algo pareceu se quebrar dentro de Sakura, e ela tinha aquele olhar perdido de quando estava em uma mistura de sentimentos, e ela podia chutar que raiva e tristeza eram os principais. Sua mãe descruzou os braços e suspirou. A aparência dela não estava boa mas de alguma forma, Sarada podia enxergar um mínimo de excitação no fundo dos seus olhos, apesar de estar confusa naquele momento, como se estivessem voltado a vida depois de muito tempo adormecidos.

- Eu nunca falei porque Sasuke foi embora, porque eu não sei. – Sakura abraçou o próprio corpo olhando para cima. – O que eu iria dizer a você? – de repente, a irritação a tomou. – Ele...

- Isso não justifica você escondê-lo de mim! Você sabia que ele estava na vila! Eu achei que...

- Por que se importa tanto com alguém que nunca conheceu? – interrompeu a menina.

- Porque ele é meu pai!

- Você não o conhece! – Sakura se aproximou perdendo o último fio de paciência.

- Mas eu quero conhecer. – Sarada também deu um passo a frente, com a coragem que lhe restava para não desviar dos olhos da mãe, que recuou.

Sakura voltou a se sentar, como se estivesse se rendendo. Jamais imaginou que poderiam vivenciar aquilo um dia. Tudo o que queria era que as coisas voltassem ao normal. Que ela e Sarada adormecessem no sofá vendo filmes, que voltasse do hospital e encontrasse sua doce filhinha a esperando. Que conversassem sobre besteiras enquanto se empanturravam de chocolate. Que fosse ela a única pessoa no centro de seu mundo, e que aquela conexão que tinham nunca se quebrasse.

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